Por
Marcelo Constantino
Seguindo nosso especial, hoje vamos listar aqui algumas das várias idéias
que volta e meia surgem em artigos e fóruns, todas com o objetivo natural
de melhorar o jogo. É fundamental ressaltar que, ainda que exista um
punhado de boas idéias, não é recomendável fazer uma série de alterações
bruscas de uma hora para outra, em qualquer esporte, sob pena de descaracterizá-lo
frente ao seu público fiel. A busca por um novo público tem seu limite
no desrespeito ao público atual.
É bom lembrar também que novas idéias para atrair público significam,
em grande parte, idéias para melhorar a qualidade do jogo, seja através
de sua dinâmica (fazer com que ele pare o menos possível), seja através
da ofensividade (aumentar o número de gols).
Retirar um jogador de cada time X aumentar o tamanho dos rinques:
É conclusão óbvia o fato de que hoje em dia os jogadores cobrem mais
espaços do que há vinte anos atrás. Maior condicionamento físico e o
aumento da estatura e de peso médio dos jogadores da NHL corroboram
isso. Como solução muitos sugerem a retirada de um jogador de cada time,
tornando o padrão com quatro jogadores de linha e um goleiro. Por outro
lado, outros sugerem o aumento do tamanho dos rinques, geralmente para
o tamanho olímpico, e afirmam que isso é possível de ser feito em todos
os estádios da liga. Hóquei é disputado com cinco patinadores e um goleiro,
ponto final. O ideal, então, seria aumentar o tamanho dos rinques, mas
a NHL perdeu o bonde aqui: de 1990 para cá, nada menos que 21 novos
estádios foram criados, todos sem possibilidade de alargar a superfície
do gelo.
Eliminar a linha vermelha divisória (e/ou as azuis também): Se é
para fazer o jogo rolar mais rápido e dinâmico, com menos paralisações,
por que não? Às favas com o passe de duas linhas! Não me agrada a retirada
das linhas azuis, creio que bastaria a retirada da vermelha para que
fosse dado um baque tanto nos esquemas de armadilha da zona neutra como
na falta de dinâmica do jogo. Sim, porque passe de duas linhas é mais
um fator, dentre outros vários, que faz o jogo parar.
Bonificação em pontos para cinco gols marcados ou mais: De fato
seria um incentivo a mais, mas aí estaria aberta a porta para os pontos
de bonificação, o que é pavoroso. Possivelmente diversas novas idéias
de bonificação poderiam surgir com a brecha aberta, o que seria um mau
precedente. Que os pontos sejam concedidos exclusivamente pelo básico:
vitórias (em tempo normal e prorrogação) e empate.
Reduzir o tamanho dos equipamentos dos goleiros: Os goleiros vão
chiar, dizendo que querem mais proteção, blábláblá, mas a verdade é
que isso em grande parte é subterfúgio para que cada vez mais tenham
algo maior com que parar o disco. Não basta limitar, é necessário reduzir
já o tamanho de alguns equipamentos. São raras as contusões de goleiros
oriundas do disparo de um disco, os jogadores de linha sofrem bem mais
com isso.
Servir os dois minutos integrais das penalidades menores: Até os
anos 50, a NHL era assim. O problema é que o time de vantagem numérica
do Montreal Canadiens de meados daquela década era tão poderoso que
a liga acabou por adotar a atual regra, de que o jogador fica livre
assim que sai um gol do adversário. Scotty Bowman sugere um meio termo,
que os dois minutos integrais valham para algumas penalidades, como
high-sticking. Não vejo problemas em manter as determinações
atuais, o problema está é na marcação correta das penalidades, até que
os jogadores aprendam que as regras não permitem agarrar ou enganchar
o adversário. Marquem mais penalidades, ou melhor, marquem as penalidades
corretamente (inclusive para os que as cavam) e não será necessário
servir os dois minutos integralmente para que tenhamos mais gols em
vantagem numérica.
Não permitir que o time em desvantagem numérica cometa icing:
Trata-se de uma boa medida de fortalecimento dos times de vantagem numérica
e contra times de desvantagem que ficam apenas zunindo o disco para
longe. E elimina essa coisa estranha de que "não se pode cometer icing,
a não ser que você esteja em desvantagem numérica". Quer dizer, é uma
medida que atualmente beneficia o infrator.
Voltar com a regra tag-up: A regra tag-up é européia
e foi utilizada na NHL de 1986 a 1996, mas a liga considerou que os
jogadores estavam amolecendo quando mandavam o disco para a zona de
ataque. Ela consiste no seguinte: se uma jogada está em impedimento
e o time da defesa tem a posse do disco, o árbitro levanta o braço indicando
impedimento, mas sem parar a jogada. É o que podemos chamar de impedimento
em atraso (delayed offside). Os atacantes podem se "desimpedir",
voltando para a zona neutra e seguir o ataque. O mais importante de
tudo isso é que a jogada não pára. A regra foi utilizada nas Olimpíadas
de 2002, mas não houve consenso para introduzi-la novamente na NHL.
Acabar com a penalidade por instigar brigas: É necessário acabar
com esse papo furado de que as brigas espantam potenciais torcedores.
Hóquei não é feito para virgens aos vinte anos de idade, nem para mocinhas
que só gostam de ver jardinzinho da janela. Se há algo que é característico
do esporte e que fascina, são as brigas. Poucos esportes têm rivalidades
tão sangrentas como no hóquei e as brigas são o desdobramento mais claro
possível disso. E, verdade seja dita, violência atrai público. Isso
já foi dito por vários: ninguém muda de canal durante uma briga no gelo.
Enfim, brigas devem ser incentivadas, ao menos flexibilizem mais a penalidade
contra os instigadores. Agora, uma ressalva: a NHL jamais deverá ser
leniente com jogadores que visem contundir o adversário.
Proibir a tática da armadilha da zona neutra: Complicado proibir
uma tática, não? Ainda mais pq é difícil de caracterizá-la no gelo.
Os que propõem isso levantam a NBA como exemplo, onde a marcação por
zona é proibida e penalizada. São esportes diferentes, não vejo como
fazê-lo de forma sensata na NHL.
Vitória valendo três pontos: Eis uma ótima idéia, que deu certo
no futebol. Se atrair público é evitar jogos enfadonhos onde os times
não objetivam vencer em primeiro lugar, então que se valorize as vitórias.
Para isso, nada melhor que dar um ponto a mais e caracterizar o empate
como uma perda para os dois times. O empate deixa de ser um ganho de
50% para cada time, passa a ser uma perda para ambos. A vitória na prorrogação
seguiria valendo um ponto a mais, num total de dois.
Disputa de pênaltis em caso de empate: Isso é o horror. Alguns sugerem
até mesmo eliminar as prorrogações (na temporada normal, apenas) para
que seja instituída a disputa. Outros sugerem que se faça somente se
a partida terminar empatada após a prorrogação. Enfim, seria o fim dos
empates. Do meu modo de ver, um grave desrespeito ao público fiel da
NHL. Cairíamos na mesma loteria onde o futebol costuma cair, um desastre.
Que a disputa por pênaltis se restrinja ao Jogo das Estrelas, onde não
faz mal a ninguém.
Arbitragem implacável com o agarra-agarra: Eis um ponto vital que
está corroendo o esporte. É também o ponto principal que deve ser combatido,
porque a NHL ate agora só tem falado muito e agido muito pouco. De tão
especial, o item será tema de uma matéria especial, na próxima semana.
Até lá.
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MEGA-PROTETORES O goleiro
Jean-Sébastien Giguere tem sido freqüentemente criticado
por causa do tamanho de seus equipamentos protetores (Paul Chiasson/AP
- 02/06/2003) |
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DEIXA ROLAR Que uma coisa
fique bem clara: as brigas atraem, e muito, público para
o hóquei (Ellen Ozier/Reuters - 05/12/2003) |
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