Por Alexandre Giesbrecht

É praticamente inevitável que, depois da demissão de Bruce Cassidy em Washington, Jaromir Jagr será de novo considerado um "matador de técnicos". Mas há um bom tempo já vinham surgindo histórias de dentro do vestiário dos Capitals, sugerindo que Cassidy, em sua primeira experiência como técnico acima da AHL, deixou o "sucesso" subir à cabeça. Uma história que foi lembrada após a demissão foi de uma patinação matinal em Pittsburgh, no ano passado, em que ele treinou intensivamente sua vantagem numérica, à vista da comissão técnica dos Penguins, que fazia anotações das arquibancadas. Outra, bem mais dolorosa para os jogadores, dava conta que, depois da derrota por 3-0 para o New Jersey, na semana retrasada, em que os Devils tiveram uma vantagem de 41-9 em chutes, Cassidy disse aos jogadores que esposas grávidas e crianças doentes não eram desculpa para más atuações. A esposa de Jason Doig recentemente deu à luz. Olaf Kolzig tem um filho autista. A esposa de Brendan Witt quase morreu de sepsia no ano passado, depois de dar à luz.

Será que o alcoólatra finalmente vai admitir que tem um problema? O Conselho Diretor da NHL reuniu-se na segunda-feira da semana passada em Palm Beach, Flórida, e discutiu a proposta apresentada pela Associação de Jogadores da NHL Players Association (NHLPA) em outubro, mas o comissário Gary Bettman não entrou em detalhes. (Muito) Mais impressionante foi a admissão por parte de Bettman aos jornalistas presentes de que a liga está finalmente disposta a reconhecer o problema dos jogos entediantes e a cuidar disso. Ele disse que, no encontro anual de gerentes gerais, em fevereiro, ele "poderá escalar um grupo que represente todas as partes envolvidas no esporte para fazer um relatório do estado das coisas durante o verão [no hemisfério norte]."

O mais provável é que esse grupo inclua alguns dos maiores jogadores do passado. Isso seria útil não apenas pela experiência dos mesmos, mas também porque eles, ao contrário dos atuais gerentes gerais, que têm sido os encarregados das mais recentes mudanças de regras, não têm interesses supostamente egoístas. Escrevo "supostamente" porque é difícil imaginar o GG de um time cujo estilo de jogo é defensivo ter grande incentivo para melhorar a ofensividade do esporte.

Enquanto isso, o Chicago Blackhawks tornou-se, na quinta-feira passada, o último time da NHL a marcar quatro gols em um jogo, tendo conseguido o feito no seu 29.° jogo. Mais 13 jogos com três ou menos gols, e os Hawks passariam a deter o recorde da liga no início de uma temporada. Com isso, o recorde de 40 jogos permanece com o Pittsburgh Pirates de 1928-29, que marcou apenas 46 gols em 44 jogos naquele ano.

O Dallas Stars perdeu quatro partidas seguidas, antes de bater esses inepts Blackhawks, por 1-0, na última sexta-feira, e o dono do time Tom Hicks está ameaçando diminuir a folha de pagamento da equipe, atualmente em US$ 67 milhões, a terceira maior da liga. Os Stars tiveram a melhor campanha da Conferência Leste durante a temporada regular de 2002-03.

Sem causar surpresa, o Carolina Hurricanes demitiu o técnico Paul Maurice na segunda-feira. O que surpreendeu a muitos foi a escolha de Peter Laviolette como seu sucessor. Afinal de contas, Laviolette foi demitido durante as férias pelo New York Islanders, e havia rumores de que ele tinha vários problemas com alguns de seus jogadores. E o vestiário dos Isles tem sido uma confusão até hoje, sob o comando do técnico novato Steve Stirling. Também é surpreendente que os Canes não tenham contratado o técnico Peter DeBoer, que tem tido sucesso em ligas de juniores, primeiro com o Plymouth Whalers da OHL, e agora com o Kitchener Rangers, time com que conquistou a Copa Memorial na temporada passada. Os Whalers são controlados pela família Karmanos, que também detém os Hurricanes. DeBoer possivelmente seria uma contratação melhor que Laviolette.

O Columbus Blue Jackets deve estar pensando em mandar um presente de Natal para o encarregado da tabela na NHL. É o mínimo que se poderia fazer, já que o time não vai ter de ir a Philadelphia nesta temporada. Realmente, os Jackets, o único time na liga que ainda não ganhou fora de casa (0-10-1-1), provavelmente teriam pesadelos terríveis às vésperas de um confronto contra o time com a melhor campanha em casa (12-1-2) na NHL.

Quando a temporada começou, o novo titular no gol do Avalanche, David Aebischer, era um enorme ponto de interrogação. Depois de um terço de temporada, ele já parece ser uma aposta válida: com campanha de 14-4-4, ele sofreu uma média de 2,08 gols por jogo e tem excelentes 92,7% de defesas. Tudo bem que ele tem Rob Blake e Adam Foote à sua frente, mas, ainda assim, a confiança da torcida vai crescendo.

O goleiro Marc-Andre Fleury, dos Penguins, que foi liberado pelo time para defender a seleção canadense no Mundial de Juniores, não participou dos treinamentos no último fim de semana, mas não por causa de contusão. Parece que ele é uma escolha tão certa para ser o titular do Canadá, que os outros quatro goleiros convocados — Josh Harding, Cam Ward, Maxime Daigneault e Jeff Drouin-Deslauriers — é que batalharam para decidir quem seria o reserva de Fleury.

O atacante Dany Heatley, dos Thrashers, que passou por uma operação de reconstrução do joelho depois do acidente automobilístico que vitimou seu colega de time Dan Snyder, em 29 de setembro, pode voltar a patinar em duas semanas, visando a voltar ao time entre o fim de fevereiro e o início de março. Heatley, que estava dirigindo o carro quando este bateu contra um muro, pode ser indiciado por homicídio, devido à morte do jovem central, apesar de a família de Snyder ter manifestado seu desejo de que Heatley não seja punido pelo acidente.