Por
Alexandre Giesbrecht
As oito vitórias seguidas dos Leafs não foram suficientes
para superar o recorde da liga – 17, estabelecido pelos Penguins
em 1992-93. Também não foram suficientes para superar
o recorde da história do time – 10, estabelecido em 1993-94.
Mas foram suficientes para renovar as esperanças da torcida.
Apesar de a derrota por 3-2 na prorrogação para os Blues,
na última terça-feira, ter encerrado a seqüência,
a torcida está confiante de que o time tem todas as possibilidades
para ir longe nos ainda distantes playoffs. Há duas semanas,
a campanha estava em apenas um jogo acima dos 50% (7-6-5-2). Hoje, nove
jogos depois, seus 15-6-5-3 dão aos Leafs a liderança
da Divisão Nordeste, com quatro pontos a mais que os Bruins,
segundos colocados.
O goleiro Ed Belfour voltou a jogar bem, depois de um começo
claudicante, e o capitão Mats Sundin lidera o time em gols e
assistências. A defesa também está contribuindo,
e não apenas lá atrás. Antes do jogo contra os
Blues, os zagueiros computaram 57 pontos, a quarta maior produtividade
da NHL, atrás apenas de Colorado (65), Detroit (61) e Vancouver
(59), todos do Oeste.
Uma seqüência de vitórias, além de embalar
o time, também ajuda na tabela de classificação,
e o Toronto só precisa prestar atenção em sua história
recente para entender isso, como explica o ex-astro Wendel Clark, atacante
da equipe que conseguiu as dez vitórias consecutivas em 1993-94:
"Depois daqueles dez primeiros jogos, só ficamos um ou dois
jogos acima dos 50% até o fim. É por isso que você
tenta estender [a seqüência] o máximo que puder."
O máximo do time atual foi oito, mas, apesar da decepção
pelo fim da seqüência, o time sabe que conquistou algo importante.
"Você tem que olhar a situação como um todo",
avaliou Sundin, depois da derrota para os Blues. "Estamos tentando
melhorar como time, e acho que obtivemos alguns avanços nas últimas
três semanas."
Isso sem falar que o time não bateu só em "bêbados"
durante a série. Os Canucks, que estão disputando ponto
a ponto a liderança do Oeste, foram vencidos duas vezes, assim
como os milionários e sempre decepcionantes Rangers. Thrashers,
líderes do Sudeste, Bruins, ex-líderes do Nordeste, Wings,
ex-líderes da Central, e Senators, atuais detentores do Troféu
dos Presidentes, também caíram. E as vitórias foram
conseguidas sem Alexander Mogilny, um dos mais talentosos jogadores
no elenco, que deverá ficar de fora por três meses, graças
a uma cirurgia nos quadris. O time estava marcando uma média
de 2,5 gols por jogo com Mogilny no gelo, e conseguiu aumentar essa
média para quatro sem ele.
O técnico Pat Quinn acredita que a evolução começou
a acontecer a partir do momento em que o grupo se conscientizou de que
tinha de simplificar sua maneira de jogar. Agora, o time está
tomando mais cuidado com o disco dominado e se posicionando melhor,
em vez de tentar sempre enfeitar as jogadas, conseqüentemente adicionando
risco a elas. Conseguir impedir reações também
tem sido um fator importante. Com grandes atuações no
terceiro período, os Leafs têm conseguido garantir a vitória
construída nos dois primeiros tempos de jogo.
"No começo da temporada, estávamos jogando para a
frente, mas de forma arriscada, que não nos beneficiava",
explica Joe Nieuwendyk. "Agora, estamos jogando de uma maneira
mais inteligente, mas ainda para a frente. Estamos muito mais responsáveis
em vários aspectos, e acho que a chave para isso é não
ceder [na defesa] tanto quanto estávamos no início. É
assim que vamos conseguir chegar lá."
E é assim que o atacante Gary Roberts acha que o time tem de
se manter: "Só jogamos 28 jogos na temporada. Sabemos que
ainda falta um longo caminho a ser percorrido. Você pode perder
tudo isso rapidinho." Uma seqüência de vitórias
desse tamanho não é mesmo suficiente para garantir classificação
nos playoffs. Em 1998-99, por exemplo, os Penguins conseguiram dez vitórias
consecutivas entre janeiro e fevereiro, mas acabaram apenas no oitavo
lugar da conferência.
Agora que a seqüência foi encerrada, os jogadores devem manter
a mesma atitude, para continuar a colher os frutos plantados durante
a mesma. Continuando a jogar com a mesma confiança, com a mesma
paixão, tudo vai continuar dando certo, e o caminho para os playoffs
– e, quem sabe?, para a Copa Stanley – estará pavimentado.
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Alexandre
Giesbrecht, 27 anos, não se importaria de ver os Leafs
nas finais da Copa Stanley, afinal os Pens não chegarão
sequer aos playoffs. |
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CENA COMUM Comemorações
de jogadores dos Leafs, incluindo o durão Tie Domi, têm
sido freqüentes ultimamente (Aaron Harris/AP - 06/12/2003) |
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