Por
Fabiano Pereira
Até o início daquela noite, ele estava empatado com o não menos grandioso
Gordie Howe na segunda colocação em pontos da história da liga. Já seria
o suficiente para sentir-se orgulhoso, um jogador que ninguém dava muito
quando selecionado em 1979 pelo Edmonton Oilers através da terceira
escolha, mas era preciso mais. Era preciso superar Howe e qualquer um
que tenha apostado contra ele.
E foi contra o Dallas Stars, que Mark Messier -- apontado pelo site
oficial do New York Rangers como o maior central da história da equipe
-- marcou dois gols e chegou a impressionantes 1851 pontos na carreira.
Atrás apenas de Wayne Gretzky. Mas este é melhor o capitão dos blueshirts,
melhor esquecer. Só em assistências, "The Great One" tem mais
pontos: 1963.
Falando em Gretzky, muitos dos que odeiam Messier certamente apontam
o maior jogador da história do hóquei como o responsável por tudo (ou
quase tudo) que Messier conquistou. Errado, isso seria minimizar demais
o que o número 11 fez pelos Oilers e Rangers (porque em Vancouver ele
não acrescentou muito). É claro que, no começo da carreira, o asa esquerda
de Gretzky foi Messier. Isso é fato e contribuiu para que Messier tivesse
ao menos uma temporada com mais de 50 gols, quatro Copas Stanley e o
sabor de ter jogado na mesma linha de Gretzky. Mas não podemos nos limitar
a achar que foi Gretzky quem criou Messier ou algo tão reducionista
assim.
Após a saída de Gretzky dos Oilers, ao final da temporada 1988-1989,
muitos apostaram que o Edmonton nada mais ganharia, mesmo que ainda
mantivesse boa parte das estrelas de outrora. Para muitos, faltaria
uma estrela. Mas não faltou. Mark Messier e Bill Ranford, na temporada
de 1989-1990, levaram os Oilers a mais um título. Sem Gretzky. E Gretzky,
sem Messier, jamais ganhou outra Copa Stanley.
E mesmo saindo de Edmonton, Messier continuou a pontuar de maneira prolífica,
levando o New York Rangers a uma Copa Stanley após 54 anos, fato que
já contei em outra edição da Slot. E agora, passando à frente de Gordie
Howe, ele mostra que não é necessário ser tão habilidoso como Mario
Lemieux, veloz como Gretzky ou físico como Howe. É preciso ser consistente,
ter vontade e ser um líder. Messier sempre foi conhecido por dar tudo
de si em cada jogo e por ser um exímio passador, mas ninguém vai lembrar
dele como o maior passador de todos os tempos. E acham que ele se importa
com isso?
E para os que detestam Messier, que dizem que ele levou muito tempo
para atingir a marca, ele conseguiu superar Gordie Howe em 76 jogos
a menos que seu ídolo de infância. Nada mau, não? E do jeito que vem
jogando, conseguirá distanciar-se mais um pouco.
Messier não é tão lembrado pelos torcedores na disputa de melhor de
todos os tempos. Sem problemas. Pelo menos para os fãs dos Rangers e
Oilers, ele será sempre o preferido em seus corações. Ah, sim! Nas enciclopédias,
ele será para sempre o primeiro humano em pontos na história da NHL,
pois alguém realmente acredita que o Wayne Gretzky jogador de hóquei
era humano?
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Fabiano Pereira tem uma camisa de Messier dos Rangers. Ele sempre
se emociona ao ver o número 11 e o "C" do lado esquerdo
do peito. |
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