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14 de novembro de 2003
Mark Messier: apenas Gretzky à sua frente

Por Fabiano Pereira

Até o início daquela noite, ele estava empatado com o não menos grandioso Gordie Howe na segunda colocação em pontos da história da liga. Já seria o suficiente para sentir-se orgulhoso, um jogador que ninguém dava muito quando selecionado em 1979 pelo Edmonton Oilers através da terceira escolha, mas era preciso mais. Era preciso superar Howe e qualquer um que tenha apostado contra ele.

E foi contra o Dallas Stars, que Mark Messier -- apontado pelo site oficial do New York Rangers como o maior central da história da equipe -- marcou dois gols e chegou a impressionantes 1851 pontos na carreira. Atrás apenas de Wayne Gretzky. Mas este é melhor o capitão dos blueshirts, melhor esquecer. Só em assistências, "The Great One" tem mais pontos: 1963.

Falando em Gretzky, muitos dos que odeiam Messier certamente apontam o maior jogador da história do hóquei como o responsável por tudo (ou quase tudo) que Messier conquistou. Errado, isso seria minimizar demais o que o número 11 fez pelos Oilers e Rangers (porque em Vancouver ele não acrescentou muito). É claro que, no começo da carreira, o asa esquerda de Gretzky foi Messier. Isso é fato e contribuiu para que Messier tivesse ao menos uma temporada com mais de 50 gols, quatro Copas Stanley e o sabor de ter jogado na mesma linha de Gretzky. Mas não podemos nos limitar a achar que foi Gretzky quem criou Messier ou algo tão reducionista assim.

Após a saída de Gretzky dos Oilers, ao final da temporada 1988-1989, muitos apostaram que o Edmonton nada mais ganharia, mesmo que ainda mantivesse boa parte das estrelas de outrora. Para muitos, faltaria uma estrela. Mas não faltou. Mark Messier e Bill Ranford, na temporada de 1989-1990, levaram os Oilers a mais um título. Sem Gretzky. E Gretzky, sem Messier, jamais ganhou outra Copa Stanley.

E mesmo saindo de Edmonton, Messier continuou a pontuar de maneira prolífica, levando o New York Rangers a uma Copa Stanley após 54 anos, fato que já contei em outra edição da Slot. E agora, passando à frente de Gordie Howe, ele mostra que não é necessário ser tão habilidoso como Mario Lemieux, veloz como Gretzky ou físico como Howe. É preciso ser consistente, ter vontade e ser um líder. Messier sempre foi conhecido por dar tudo de si em cada jogo e por ser um exímio passador, mas ninguém vai lembrar dele como o maior passador de todos os tempos. E acham que ele se importa com isso?

E para os que detestam Messier, que dizem que ele levou muito tempo para atingir a marca, ele conseguiu superar Gordie Howe em 76 jogos a menos que seu ídolo de infância. Nada mau, não? E do jeito que vem jogando, conseguirá distanciar-se mais um pouco.

Messier não é tão lembrado pelos torcedores na disputa de melhor de todos os tempos. Sem problemas. Pelo menos para os fãs dos Rangers e Oilers, ele será sempre o preferido em seus corações. Ah, sim! Nas enciclopédias, ele será para sempre o primeiro humano em pontos na história da NHL, pois alguém realmente acredita que o Wayne Gretzky jogador de hóquei era humano?

Fabiano Pereira tem uma camisa de Messier dos Rangers. Ele sempre se emociona ao ver o número 11 e o "C" do lado esquerdo do peito.
 
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Página publicada em 12 de novembro de 2003.