Por
Fabiano Pereira
Será que os filmes de pirata estão de volta, com o nome deste artigo?
Após "Piratas do Caribe", muitos críticos de cinema dizem que o estilo
deve voltar e com força, já que uma onda de saudosismo atinge o mundo.
É só olhar as vitrines. Parece que estamos vendo os figurinos de "Miami
Vice" ou ainda "The Dukes of Hazzard". Ou, indo mais além, "Shaft" (o
original).
Mas não. Não é sobre piratas este texto. É sobre uma maldição que parece
atingir aqueles que se tornam capitães do St. Louis Blues, o eterno
favorito à Copa Stanley e time com a melhor seqüência de participações
seguidas na pós-temporada. Primeiro, tivemos Chris Pronger, que desfalcou
a equipe por praticamente toda a temporada passada, voltando a apenas
cinco jogos do fim da mesma. E agora, em circustâncias não muito claras,
o novo capitão, o veterano Al MacInnis, ficará de fora por um período
que pode variar de um a quatro meses ou ainda custar toda a temporada.
Será uma maldição? Afinal, um time que participa em 20 pós-temporadas
seguidas e sequer chega às finais só pode estar amaldiçoado. E agora,
com os dois últimos capitães contundindo-se bem no começo da temporada,
há que se desconfiar que algo não anda bem em St. Louis. Será que passar
por baixo do arco da cidade não faz bem?
A contusão de MacInnis pode ser recorrência de um incidente terrível
acontecido em 27 de janeiro de 2001, quando foi atingido no rosto pelo
taco do defensor Scott Hannan, do San Jose Sharks. Foi necessária uma
cirurgia e, desde então, o veterano jogador de 40 anos precisou usar
viseira, algo que ele nunca cogitara antes.
Na temporada passada, os Blues tiveram uma boa campanha sem Pronger,
graças à ótima liderança de MacInnis, que marcou impressionantes 68
pontos, incluindo 16 gols, e à ótima campanha do novato Barret Jackman,
que, inclusive, foi eleito o melhor calouro do ano, para desgosto dos
torcedores dos Wings, que queriam Henrik Zetterberg como o escolhido.
Mas Jackman teve ao seu lado um dos melhores defensores da liga em todos
os tempos. Repetirá a temporada jogando com outro companheiro de defesa?
Talvez seja um sinal, mas Pronger está muito bem neste começo, já com
cinco pontos em cinco jogos, além de parecer estar em sua melhor forma.
Será que foi o fato de ter abdicado de sua condição de capitão? Alegando
querer recuperar sua forma, ele simplesmente desistiu de usar o "C"
em sua camisa e passou-o a MacInnis, que, convenhamos, merece -- e muito.
Não só por ter o chute mais forte da liga e pontuar com freqüência,
mas por demonstrar que um jogador ofensivo pode se desenvolver a ponto
de ser um dos melhores defensivamente também e por ter segurado muito
bem a barra quando o time precisou.
Com MacInnis fora, os Blues optaram por não dar o "C" para ninguém.
Com isso, vão com três capitães alternativos, Dallas Drake, Doug Weight
e Scott Mellanby. Pronger? Nem passou perto da decisão ou da discussão.
Faz bem, afinal o time precisa dele jogando dos dois lados do gelo e,
como muitos capitães da liga, provavelmente não era a melhor escolha
para sua equipe.
Fica a dúvida: a ausência de MacInnis será sentida? Certamente. Será
muito sentida? Talvez não muito, se Pronger provar no gelo que pode
voltar a ser o Capitão Blue.
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Fabiano Pereira está cantando: "Yo-ho-ho e uma garrafa de rum!" |
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