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24 de outubro de 2003
"A maldição do Capitão Blue"

Por Fabiano Pereira

Será que os filmes de pirata estão de volta, com o nome deste artigo? Após "Piratas do Caribe", muitos críticos de cinema dizem que o estilo deve voltar e com força, já que uma onda de saudosismo atinge o mundo. É só olhar as vitrines. Parece que estamos vendo os figurinos de "Miami Vice" ou ainda "The Dukes of Hazzard". Ou, indo mais além, "Shaft" (o original).

Mas não. Não é sobre piratas este texto. É sobre uma maldição que parece atingir aqueles que se tornam capitães do St. Louis Blues, o eterno favorito à Copa Stanley e time com a melhor seqüência de participações seguidas na pós-temporada. Primeiro, tivemos Chris Pronger, que desfalcou a equipe por praticamente toda a temporada passada, voltando a apenas cinco jogos do fim da mesma. E agora, em circustâncias não muito claras, o novo capitão, o veterano Al MacInnis, ficará de fora por um período que pode variar de um a quatro meses ou ainda custar toda a temporada.

Será uma maldição? Afinal, um time que participa em 20 pós-temporadas seguidas e sequer chega às finais só pode estar amaldiçoado. E agora, com os dois últimos capitães contundindo-se bem no começo da temporada, há que se desconfiar que algo não anda bem em St. Louis. Será que passar por baixo do arco da cidade não faz bem?

A contusão de MacInnis pode ser recorrência de um incidente terrível acontecido em 27 de janeiro de 2001, quando foi atingido no rosto pelo taco do defensor Scott Hannan, do San Jose Sharks. Foi necessária uma cirurgia e, desde então, o veterano jogador de 40 anos precisou usar viseira, algo que ele nunca cogitara antes.

Na temporada passada, os Blues tiveram uma boa campanha sem Pronger, graças à ótima liderança de MacInnis, que marcou impressionantes 68 pontos, incluindo 16 gols, e à ótima campanha do novato Barret Jackman, que, inclusive, foi eleito o melhor calouro do ano, para desgosto dos torcedores dos Wings, que queriam Henrik Zetterberg como o escolhido. Mas Jackman teve ao seu lado um dos melhores defensores da liga em todos os tempos. Repetirá a temporada jogando com outro companheiro de defesa?

Talvez seja um sinal, mas Pronger está muito bem neste começo, já com cinco pontos em cinco jogos, além de parecer estar em sua melhor forma. Será que foi o fato de ter abdicado de sua condição de capitão? Alegando querer recuperar sua forma, ele simplesmente desistiu de usar o "C" em sua camisa e passou-o a MacInnis, que, convenhamos, merece -- e muito. Não só por ter o chute mais forte da liga e pontuar com freqüência, mas por demonstrar que um jogador ofensivo pode se desenvolver a ponto de ser um dos melhores defensivamente também e por ter segurado muito bem a barra quando o time precisou.

Com MacInnis fora, os Blues optaram por não dar o "C" para ninguém. Com isso, vão com três capitães alternativos, Dallas Drake, Doug Weight e Scott Mellanby. Pronger? Nem passou perto da decisão ou da discussão. Faz bem, afinal o time precisa dele jogando dos dois lados do gelo e, como muitos capitães da liga, provavelmente não era a melhor escolha para sua equipe.

Fica a dúvida: a ausência de MacInnis será sentida? Certamente. Será muito sentida? Talvez não muito, se Pronger provar no gelo que pode voltar a ser o Capitão Blue.

Fabiano Pereira está cantando: "Yo-ho-ho e uma garrafa de rum!"
 
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Página publicada em 22 de outubro de 2003.