Por
Marcelo Constantino
Nada menos que três jogos decisivos de playoffs da NHL na última terça-feira.
Duas séries já eram tidas como as mais equilibradas desta primeira fase:
Canucks x Blues e principalmente Maple Leafs x Flyers. Mas havia ainda
o surpreendente Minnesota Wild de Jacques Lemaire e aquele detestável
-- porém eficiente -- esquema defensivo vencendo duas partidas seguidas
contra o favorito Avalanche e forçando um improvável jogo 7.
Enfim, uma terça-feira de emoções prometidas como poucas vezes se viu
na liga.
Terminada a noite, duas da madrugada no Brasil, a maior das surpresas,
sem dúvida, foi ouvir os comentaristas da ESPN anunciando o gol do Minnesota
na prorrogação. Inacreditável. Eu já custava a crer que eles haviam
empatado logo depois dos Avs marcarem 2-1 com Joe Sakic, quando faltavam
6:45 para o jogo acabar. Claro, está muito longe de ser o vexame protagonizado
pelos Wings, mas quem ousaria apostar no Wild contra o Avalanche?
Aliás, que grandes jogos foram os dois últimos entre Wild e Avalanche!
No jogo 6 o Wild vencia por dois gols de diferença até que os Avs marcaram
duas vezes nos últimos quatro minutos e empatarem. Richard Park garantiu
o jogo 7 com o gol na prorrogação para o Minnesota.
No disputadíssimo jogo 7 os subvalorizados jogadores do Wild conseguiram
reagir e empatar o jogo para, novamente, vencerem mais tarde na prorrogação.
Com a ação ofensiva resumindo-se a Sakic e Peter Forbserg, com a providencial
ajuda de Milan Hejduk, e Steven Reinprecht sendo parado por Manny Fernandez
por duas vezes quando entrava livre, que saudades a torcida deve estar
sentindo de Chris Drury e seus gols salvadores em jogos decisivos!
Time que joga com esquema da armadilha da zona neutra definitivamente
não me agrada, mas tenho de admitir que o que o Wild fez é algo como
realizar um sonho quase impossível. Terceiro ano de vida e classificação
para os playoffs. Parar por aí? Não. Perdendo por 3-1 na série para
um dos maiores favoritos da liga, viraram a série e venceram. Isso dá
filme.
Hitchcock ofensivo? -- Logo no início da noite tivemos a goleada
dos Flyers sobre os Leafs. Inesperada, dado que três jogos da série
foram pelo menos para a segunda prorrogação.
Ed Belfour, que vinha sendo o grande MVP do time -- nos playoffs e na
temporada regular -- estava invicto nos últimos quatro jogos 7 que havia
disputado, mas falhou neste jogo decisivo e aceitou seis gols em 36
chutes. Mais que isso, os dois gols no período inicial que ele levou
podem ter sido definitivos para o resultado final. Quando até Keith
Primeau marca um gol é realmente sinal de que há algo de anormal no
ar.
Chechmanek fez defesas importantes do outro lado no primeiro período,
quando a partida foi mais estudada, e isso deu a tranqüilidade necessária
ao Philadelphia, que não pareceu se abater com a derrota na terceira
prorrogação do jogo 6.
Os Maple Leafs pareciam não ter ciência de que estavam disputando um
jogo 7, a despeito dos esforços do capitão Mats Sundin. A contusão de
Mogilny no jogo 2 parece não ter sido resolvida em definitivo e isso
afetou a ofensividade da equipe.
Nenhum time foi mais prejudicado por contusões que o Toronto.
Canucks com trancos e gols na TV -- A ESPN transmitiu ao vivo a
partida entre Vancouver e St. Louis. Ótimo jogo 7, assistimos a um Vancouver
jogando um hóquei estritamente de playoffs. Trancos sempre que possível,
com o defensor Ed Jovanovsky à frente fazendo grande partida. Velocidade
e ousadia para partir para o ataque mesmo quando em desvantagem numérica.
Do lado dos Blues, o velho conhecido Chris Osgood sem culpa na derrota,
mas aceitando gols que um grande goleiro não aceitaria; Al MacInnis
sem condições plenas de jogo; Chris Pronger muito aquém do que deveria;
Barret Jackman projetando um futuro brilhante para a defesa do time;
Pavol Demitra sumido e o Keith Tkachuk de sempre.
Não consegui entender como é que os Blues se submeteram, sem reagir,
ao jogo físico dos Canucks. Começaram a partida marcando logo com um
minuto de jogo e pararam por aí. Tal qual os Leafs, pareciam fora do
espírito de um jogo 7, e isso transbordava nos jogadores do Vancouver.
Que partidaço de Trevor Linden, este subvalorizado jogador tão importante
para os Canucks!
Etc. -- O campeão e outrora temido Detroit Red Wings foi o único
time a não vencer uma partida sequer nestes playoffs. O vexame do time
pode ser explicado por diversas coisas -- e há texto suficiente
nesta edição dissecando este assunto --, mas também pela
incrível capacidade do Anaheim Mighty Ducks em vencer jogos apertados
com diferença de um gol, com escrevi
em fevereiro deste ano.
Entretanto o técnico dos Ducks Mike Babcock explicou de forma definitiva:
"Os deuses do hóquei premiam aqueles que trabalham com mais afinco"
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Marcelo Constantino engrossaria as estatísticas da indigência se tivesse de viver dos seus palpites. |
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MOMENTOS DO GRANDE DIA: |
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AH, CANADÁ! Jogadores
do Toronto Maple Leafs, time da torcida mais fanática no
Canadá, ouvem o hino nacional canadense antes da partida
em que seriam eliminados por definitivos 6-1 frente ao Philadelphia
Flyers (Doug Pensinger/Getty Images - 22/04/2003) |
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SEMPRE ELIMINADOS Chris Osgood
mal deve ter visto o chute de Henrik Sedin, que empatou a partida
e abriu caminho para outros três gols dos Canucks na vitória
de 4-1 (Jeff Vinnick/Getty Images - 22/04/2003) |
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EXPLOSÃO Andrew Brunette
fica eufórico com seu gol na prorrogação do
sensacional jogo 7 contra o Avalanche. O Wild perdia a série
por 3-1, mas conseguiu virar e surpreender toda a NHL (David Zalubowski/AP
- 22/04/2003) |
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NOVAMENTE NUM JOGO 7 Patrick
Roy e o Colorado têm um largo histórico em jogos 7.
Até serem derrotados pelos Wings no ano passado, geralmente
venciam essas batalhas (Brian Bahr/Getty Images - 22/04/2003) |
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