Edição n.º 41 | Editorial | Colunas | Jogo da semana | Notas | Fotos
 
11 de abril de 2003
Este é o momento: Playoffs da Stanley Cup

Por Marcelo Constantino

Esqueça (quase) tudo da temporada normal. Ela serve apenas para pagar os salários dos jogadores, estabelecer os confrontos dos playoffs e eliminar os Rangers. Os playoffs da Stanley Cup são uma nova temporada, completamente diferente da regular. Em nenhum outro esporte norte-americano há uma diferença tão grande entre esses dois momentos.

Geralmente há menos brigas nos playoffs, mas o jogo é incomparavelmente mais ríspido. Trancos se espalham, até mesmo jogadas sujas fora do lance surgem com mais freqüência. Os juízes ficam bem mais complacentes, deixam de marcar uma infração que certamente marcariam na temporada normal. Penalidades em prorrogação morte súbita são quase uma heresia, só mesmo muita evidência para ser marcada.

Este ano os playoffs não se resumem ao embate Detroit Red Wings x Colorado Avalanche, como previsto e realizado em 2002. Os Stars estão prontos para estragar a festa dos dois grandes rivais. Blues e Canucks podem até surpreender um desses três favoritos no Oeste, mas chegar até o fim é sonho distante.

Outra novidade é que o Leste chega bem mais forte este ano nos playoffs e não será surpresa se a Stanley Cup mudar de Costa desta vez. É bem verdade que os três grandes do Oeste superam qualquer um do Leste em termos de experiência e competitividade em playoffs, exceto pelo New Jersey, que se equipararia ao Dallas neste ponto, mas há times aqui que são reais candidatos ao título.

O mundo torce por mais um capítulo da clássica Batalha de Ontário entre Senators e Leafs, de onde certamente sai um dos grandes favoritos à final. Com um time vencedor do Troféu dos Presidentes e com intimidadores quase à moda antiga, o Ottawa foi montado para não decepcionar novamente na pós-temporada. Tal qual o Toronto, o mais ousado time no dia limite de trocas. Não acredito nos Flyers e todo o restante deverá apenas figurar nos playoffs.

Goleiros:
Como bem disse Rafael Roberto, os goleiros são a peça mais importante de um time em playoffs. Claro, toda regra tem sua exceção e, por isso, Chris Osgood já foi campeão com os Red Wings, por exemplo. Como teremos dezesseis goleiros neste início, arrisco-me a listá-los em ordem de confiabilidade (lembrando que nada é 100%):

Intocáveis:
Patrick Roy, Martin Brodeur, Ed Belfour (sim, ele mesmo)
Esses eu quero ver pra crer: Curtis Joseph, Marty Turco, Patrick Lalime, Jean Sebastien Giguere, Olaf Kolzig, Nikolai Khabibulin, Tommy Salo
Esses eu não sei não...:
Dan Clouthier, Roman Chechmaneck, Jeff Hackett/Steve Shields, Dwayne Roloson
Me engana que eu gosto:
Chris Osgood, Garth Snow

Dos possíveis candidatos a MVP dos playoffs:
Sim, esta é daquelas palpitadas picaretas. Mas, se nós ficamos conjeturando sobre que time chegará até a final, pq não também sobre o jogador que tem tudo para ser a grande sensação dos playoffs? O único que dificilmente não estará entre os concorrentes ao Troféu Conn Smythe é Peter Forsberg.

Ele já o teria vencido no ano passado, não fosse Patrick Roy e os enfurecidos Red Wings estragando a festa. Nesta temporada regular, ele é o jogador mais quente da liga na segunda metade. E ainda é considerado por boa parte dos analistas como o melhor jogador de hóquei da atualidade, já que não se sabe para onde foi aquele Jaromir Jagr dos Penguins.

Poucas arrancadas finais foram tão espetaculares como a do Colorado Avalanche e a de Peter Forsberg. Apenas na última rodada, no último dia da temporada regular, os Avs ultrapassaram os Canucks e conquistaram novamente o título da Divisão Noroeste. Apenas na última rodada, no último dia da temporada regular, Peter Forsberg ultrapassou o Canucks Markus Naslund e ficou com o Troféu Art Ross

Daquelas estatísticas que poucos vêem:
Nicklas Lidstrom e Adrian Aucoin lideraram a liga em média de tempo de jogo por partida, com cerca de 29 minutos cada um. Lidstrom atuou em todos os jogos da temporada, Aucoin jogou em 73 partidas. O atacante com mais tempo de jogo é Rod Brind'Amour, com 23:45 de média.

Dentre os que disputaram uma quantidade razoável de disputas de disco ("face-offs"), Yanic Perrault conseguiu surpreendentes 62,88% de aproveitamento.

Forsberg (ele de novo) e Milan Hedjuk terminaram a temporada com surpreendentes +52 nas estatísticas de mais/menos. Completamente dissociados do restante da liga neste quesito, basta ver que o terceiro colocado foi Lidstrom, com +40.

Agora esqueça definitivamente o que passou na temporada porque, como o Metallica já cantou, a NHL já corroborou, e Humberto Fernandes sempre gosta de lembrar, nos playoffs nada mais importa. Só há olhos, corações e mentes para a Stanley Cup.

...

Uma bobeira para fechar. Neste fim de semana eu assisti à nova versão do filme Rollerball. Eu gosto bastante do filme original de 1975, estrelado por James Caan e dirigido por Norman Jewison e já não esperava muito desta refilmagem de 2002. A tal nova versão é seguramente o pior filme a que assisti nos últimos anos. Serviu apenas para constatar que o ator-brucutu Oleg Taktarov (quem?) é a cara do jogador-tartaruga Claude Lemieux.

Marcelo Constantino também considera "Youngblood" uma idiotice sem tamanho.
 
  STANLEY CUP Olhos, corações e mentes para este troféu (Fotomontagem: ESPN.com)
Edição atual | Edições anteriores | Sobre The Slot BR | Contato | Envie esta matéria para um amigo
© 2002-03 The Slot BR. Todos os direitos reservados.
É permitida a republicação do conteúdo escrito, desde que citada a fonte.
Página publicada em 9 de abril de 2003.