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4 de abril de 2003
Nos playoffs, goleiro é tudo

Por Rafael Roberto

Dentro de uma área azul, à frente do gol, está o personagem principal para a conquista de uma Stanley Cup.

Em dezesseis jogos este personagem pode até não jogar bem, mas deve pelo menos atuar melhor que seu adversário, e isto significa ser vazado menos que o oponente. Porém, à medida que as séries vão avançando, os melhores times permanecem vivos e os confrontos vão ficando mais difíceis, tomar menos gols passa a significar jogar bem, ou seja, fazer defesas incríveis e gerar nos jogadores do outro time o pensamento de "...se não fosse por aquele goleiro, nós teríamos vencido o jogo e se ele continuar assim na próxima partida não adianta se esforçar, porque não vamos chegar a lugar nenhum."

Além de fazer suas grandes defesas e desestimular o adversário com grandes atuações, um "goleiro de playoffs", capaz de vencer uma Stanley Cup, deve manter-se constante em todas as noites e, caso uma fatalidade aconteça e ele tenha uma atuação ruim numa partida, na outra ele tem que dar a volta por cima, esquecer o jogo anterior e retomar o controle da série novamente.

Foi o caso de Patrick Roy nas finais de 2001 da Stanley Cup contra o New Jersey Devils. O Colorado Avalanche vencia a série por 2-1 e o jogo 4, em Nova Jersey, pelo mesmo placar no terceiro período quando Roy saiu do gol e entregou o disco a Scott Gómez, que empatou o jogo com a rede vazia. Pouco depois os Devils viraram o jogo, depois foram a Denver e venceram o Avalanche numa péssima atuação de seu goleiro, que tomou cinco gols.

Todos diziam que aquele erro no jogo 4 tinha acabado com a confiança de Roy, mas ele voltou atrás, conseguiu um shutout no jogo 6, o título da Stanley Cup no jogo 7 e seu terceiro troféu Conn Smythe, dado ao melhor jogador dos playoffs.

Mais um exemplo da importância dos goleiros para a conquista do título máximo da NHL: Nos últimos 23 anos, quando 16 times começaram a disputar a pós-temporada, os goleiros venceram sete vezes o troféu Conn Smythe. Roy levou três vezes (1986, 1993 e 2001), Mike Vernon (1997), Bill Ranford (1990), Billy Smith (1983) e Ron Hextall (1987) foram os outros quatros vencedores.

Mas, como quase tudo na vida tem um lado bom e um lado ruim, um goleiro também pode acabar com o sonho do título. Voltemos um ano no passado, quando o Vancouver Canucks, oitavo lugar no Oeste, derrotou o vencedor do Troféu dos Presidentes Detroit Red Wings por duas vezes, em Hockeytown, abrindo 2-0 na série de playoffs. O jogo 3 estava empatado no segundo período quando um chute do meio da rua mudou toda a série.

O goleiro Dan Cloutier foi vazado por Nicklas Lidstrom neste chute e sua confiança acabou naquele momento. Mesmo depois de grandes atuações nos dois primeiros jogos (foram cinco gols sofridos em 71 chutes), Cloutier não conseguiu esquecer aquele frango e recuperar seu jogo (nos três jogos seguintes o Vancouver tomou 14 gols em 73 chutes) afundando, assim, o seu time, que perdeu quatro jogos seguidos, e salvando o goleiro dos Red Wings, Dominik Hasek, que recuperou sua confiança e conseguiu sua primeira Stanley Cup.

Cloutier estará de volta aos playoffs deste ano depois de fazer uma excelente temporada regular e jogando num Vancouver mais forte do que eliminado pelos Red Wings no ultimo ano, mas estaria ele pronto para carregar seu time ao título? Também estaria Marty Turco, que fez uma temporada regular quase impecável, liderando a NHL com uma média de 1.78 gols sofridos por jogo e um percentual de defesa de 93%, pronto para dar ao Dallas Star seu segundo título?

A resposta só o tempo poderá dizer e o único jeito deles provarem que estão prontos é conquistando o título. Até lá eles serão considerados goleiros de temporada regular, com boas estatísticas, mas nenhuma Stanley Cup, provando que a área não é um lugar para quem tem mente fraca, coração mole e pouca vontade perseverança.

Rafael Roberto deseja muitos anos de vida para a The Slot BR

 
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Página publicada em 2 de abril de 2003.