Por
Thomaz Alexandre
E eis que, após todas as apostas sobre Trotz, Laviolette, Trottier
e até mesmo Maurice, o treinador da vez a cair é Michel
Therrien, de Montreal.
Poucos esperavam que a franquia com a mais rica história no hóquei
fosse tomar esta decisão, digamos, há um mês atrás.
Nada que apenas duas vitórias em 12 jogos e uma multa sobre o
treinador não mudem.
Em uma dessas derrotas vindas nos 12 jogos, Therrien gritou e ameaçou
partir às vias de fato com o árbitro Kerry Fraser, que
validou o gol do Devil Joe Nieuwendyk após o goleiro Jeff Hackett
ter sido nocauteado por Jeff Friesen. Enquanto o juiz alegou que Hackett
estava fora de sua área, logo sendo um alvo válido para
choques, Therrien foi enfático: “Fomos roubados. Não
há dúvida disso”. O gerente geral dos Canadiens,
André Savard, foi contido por seguranças para que não
invadisse o vestiário dos árbitros em Nova Jérsei.
Kerry Fraser já havia anulado um gol dos Canadiens, marcado por
Mike Ribeiro, no mesmo jogo. Somadas, as multas aplicadas pela NHL a
Terrien e Savard chegaram a US$ 75 mil.
O mesmo Savard foi quem deu o triste veredicto de Therrien na manhã
da sexta-feira, 17 de janeiro, antes do treino. Os Habs vinham de derrotas
para Atlanta e para Philadelphia, um 4-1 na noite anterior. Savard declarou
que esperava ver a situação instaurada de um mês
para cá melhorando, mas após perder para os Thrashers,
ele se deu conta de que não havia melhorado.
Campanha recente fora dos eixos, multas. Existe um consenso em Montreal
de que os motivos não param por aí. O ressentimento pela
derrota em seis jogos para Carolina nos playoffs passados ainda é,
dizem alguns, parte da existência de Savard, da torcida, dos críticos
locais. Para estes, Therrien teria escolhido mal os confrontos em disputa
de disco, escalado mal a equipe, e reclamado na hora errada, gerando
uma penalidade que mudaria o momento do quarto jogo, e da série,
dando a vitória aos Canes.
Esse mesmo Therrien, por mais de dois anos o treinador do time, os assumiu
em 2000 quando possuíam o pior recorde da liga, e em 2002 os
levou à pós-temporada, coisa que não haviam atingido
em quatro anos.
Do pó vim, ao pó voltarei
Para o lugar de Therrien foi chamado Claude Julien. Mudando
a tradição antiga de ter homens de história compatível
à do clube no comando, Julien já é o quarto treinador
seguido a assumir os Canadiens sem experiência prévia.
Mario Tremblay, Alain Vigneault e Michel Therrien: algum desses treinadores
terá continuidade na carreira, será lembrado pelo público?
Pois é. Se é uma sorte estar na parte de baixo da franquia,
sabendo que pode ascender ao nível mais alto, também é
sabido que ali se encontra o fim da linha.
Julien, que liderava a AHL com seu Hamilton Bulldogs numa campanha de
33-6-3-3, já começou custando aos Habs. Como os Oilers,
co-afiliados dos Bulldogs com Montreal, o haviam contratado originalmente,
Montreal fica devendo uma escolha de quinta rodada a Edmonton. Se o
time chegar aos playoffs, aquilo que Julien declarou ser seu objetivo,
a escolha pode se tornar de quarta rodada.
Em algum tempo de NHL, já havia me acostumado a ver equipes convocando
jogadores dos afiliados para o time principal. Treinadores? Esta moda
é nova.
Seis, quatro, três: qual o número?
Julien é o sexto treinador a pegar o bonde andando na
temporada. O que quer o gerente Savard? Certamente a ilusão de
resolver os problemas de um dia por outro não o perturba.
Olhando para Calgary, que venceu quatro seguidas à estréia
do grande Sutter, e Colorado, que teve a sorte de vencer três
após a infeliz demissão de Hartley, Savard provavelmente
deseja uma modesta seqüência que injete ânimo no time.
Ânimo, e no mínimo alguns poucos pontos, é claro,
pois os atuais Canadiens com 18-19-4-5 estariam fora dos playoffs, na
décima posição do Leste.
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Thomaz Alexandre se arrepende de não ter participado da
edição 29, que vale a pena ser conferida, a começar
pela bela capa. |
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TREINADOR CONVOCADO Será
que Claude Julien pode mudar os rumos da infeliz temporada dos Canadiens?
(Andre Forget/AP - 18/01/2003) |
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