Por
Marcelo Constantino
Em 1997 o Colorado Avalanche era o defensor do título da Stanley
Cup e principal favorito para vencer novamente. Tendo vencido o Troféu
dos Presidentes, o adversário principal que despontava dentro
da mesma conferência era o Dallas Stars, vencedor da outra divisão
(naquele tempo ainda só havia duas).
Entretanto, os Stars tiveram sérios problemas com o adversário
inicial dos playoffs, o Edmonton Oilers. O time canadense já
era apontado naquela época como um "time para o futuro,
jovem e veloz, que pode surpreender alguém". Passados mais
de cinco anos, os Oilers geralmente ainda obtêm a mesma definição
por parte da imprensa.
Os times chegavam ao derradeiro jogo 7 em Dallas para fechar uma das
mais emocionantes séries da década de 90. Curtis Joseph,
então no Edmonton, já havia fechado o gol por duas vezes.
A segunda delas, no fatídico jogo 5, quando os Oilers abriram
3-2 na série, com a vitória de 1-0 na segunda prorrogação.
Isso para não falar em um dos jogos mais sensacionais já
vistos em playoffs, o jogo 3: os Stars venciam por 3-0 até os
16:00 do terceiro período. Num espaço de dois minutos,
os Oilers empataram a partida e levaram-na à prorrogação.
Kelly Buchberger fez o gol da vitória para o time canadense no
tempo extra. Espetacular.
O Dallas Stars entrou no jogo 7 cheio de disposição. Logo
a 1:38, abriu o placar com Benoit Hogue, no primeiro chute do time a
gol. O Edmonton não deixou por menos e fez a mesma coisa: Rem
Murray empatou a partida no primeiro chute do time ao gol de Andy Moog,
apenas sete segundos depois.
Veio o segundo período e, novamente, os times trocaram gols,
agora em vantagem numérica. Boris Moronov virou o placar para
os Oilers aos 7:24, batendo de primeira, de longa distância. Pat
Verbeek empatou aos 11:22, desviando chute de Sergei Zubov.
Dois minutos depois, Bob Bassen virou o placar para o Dallas. Faltando
20 segundos para o fim do período, Andrei Kovalenko deixou novamente
empatada a partida ao marcar num 2-contra-1. O período foi o
único inteiramente dominado pelos Oilers, que permitiram apenas
5 chutes dos Stars. Mesmo assim, dois deles entraram.
No terceiro período, Curtis Joseph fez uma defesa capital para
levar a partida para a prorrogação. Aos sete minutos,
Mike Modano entrou livre, cara a cara com CuJo, e não conseguiu
vencer o goleiro, que desviou o chute para longe. Joseph ainda defendeu
um chute quase certeiro de Bassen, quando faltavam 4:30 para o fim.
Foram 26 chutes defendidos no terceiro período e na prorrogação.
Clímax total, prorrogação de um jogo 7. Aos 11:42
Kelly Buchberger e Richard Matvichuk foram penalizados por roughing,
e os times passaram a jogar cada um com quatro jogadores no gelo. Mais
espaço, mais perigo para os goleiros, maior a probabilidade de
gols.
O lance mais espetacular da partida não foi o gol da vitória.
CuJo fez uma defesa absolutamente inacreditável num rebote de
Joe Nieuwendyk. Darryl Sydor tentou marcar no canto direito, mas o goleiro
do Edmonton defendeu. O disco sobrou para Nieuwendyk, que tinha um bom
espaço vazio para marcar. Foi exatamente naquele espaço
que o jogador do Dallas mandou o disco. Sabe-se lá como, a mão
de Joseph também chegou lá, na mesma hora. O disco parou
dentro da luva do goleiro. Ninguém acreditava no que via.
"A defesa de CuJo foi demais, simplesmente inacreditável",
disse o técnico do Oilers, Ron Lowe.
"O chute do Nieuwendyk acertou o meu blocker, não
foi exatamente para dentro da luva", disse o próprio goleiro.
"Certamente, na prorrogação um chute significa tudo".
Apenas 10 segundos depois, Todd Marchant recebeu um passe de Doug Weight
na linha vermelha e partiu em velocidade, vencendo na corrida o defensor
adversário Grant Ledyard. Na cara do goleiro, Marchant tocou
no canto direito de Moog.
A série representou o início de uma rivalidade entre os
dois times, que se refletiu em violentas partidas na temporada seguinte.
Os Oilers foram eliminados dos playoffs por quatro anos consecutivos,
de 1998 a 2001. Em todas as vezes, o carrasco foi o Dallas Stars.
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ADEUS, DALLAS Todd Marchant
marca o gol da vitória na prorrogação. Foi
o gol mais imporatante da carreira dele, segundo o próprio
jogador (Arquivo The Slot BR) |
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Edmonton Oilers |
1 |
2 |
0 |
1 |
4 |
Dallas Stars |
1 |
2 |
0 |
0 |
3 |
PRIMEIRO PERÍODO -- Gols: 1,
Dallas, Hogue 2 (Nieuwendyk, Langenbrunner), 1:38. 2, Edmonton,
Murray 1 (Hulbig), 1:45. Penalidades: Devries, Edm (tripping),
8:15; Bassen, Dal (high sticking), 11:55; Smyth, Edm (goalie interference),
12:33; T Marchant, Edm (Obstr hooking), 16:59. |
SEGUNDO PERÍODO -- Gols: 3,
Edmonton, Mironov 2 (vantagem numérica) (Czerkawski, Grier), 7:24.
4, Dallas, Verbeek 1 (vantagem numérica) (Zubov, Hogue),
11:22. 5, Dallas, Bassen 3 (Verbeek, Broten), 13:27. 6,
Edmonton, Kovalenko 3 (T Marchant, Weight), 19:40. Penalidades:
Harvey, Dal (Obstr hooking), 5:54; Ludwig, Dal (high sticking),
7:24; D Hatcher, Dal (slashing), 8:15; Czerkawski, Edm (slashing),
10:08; Buchberger, Edm (high sticking), 17:10; Verbeek, Dal (high
sticking), 17:10.
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TERCEIRO PERÍODO -- Gols: Nenhum. Penalidades:
Richardson, Edm (Obstr holding), 8:39. |
PRORROGAÇÃO -- Gols: 7, Edmonton, T Marchant
2 (Weight), 12:26. Penalidades: Buchberger, Edm (slashing),
11:42; Matvichuk, Dal (roughing), 11:42. |
Edmonton Oilers |
6 |
15 |
8 |
4 |
33 |
Dallas Stars |
10 |
5 |
14 |
12 |
41 |
Vantagem numérica: Edm
- 1 de 4, Dal - 1 de 5. Goleiros: Edmonton, Joseph (41
chutes, 38 defesas; campanha: 4-3-0). Dallas, Moog (33, 29; campanha:
3-4-0). Público: 16.924. Árbitro: Fraser. Assistentes
de linha: Scapinello, Schachte. |
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