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6 de dezembro de 2002
O início de uma rivalidade

Por Marcelo Constantino

Em 1997 o Colorado Avalanche era o defensor do título da Stanley Cup e principal favorito para vencer novamente. Tendo vencido o Troféu dos Presidentes, o adversário principal que despontava dentro da mesma conferência era o Dallas Stars, vencedor da outra divisão (naquele tempo ainda só havia duas).

Entretanto, os Stars tiveram sérios problemas com o adversário inicial dos playoffs, o Edmonton Oilers. O time canadense já era apontado naquela época como um "time para o futuro, jovem e veloz, que pode surpreender alguém". Passados mais de cinco anos, os Oilers geralmente ainda obtêm a mesma definição por parte da imprensa.

Os times chegavam ao derradeiro jogo 7 em Dallas para fechar uma das mais emocionantes séries da década de 90. Curtis Joseph, então no Edmonton, já havia fechado o gol por duas vezes. A segunda delas, no fatídico jogo 5, quando os Oilers abriram 3-2 na série, com a vitória de 1-0 na segunda prorrogação.

Isso para não falar em um dos jogos mais sensacionais já vistos em playoffs, o jogo 3: os Stars venciam por 3-0 até os 16:00 do terceiro período. Num espaço de dois minutos, os Oilers empataram a partida e levaram-na à prorrogação. Kelly Buchberger fez o gol da vitória para o time canadense no tempo extra. Espetacular.

O Dallas Stars entrou no jogo 7 cheio de disposição. Logo a 1:38, abriu o placar com Benoit Hogue, no primeiro chute do time a gol. O Edmonton não deixou por menos e fez a mesma coisa: Rem Murray empatou a partida no primeiro chute do time ao gol de Andy Moog, apenas sete segundos depois.

Veio o segundo período e, novamente, os times trocaram gols, agora em vantagem numérica. Boris Moronov virou o placar para os Oilers aos 7:24, batendo de primeira, de longa distância. Pat Verbeek empatou aos 11:22, desviando chute de Sergei Zubov.

Dois minutos depois, Bob Bassen virou o placar para o Dallas. Faltando 20 segundos para o fim do período, Andrei Kovalenko deixou novamente empatada a partida ao marcar num 2-contra-1. O período foi o único inteiramente dominado pelos Oilers, que permitiram apenas 5 chutes dos Stars. Mesmo assim, dois deles entraram.

No terceiro período, Curtis Joseph fez uma defesa capital para levar a partida para a prorrogação. Aos sete minutos, Mike Modano entrou livre, cara a cara com CuJo, e não conseguiu vencer o goleiro, que desviou o chute para longe. Joseph ainda defendeu um chute quase certeiro de Bassen, quando faltavam 4:30 para o fim. Foram 26 chutes defendidos no terceiro período e na prorrogação.

Clímax total, prorrogação de um jogo 7. Aos 11:42 Kelly Buchberger e Richard Matvichuk foram penalizados por roughing, e os times passaram a jogar cada um com quatro jogadores no gelo. Mais espaço, mais perigo para os goleiros, maior a probabilidade de gols.

O lance mais espetacular da partida não foi o gol da vitória. CuJo fez uma defesa absolutamente inacreditável num rebote de Joe Nieuwendyk. Darryl Sydor tentou marcar no canto direito, mas o goleiro do Edmonton defendeu. O disco sobrou para Nieuwendyk, que tinha um bom espaço vazio para marcar. Foi exatamente naquele espaço que o jogador do Dallas mandou o disco. Sabe-se lá como, a mão de Joseph também chegou lá, na mesma hora. O disco parou dentro da luva do goleiro. Ninguém acreditava no que via.

"A defesa de CuJo foi demais, simplesmente inacreditável", disse o técnico do Oilers, Ron Lowe.

"O chute do Nieuwendyk acertou o meu blocker, não foi exatamente para dentro da luva", disse o próprio goleiro. "Certamente, na prorrogação um chute significa tudo".

Apenas 10 segundos depois, Todd Marchant recebeu um passe de Doug Weight na linha vermelha e partiu em velocidade, vencendo na corrida o defensor adversário Grant Ledyard. Na cara do goleiro, Marchant tocou no canto direito de Moog.

A série representou o início de uma rivalidade entre os dois times, que se refletiu em violentas partidas na temporada seguinte. Os Oilers foram eliminados dos playoffs por quatro anos consecutivos, de 1998 a 2001. Em todas as vezes, o carrasco foi o Dallas Stars.

ADEUS, DALLAS Todd Marchant marca o gol da vitória na prorrogação. Foi o gol mais imporatante da carreira dele, segundo o próprio jogador (Arquivo The Slot BR)
 
Edmonton Oilers 1 2 0 1 4
Dallas Stars 1 2 0 0 3

PRIMEIRO PERÍODO -- Gols: 1, Dallas, Hogue 2 (Nieuwendyk, Langenbrunner), 1:38. 2, Edmonton, Murray 1 (Hulbig), 1:45. Penalidades: Devries, Edm (tripping), 8:15; Bassen, Dal (high sticking), 11:55; Smyth, Edm (goalie interference), 12:33; T Marchant, Edm (Obstr hooking), 16:59.

SEGUNDO PERÍODO -- Gols: 3, Edmonton, Mironov 2 (vantagem numérica) (Czerkawski, Grier), 7:24. 4, Dallas, Verbeek 1 (vantagem numérica) (Zubov, Hogue), 11:22. 5, Dallas, Bassen 3 (Verbeek, Broten), 13:27. 6, Edmonton, Kovalenko 3 (T Marchant, Weight), 19:40. Penalidades: Harvey, Dal (Obstr hooking), 5:54; Ludwig, Dal (high sticking), 7:24; D Hatcher, Dal (slashing), 8:15; Czerkawski, Edm (slashing), 10:08; Buchberger, Edm (high sticking), 17:10; Verbeek, Dal (high sticking), 17:10.

TERCEIRO PERÍODO -- Gols: Nenhum. Penalidades: Richardson, Edm (Obstr holding), 8:39.
PRORROGAÇÃO -- Gols: 7, Edmonton, T Marchant 2 (Weight), 12:26. Penalidades: Buchberger, Edm (slashing), 11:42; Matvichuk, Dal (roughing), 11:42.
Edmonton Oilers 6 15 8 4 33
Dallas Stars 10 5 14 12 41

Vantagem numérica: Edm - 1 de 4, Dal - 1 de 5. Goleiros: Edmonton, Joseph (41 chutes, 38 defesas; campanha: 4-3-0). Dallas, Moog (33, 29; campanha: 3-4-0). Público: 16.924. Árbitro: Fraser. Assistentes de linha: Scapinello, Schachte.

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Página publicada em 4 de dezembro de 2002.