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13 de novembro de 2002
Hall da Fama recebe seus novos membros

Por Marco Aurelio Lopes

No último dia 4, quatro celebridades do mundo da NHL alcançaram a máxima honra que uma personalidade pode alcançar no hóquei: a indicação para o Hall da Fama. Na cerimônia realizada em Toronto, os ex-jogadores Rod Langway, Bernie Federko e Clark Gillies, e o técnico Roger Neilson tiveram seus nomes imortalizados na história do hóquei.

Aos 68 anos, Roger Neilson pode ser uma inspiração para muitos em vários aspectos. Desde seu estilo inconfundível, demostrado pela sua notória coleção de gravatas — que variam do sóbrio ao espalhafatoso —, passando pela sua genialidade como treinador, que iniciou na NHL em Toronto no final dos anos 70, passando por Buffalo, Vancouver, New York Rangers, Florida, Philadelphia e Ottawa, onde hoje atua como assistente técnico, e o mais importante, a sua determinação em vencer o câncer que insiste em atormentá-lo, luta esta que, inexplicavelmente, parece ter sido a razão de seu afastamento do comando do Philadelphia Flyers em 2000.

Muitos talvez não saibam, mas indiretamente Neilson influiu na carreira de todos os jogadores de hóquei em qualquer parte. Afinal, quando ainda era treinador de uma liga menor em Ontário, foi ele que teve a idéia de gravar as partidas de sua equipe (o Peterborough Petes) para analisá-las mais tarde e usá-las como ferramenta de treinamento. Quando foi contratado pelos Maple Leafs, em 1977, ele aproveitou a idéia e introduziu-a na NHL. Como se sabe, hoje o vídeo é uma arma das equipes (que contam até com técnicos específicos de videotape) para analisar seus pontos fracos e fortes, além de estudar seus adversários, e todos os jogadores passam horas assistindo aos vídeos dos jogos, "culpa" de Roger Neilson.

Treinador com mil jogos disputados como técnico principal, Neilson é, sobretudo, um motivador para seus jogadores, servindo como fonte de inspiração. Um exemplo claro desta motivação veio em 1982, quando seus Canucks disputavam a final do Oeste contra os Blackhawks, e, após uma sucessão de penalidades marcadas contra sua equipe, ele, em um misto de comédia e ironia, simplesmente pegou um taco de um jogador e amarrou uma toalha branca em sua ponta, como que criando uma bandeira branca, rendendo-se à arbitragem, que considerava parcial para o time de Chicago. Na volta para Vancouver, desde o piloto do avião até os torcedores no aeroporto e os que foram ao estádio para os jogos finais da série acenavam com suas toalhas brancas, como que abraçando a idéia lançada por Neilson. Tal motivação fez com que os Canucks chegassem à final da Stanley Cup, somente para ser derrotados pelo New York Islanders.

Islanders este que teve seu quinto membro da dinastia dos anos 80 escolhido para o Hall da Fama em Clark Gillies. Gillies era um dos jogadores mais temidos daquele time, afinal combinava como poucos uma grande habilidade ofensiva e um poder de intimidação e agressividade que assustavam seus adversários. Gillies era o terceiro homem de uma das mais famosas linhas da NHL, e uma das mais fortes de sua época. Ao lado de Bryan Trottier e Mike Bossy (outros dois membros do Hall), Gillies era o responsável pelo "serviço sujo" do trio, encarregado de dar um toque físico à linha, enquanto Trottier e Bossy faziam os gols, embora muitas vezes o próprio Gillies os fizesse.

O ex-jogador, hoje com 48 anos, teve uma carreira brilhante, que culminou com as quatro Stanley Cups dos Islanders entre 1980 e 1983. Ele jogou até 1986 em Nova York e depois disputou mais duas temporadas pelo Buffalo Sabres até se aposentar, em 1988. O asa esquerda teve seis temporadas com 30 ou mais gols, totalizando 319 em sua carreira, e teve ao todo 697 pontos; nada mal para um jogador conhecido por sua agressividade, mas que hoje é um membro do Hall da Fama também por ser um grande artilheiro.

Jogador com extremo senso de jogo, uma presença importante na defesa, capaz de anular como poucos ataques adversários em situações de um-contra-um, Rod Langway foi um defensor clássico, que usava seu porte junto com uma grande inteligência para parar os oponentes sem ser necessariamente um intimidador. Com sua habilidade, conseguia contornar as situações de perigo e anulá-las com precisão. Apesar de ter um chute forte, não era um defensor que se apresentava muito ao ataque, tanto que em 15 temporadas, marcou apenas 51 gols. Seu instinto era de defensor nato, um patrulheiro da linha azul.

E foram justamente essas características que levaram Langway a uma Stanley Cup com o Montreal Canadiens no seu primeiro ano na NHL, em 1979 (onde jogava com o grande Larry Robinson, outro do Hall da Fama), além de ser eleito duas vezes o melhor defensor da NHL, vencendo o Troféu Norris, e tendo participado seguidamente de seis Jogos das Estrelas. Sua carreira em Montreal estendeu-se até 1982, de onde saiu para o Washington, jogando lá até 1993, onde encerrou sua brilhante carreira de 994 jogos.

O último dos quatro selecionados para o Hall da Fama em 2002 talvez seja o menos conhecido por aqui. Um central com grande habilidade e controle do disco, Bernie Federko era um grande jogador no um-contra-um e tinha como principal característica a precisão nos passes. Era um jogador que sabia muito bem como esperar o momento certo para seus alas aparecerem para a finalização.

Ainda assim, ele também tinha faro para o gol e marcou 369 em sua carreira de 13 temporadas em St. Louis, além de uma última temporada em Detroit. E foi assim, por 14 anos, que Federko se estabeleceu como uma ameaça para as defesas adversárias, inclusive totalizando quatro temporadas com mais de cem pontos, culminando em 1988, quando atingiu seu milésimo ponto na NHL. Para completar, foi o primeiro jogador da NHL a conseguir 50 assistências ou mais em dez temporadas seguidas. Se não conseguiu conquistar a Stanley Cup, ao menos seu brilhantismo o leva agora ao Hall da Fama.

Marco Aurelio Lopes, 26 anos, é torcedor dos Penguins e tem certeza de que um dia vai visitar o Hall da Fama.
HOMENAGEM No jogo entre Montreal e Toronto, os capitães Saku Koivu (à esquerda) e Mats Sundin (à direita) são observados pelos novos membros do Hall da Fama Rod Langway, Clark Gillies, Roger Neilson e Bernie Federko (Frank Gunn/CP - 02/11/2002)
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Página publicada em 11 de novembro de 2002.