Por
Alexandre Giesbrecht
Qualquer pessoa pessimista quanto à permanência da rigidez
da NHL contra a obstrução certamente deu um sorriso de
canto de boca na última quarta-feira. Apenas duas penalidades
foram apitadas na vitória do Florida Panthers, em casa, contra
o Pittsburgh Penguins, sendo que uma delas na prorrogação.
Se os ábitros apitassem tudo que deveria ter sido apitado, seria
absolutamente impossível ter apenas duas penalidades em mais
de 62 minutos de hóquei. Foi fácil perceber que Paul Stewart
e Dan O'Halloran estavam ignorado escandalosamente até as penalidades
mais óbvias.
Cinco palavras se destacam na frase anterior: "Paul Stewart",
"ignorando", "penalidades" e "óbvias".
O ex-intimidador de ligas menores tem sido uma vergonha para a arbitragem
desde o dia em que a NHL o permitiu vestir uma camisa listrada. Em poucas
palavras, Stewart odeia apitar penalidades.
Stewart era patético como jogador. Ele não tinha técnica
alguma. Como juiz, ele apenas observa com um sorriso amarelo na boca
os jogadores menos técnicos algemarem as estrelas. Alguém
como Stewart nunca conseguiu parar um talento superior como jogador.
Mas quando ele apita, ah, Stewart consegue parar um Mario Lemieux apenas
olhando para o outro lado.
Espero que o comissário da NHL, Gary Bettman, e o diretor de
arbitragens Andy van Hellemond assistam à fita com o jogo de
quarta e depois digam a Stewart e O'Halloran que tal arbitragem é
simplesmente inaceitável.
O futuro da rigidez contra a obstrução e, claro,
o futuro do hóquei como alternativa de entretenimento viável
nos EUA (depois no Brasil) está em jogo até o final
desta temporada. Fazia coisa de uma década que o hóquei
da NHL não era tão divertido de se assistir. Para manter
a boa fase do esporte, figuras como Stewart e O'Halloran devem ser colocadas
em seus devidos lugares imediatamente. Avacalhar um jogo é avacalhar
um jogo a mais do que deveriam.
Bettman e van Hellemond parecem comprometidos com a rigidez. Mas não
há dúvida de que a coragem deles será testada na
próxima vez que alguém levantar a Stanley Cup em triunfo.
De acordo com o comentarista Bill Clement, da ESPN, nenhum time está
fazendo lobby ativamente contra a rigidez, e isso é bom.
Mas a mídia esportiva canadense sempre tenta exercer alguma influência
à força no mundo do hóquei, e a lábia que
emana do "país do hóquei" (especialmente de
Toronto) diz que a rigidez contra a obstrução está
roubando do esporte a sua personalidade. Um colunista expressou pesar
com o fato de um jogador como Tie Domi, o brutamontes do Toronto, está
tendo um impacto menor no jogo. Que triste, concluiu o autor.
Na verdade, é triste saber que um batedor como Domi já
teve um impacto no hóquei.
A rigidez contra a obstrução está devolvendo a
ação ao esporte. Como conseqüência, isso vai
acabar deixando o hóquei ser dominado por aqueles que merecidamente
deveriam dominar. O problema é que nem todos esses jogadores
serão canadenses. Daí a avalanche de blasfêmias
canadense.
Não subestime a influência que a mídia canadense
tem sobre o hóquei. E não pense que todas as franquias
da NHL vão apoiar a rigidez indefinidamente. Quando o outono
virar inverno por lá e os apuros de alguns times parecerem casos
perdidos, esses time vão apelar a Bettman.
Se a rigidez contra a obstrução durar até o fim
dos playoffs, vários dos grandalhões lentos da NHL eventualmente
serão jogados na fila do desemprego. Muitos serão canadenses.
Eles serão substituídos por jogadores mais rápidos
nas mãos e nos patins. Muitos serão europeus.
Veremos como a velha guarda canadense lida com isso. Esse será
o verdadeiro teste para Bettman.
Talvez eu esteja exagerando nos comentários sobre o jogo de quarta.
Mas é que estou mesmo preocupado com o futuro do esporte. Muitas
promessas para abrir o jogo foram quebradas. A queda de uma represa
começa com um simples vazamento (ou você nunca assistiu
a desenhos do Pica-Pau?). Na quarta-feira, podemos ter assistido a este
primeiro vazamento. Espero que não.
Eu não acho que Bettman e van Hellemond vão jogar Stewart
e O'Halloran na frente de um trem por causa daquele jogo, apesar de
essa não ser uma má idéia. Eu não acho nem
que Bettman e van Hellemond vão tornar esse assunto público.
Mas eu suponho que Stewart e/ou O'Halloran não vão voltar
a ignorar tantas penalidades. Os juízes precisam ser responsáveis
por seus atos. Precisa ser deixado claro que não é atributo
do árbitro colocar seu estilo pessoal nos jogos que apita. Ninguém
nunca comprou um ingresso para ver Paul Stewart, embora seja difícil
convencê-lo disso.
As pessoas compram ingressos para ver Lemieux. E Jaromir Jagr. E Pavel
Bure. E Sergei Fedorov.
Se permitirem às estrelas continuar brilhando, o número
de pessoas que compram ingressos e que o assistem na televisão
provavelmente vai crescer. E aqueles que assistem hóquei
por causa dos trancos não ficarão desapontados. O hóquei
ainda é um jogo físico. Trancos ainda são permitidos.
Só não se pode obstruir o adversário.
Se Stewart e seus asseclas mutilarem mais jogos, afastem-nos. Se Stewart
jogou fora seu livro de regras para colocar mais um retrato seu no lugar,
afaste-o. Não pode ser tão difícil assim.
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Alexandre Giesbrecht, publicitário, adorou o novo CD do
Jerry Cantrell, que estava ouvindo ao escrever esta matéria.
E odeia Paul Stewart há algum tempo (como disseram uma vez
no SportsCenter, "Paul Stewart, calls it a goal anyway"). |
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AGARRA-AGARRA Parece uma cena
medieval, mas foi um exemplo do agarra-agarra que imperou entre
os dois times na partida de quarta entre o Florida de Peter Worrell
e o Pittsburgh de Marc Bergevin (Gary I. Rothstein/AP - 06/11/2002) |
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