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23 de outubro de 2002
Humberto: Guerin, herói ou vilão?

Por Humberto Fernandes

260 gols, 251 assistências, 511 pontos em 739 jogos. Herói.
Uma "machadada" sob um prospecto que buscava seu lugar ao sol. Vilão.

Bill Guerin continua desfilando seu talento e marcando muitos gols ao redor da NHL, mas, verdade seja dita, ele é tão malvado quanto um Peter Forsberg. Sei que este assunto já está praticamente esquecido, aconteceu durante a pré-temporada — onde apenas fãs do Wild comemoram resultados — e a imprensa não deu muita atenção; por isso, vamos retomá-lo, para que ninguém se esqueça do que este grande goleador da NHL foi capaz de fazer um dia.

No dia 4 de julho o Dallas Stars anunciava a contratação do agente livre Guerin, pela bagatela de US$ 45 milhões por cinco anos. Vários times desejavam ter o jogador em seu elenco, como os Rangers — quem estes não querem? — e os Maple Leafs, mas a longa proposta dos Stars encheu os olhos do ex-jogador dos Bruins.

Sem dúvida alguma, a equipe de Dallas fazia estremecer a Conferência Oeste, ao trazer de volta este grande goleador, por quatro temporadas jogador dos Oilers. Em seu histórico aparecem feitos como ser escolhido MVP do Jogo das Estrelas de 2001 (três gols e duas assistências), participação na seleção dos EUA nas Olimpíadas de Salt Lake City (quatro gols e duas assistências em seis jogos; medalha de prata) e duas temporadas seguidas atingindo a marca de 40 gols (esta será a terceira).

O gerente geral dos Stars, Doug Armstrong, declarou que "Bill Guerin dá a esta organização tamanho e velocidade na asa direita, algo de que nós sentíamos necessidade. Nós buscamos suas contribuições dentro do gelo e fora dele, por sua liderança, pelos próximos cinco anos".

Armstrong somente não esperava o que Guerin iria aprontar nos treinamentos para a temporada. Durante um desentendimento no gelo, o famoso e bem pago craque desferiu uma tacada no pescoço do prospecto Brett Draney, de 21 anos. Este não se contundiu gravemente, erguendo-se para revidar e apanhando novamente (desta vez apenas com as mãos).

Imediatamente ao ver o lance, vem à mente Marty McSorley e sua tacada desleal na cabeça de Donald Brashear (hoje nos Flyers). McSorley parecia um jogador de beisebol tentando rebater um home-run, mas, ao invés da bolinha, usou a cabeça do adversário. A NHL imediatamente o expulsou, suspendeu, baniu e demais sinônimos de "McSorley não!".

Poderíamos esperar a mesma punição para Guerin se o ocorrido fosse durante a temporada. Infelizmente, não foi. E, por ser interno, um assunto de total responsabilidade do Dallas Stars, ele não será punido. Evidentemente, os Stars não o pagam US$ 9 milhões por temporada para ele perder jogos, como bem definiu a nota da edição 15 da Slot. E a NHL não pode simplesmente desafiar a autoridade dos Stars e fazer justiça. Problema dela, agora com mais uma imagem negativa do esporte, que já tem seu contingente de inimigos.

Resta-nos lamentar a atitude de Guerin contra um prospecto. Não precisava agir com tamanha brutalidade. Mesmo que eu não conheça a vida e/ou o histórico de Draney, não sai da cabeça a imagem de um "pobre coitado" tentando encontrar seu espaço no hóquei. Posso estar enganado e ele também ser um mal-encarado, mas atitudes como a de Guerin não se justificam.

Humberto Fernandes é defensor das brigas no hóquei, mas não da deslealdade contra um "anônimo".
 
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Página publicada em 21 de outubro de 2002.