Por
Alexandre Giesbrecht
Eu falei sobre Alexandre Daigle na semana passada. Um jogador que foi
recrutado com a primeira escolha pelo Ottawa Senators em 1993 e nunca
conseguiu mostrar na NHL o mesmo hóquei que o consagrou nas categorias
de base. Aliás, decepções como Daigle não
são nada incomuns por aí. Perguntem aos Rangers sobre
Manny Malhotra. Perguntem aos Islanders sobre Roberto Luongo. Perguntem
ao Lightning sobre Vincent Lecavalier.
Lecavalier ainda pode se recuperar, mas a cada dia que passa é
menos provável que seja em Tampa Bay. Também recrutado
com a primeira escolha, ele foi nomeado capitão do time aos 19
anos e chamado de "Michael Jordan do hóquei" pelo antigo
dono do Lightning antes mesmo de disputar sua primeira partida. Quatro
anos depois, ele só mostrou alguns flashes da promessa que ele
um dia foi.
Os times acabam cedendo à tentação de transformar
suas futuras estrelas em estrelas de hoje. Eles ganham o C de capitão,
toneladas de tempo no gelo, e até campanhas de marketing são
centradas neles. Tudo isso antes mesmo de eles derramarem uma gota de
suor num uniforme da NHL. Claro que as probabilidades de isso dar errado
não são pequenas, e esses jovens acabam de desintegrando
com o pesos de expectativas que simplesmente não são realistas.
O Minnesota Wild também tem suas tentações. Por
que eles também não dariam a Marian Gaborik, seu garoto
de ouro, as chaves do clube? Gaborik tem muito talento, além
do tamanho e da inteligência que costumam ter grandes jogadores.
Ele é o tipo de jogador que os times sonham em pôr as mãos,
o tipo de jogador que pode ser a pedra fundamental de uma equipe vitoriosa.
Ele é bom assim.
Mas ele também pode ser classificado como: um jogador de 22 anos
prestes a disputar sua terceira temporada na NHL. E esse é o
motivo por que o técnico Jacques Lemaire se recusa a colocar
todos os ovos no cesto de Gaborik. Quer um exemplo? O Wild escolheu
um capitão para o mês de outubro, e não foi Gaborik.
Ele também não vai ser o capitão em novembro, em
dezembro nem em qualquer outro mês desta temporada. Outro exemplo?
Na pré-temporada Gaborik fazia parte da equipe de desvantagem
numérica. Com os jogos que contam começados, não
espere mais vê-lo matando penalidades.
Por quê? Porque Lemaire não acredita que Gaborik esteja
preparado para a responsabilidade que ser um capitão requer ou
que tenha experiência o suficiente para matar penalidades. E nem
deveria, segundo Lemaire, já que ele ainda é um jovem,
mesmo que tenha marcado 30 gols e 67 pontos na temporada passada.
Alguns críticos acham que os Thrashers estão lidando de
forma errada com seus projetos de estrela Ilya Kovalchuk e Dany Heatley,
por mais talentosos que eles sejam, ao deixá-los fazer praticamente
o que eles quiserem. O Wild parece estar lidando do jeito correto. Ao
mesmo tempo em que ele já é um grande jogador, ele ainda
está aprendendo. Ele precisa cuidar do seu próprio jogo
primeiro e não pode fazer isso se toda a responsabilidade for
jogada sobre seus ombros.
Talvez um bom exemplo de como se deve fazer seja Joe Thornton, do Boston.
Recrutado com a primeira escolha em 1997, ele foi sendo trazido para
o time de cima lentamente, mesmo com os Bruins precisando subir na classificação
e sendo pressionados pela torcida. Ele jogou apenas 55 jogos em sua
temporada como novato e marcou apenas três gols. Mas, ano a ano,
ele melhorou até chegar ao ponto onde está hoje: um dos
melhores atacantes do hóquei.
Lemaire costuma dizer "Você não pode simplesmente
decidir que 'OK, o time agora é todo Marian'". Gaborik está
preparado para assumir papéis maiores. Ele quer matar penalidades.
Ele quer ficar no gelo por dois minutos nas vantagens numéricas.
Ele quer jogar 30 minutos por jogo. Ainda assim, ele entende por que
Lemaire se recusa a soltar as amarras e até virou adepto da filosofia
de seu técnico.
"Eu não vou sair dizendo 'tenho de marcar tantos gols ou
tantos pontos'. E não vou me preocupar com quantos gols eu tenho.
Sei que minha função é trabalhar duro e, se eu
fizer isso, as chances vão aparecer, os gols e as assistências
vão aparecer. Mas tenho de trabalhar duro", diz Gaborik.
Essa parece ser a filosofia certa. Eventualmente, se as coisas saírem
como o esperado, Gaborik vai se tornar o craque do Wild. Mas isso irá
acontecer apenas se ele o merecer. Não porque falaram que iria
acontecer.
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Alexandre Giesbrecht, publicitário, espera que os Penguins
saibam lidar com suas futuras estrelas, como Konstantin Koltsov,
Brooks Orpik, Colby Armstrong e Ryan Whitney. |
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FORÇA NO ATAQUE Gaborik
acerta a trave de John Grahame, do Boston (Paul Battaglia/AP - 11/10/2002) |
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FICHA |
Marian Gaborik
Nascido: 14/fevereiro/1982
Local: Trencin, Eslováquia
Altura: 1,83 m
Peso: 87,5 kg |
CARREIRA |
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J |
G |
A |
P |
Min |
00-01 MIN |
71 |
18 |
18 |
36 |
32 |
01-02 MIN |
78 |
30 |
37 |
67 |
34 |
02-03 MIN |
2 |
0 |
2 |
2 |
0 |
TOTAL |
151 |
48 |
57 |
105 |
66 |
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