Por Humberto Fernandes

À primeira vista, o título deste artigo pode soar como exagero, demonstrar excesso de confiança, desvalorizar as outras equipes... é exatamente este o propósito. As três leituras sugeridas indicam o contrário do que os Red Wings querem agora: abandonar o favoritismo, não ser considerados capazes — afinal, é mais um ano nas pernas daqueles velhinhos — e a existência de outros times mais "fortes" para a mídia.

A seguir, os motivos "por que os Red Wings serão bicampeões da Stanley Cup":

Dave "Bowman" Lewis: Todos os torcedores dos Red Wings perderam uma parte de si próprios quando Mestre Scotty Bowman anunciou sua aposentadoria. Perderíamos ali um dos maiores responsáveis pela construção deste time vencedor de três Stanley Cups. Entretanto, após algum tempo de angústia, a primeira vitória na temporada 2002-03: confirmação de Dave Lewis como treinador. Dave foi o braço-direito de Bowman durante todo o tempo, levando astronômicas vantagens em relação a qualquer treinador que pudesse ser contratado, por conhecer os jogadores e o sistema da equipe.

Steve Yzerman: Não é qualquer equipe que pode ter em seu elenco o maior capitão da história do hóquei. Este pequeno detalhe conta um ponto para os Wings. Apesar de Yzerman recuperar-se de cirurgia, mesmo que fora do gelo sua presença inspira desde os jogadores até o porteiro da arena.

Renovação: Pode não parecer, mas os Wings têm um belo quadro de jovens prospectos prontos para substituir aos poucos a experiência dos veteranos. A equipe se encaixa em um momento imediatamente antes da transição, que se completará no futuro, evidentemente, quando não mais teremos alguns dos monstros atuais em atividade. Um bom olheiro é sempre o melhor amigo do gerente geral no dia do recrutamento, por isso os Red Wings contam com Jiri Fischer, Maxim Kuznetsov, Jesse Wallin, Dmitri Bykov, Jason Williams, Henrik Zetterberg e Pavel Datsyuk, confirmados na equipe para a temporada. Destes, pelo menos cinco serão titulares.

Experiência: Pode não parecer, mas os Wings têm um belo quadro de veteranos, bastante diferente do que se encontra em outras equipes — sim, eu pensei nos Rangers. Como se os ares de Detroit e a magia da Joe Louis Arena fossem únicos, exclusivos. Vyacheslav Kozlov, antigo ídolo da equipe, declarou ao ser negociado: "há apenas um disco no gelo para tantas estrelas". Tinha razão. Apenas um disco e muitas estrelas. Ele somente não contava com os outros três quesitos anteriormente comentados. Luc Robitaille e Brett Hull que o digam.

Curtis Joseph: Adeus, Dominik Hasek; bem-vindo, Cujo. O maior goleiro da história do hóquei se aposentou e abriu uma cratera na defesa dos Wings. Legace provavelmente não é capaz de conduzir a equipe ao título. Ken Holland mexeu na carteira e assinou com Joseph, o melhor goleiro disponível no mercado de agentes livres. Desta maneira, os Wings continuam possuindo um goleiro da elite, capaz de vencer jogos sozinho, e que ainda não venceu a Stanley Cup. Ainda não.

Profundidade: Sem Yzerman nos primeiros meses da temporada, os Wings mostrarão ao resto da Liga suas armas reservas. Profundidade é um dos quesitos mais importantes para tornar um time vencedor, e neste ponto a torcida em Detroit está sempre tranqüila, mesmo quando um grande jogador está contundido. Evidentemente, algumas perdas diminuem o potencial da equipe, mas sempre há quem as substitua com méritos.

Hockeytown: Jogar em Detroit, na Joe Louis Arena, defender a tradição dos Red Wings... tudo isto é diferente se comparado aos demais times da liga. Neste passado recente, temos visto jogadores assinarem com os Wings por propostas inferiores às de outras equipes. Foi assim com Hull, no ano passado, e, agora, com Joseph. "Hockeytown é uma comunidade que segurou sua respiração e derramou uma lágrima quando Yzerman ergueu a Stanley Cup".

Por fim, os Red Wings serão bicampeões porque eles não são simplesmente um time de hóquei; são um símbolo de superioridade.