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9 de outubro de 2002
Giesbrecht: Será que Daigle vai dar certo desta vez?

Por Alexandre Giesbrecht

Quando descobri que Alexandre Daigle iria tentar a sorte na pré-temporada do San Jose Sharks, não dei muita bola. Ele iria provavelmente mostrar alguma coisa de útil, contribuir com uns dez gols na temporada e, aos poucos, ir sumindo novamente.

Quando descobri que ele havia desistido dos Sharks em favor dos Pensguins, passei a dar mais atenção ao caso. Claro, torcendo para os Pens, eu teria até de ter esperanças de que Daigle pudesse trazer de volta todo o fogo que ele costumava mostrar nas categorias inferiores. De qualquer forma, não parecia muito provável.

Em agosto, Ted Montgomery, colunista do jornal USA Today, demonstrava toda a sua descrença no sucesso de Daigle: "Existe um desperdício maior de talento que Daigle? Um aviso à torcida dos Penguins: se acham que ele vai colocar os patins e fazer a diferença ficarão desapontados. Ele é preguiçoso e não consegue manter a forma, podendo sumir antes do Natal". Desanimador, não?

Mas o que se viu assim que os Pens abriram a pré-temporada foi um Daigle faminto, que aparentemente redescobriu sua paixão pelo hóquei. Ele ficou de fora do esporte por duas temporadas, porque estava desiludido. Montou sua empresa em Hollywood e tocou seus negócios até sentir uma chama reacender. A mesma chama que foi-se apagando aos poucos depois de ele ser a primeira escolha do recrutamento de 1993.

Tido como o "salvador da pátria" no Ottawa Senators, time que batia seguidos recordes negativos na liga, até conseguiu mostrar uma produção tímida, mas nunca chegando sequer perto de seu potencial. O assédio constante da imprensa canadense também não ajudava em nada. Depois de peregrinar por Flyers, Lightning e Rangers, desistiu de vez.

Agora ressurge para tentar ajudar os Penguins a voltar aos playoffs. Não era muito fácil apostar nele, e ele sabia disso: com o excesso de jogadores no elenco, entre veteranos experimentados e jovens promessas a ponto de explodir, Daigle sabia que somente uma atuação excepcional garantiria a ele uma vaga no time, talvez sua última chance de provar seu valor na NHL.

Nos primeiros treinamentos, ele mostrou que não perdeu a velocidade que sempre lhe foi característica. Chegaram os jogos e ele mostrou um toque de artilheiro até então inédito na sua carreira, marcando seis pontos (três gols e três assistências) nos quatro jogos que disputou, ficando atrás apenas do seu colega de linha Randy Robitaille na artilharia do time na pré-temporada.

Mesmo antes de finalizar esta atuação nos preparativos para a temporada, já era praticamente certo que ele assinaria contrato com os Penguins. Ele teve a atuação excepcional de que precisava, ao contrário de Alexander Selivanov, outro veterando que tentou voltar na pré-temporada dos Pens, mas, ao contrário de Daigle, acabou não conseguindo.

Desta vez, Daigle ficou com um salário modesto, ainda mais se comparado com os US$ 12,5 milhões que ele ganhou nos seus primeiros cinco anos em Ottawa. Agora são "apenas" US$ 650 mil, mas com incentivos que podem fazer seus ganhos chegar aos US$ 2 milhões. O contrato é válido por apenas um ano, o que deve ser bom para ambas as partes, já que pressiona o jogador a produzir a contento.

Numa linha que provavelmente contará ainda com a estrela Alexei Kovalev e a surpresa Robitaille, ele não terá a obrigação de pontuar com freqüência, mas também não poderá se dar ao luxo de ficar de fora das fichas técnicas de jogos muitas vezes. De qualquer forma, ele espera voltar à sua melhor forma em cerca de dois meses. "Isso foi o que o Mario [Lemieux] me falou. É outra coisa jogar nos jogos de verdade. [Na pré-temporada] não jogamos contra equipes completas. É um nível diferente", explica Daigle.

Ele está otimista para os "jogos de verdade". Tão otimista que ele tem de puxar pela memória para saber quando foi a última vez que se divertiu tanto com seu trabalho. "Divertir-me assim? Há uns dez anos, porque a NHL era uma coisa diferente para mim. (...) [Estar em] um time de expansão, você perde toda hora e não é muito gostoso".

Claro, isso não prova que Montgomery estava errado em sua previsão, que vai até o Natal, mas é um belo primeiro passo.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, tem um anuário de The Hockey News de antes da temporada 1993-94. Quando este anuário tinha capa, era Daigle quem aparecia nela, de terno e gravata.
ALEXANDRE DAIGLE Muitos dizem que ele não vai conseguir, mas o que ele mostrou tem tudo para provar que os críticos estão errados (James M. Kubus/Pittsburgh Tribune-Review - 16/09/2002)
 
FICHA

Alexandre Daigle
Nascido: 7/fevereiro/1975
Local: Montreal, PQ
Altura: 1,83 m
Peso: 92 kg

CARREIRA
  J G A P Min
93-94 OTW 84 20 31 51 40
94-95 OTW 47 16 21 37 14
95-96 OTW 50 5 12 17 24
96-97 OTW 82 26 25 51 33
97-98 OTW 38 7 9 16 8
97-98 PHI 37 9 17 26 6
98-99 PHI 31 3 2 5 2
98-99 TAM 32 6 6 12 2
99-00 NYR 58 8 18 26 23
TOTAL 459 100 141 241 152
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Página publicada em 7 de outubro de 2002.