Por
Marcelo Constantino
Pierre Lacroix é considerado um dos gerentes mais competentes
da NHL. Por mais de uma vez durante seu pequeno tempo de existência,
articulistas da The Slot BR escreveram sobre o gerente geral do Colorado
Avalanche. Pudera: geralmente quando todos estão começando
a criar a grande expectativa para o dia-limite de trocas, para saber
para onde irão essa ou aquela estrela, Lacroix já acertou
de levar para Denver.
Assim foi feito com Fleury, Bourque, Blake e Kasparaitis. Tudo bem,
não deu certo (e dar certo para o Colorado significa necessariamente
vencer a Stanley Cup) com Fleury e Kaspar, e mesmo com Bourque da primeira
vez. Mas sempre Lacroix esteve lá, puxando o gatilho na hora
H. Como nenhum outro.
O forte dele é exatamente este momento, quando o dia-limite de
trocas se aproxima. Com um considerável leque na mão de
jovens promissores, de variados níveis qualitativos, é
nessa hora que Lacroix persuade os clubes cujas estrelas terão
passe livre no ano seguinte (e que por isso estão a um passo
de sair do clube de então). Sem contar a questão da concorrência,
do tipo "se eu não contratar, os Wings ou Stars ou Blues
vêm e levam". De qualquer forma, é o Colorado Avalanche
que tem sido absoluto no dia-limite dos últimos anos, desde 1999,
quando os Wings surpreenderam a liga e trouxeram Chris Chelios, Wendell
Clark, Ulf Samuelsson e Bill Ranford numa tacada só (e acabaram
sendo eliminados pelo Avalanche de Theo Fleury).
Por outro lado, Lacroix não é de se movimentar muito no
concorrido mercado dos jogadores de passe livre, nas férias da
liga. Ultimamente a preocupação tem sido manter o elenco
estelar de Sakic, Forsberg, Roy e Blake, o que é para poucos
na NHL. O salário dos quatro somados chega a pagar uma folha
inteira de alguns times novatos.
Mas eis que o Colorado Avalanche empreende uma polêmica troca
agora, pouco tempo antes de começar a temporada, durante os amistosos
de preparação. Mandaram Chris Drury e Stephane Yelle para
os Flames, por Derek Morris, Jeff Shantz e Dean McAmmond.
Yelle fazia um ótimo trabalho defensivo nos Avs, de Shantz eu
me lembro principalmente de um golaço que ele fez no fim da década
de 90, quando comeu quase todo o time adversário (o locutor narrava
algo como "Shantz, the move; Shantz, the center; Shantz, the goal!"),
e McAmmond é apenas mais um.
O foco central é a ida de Drury e a vinda de Morris. Como Kasparaitis
decepcionou largamente em Denver, havia uma vaga a ser preenchida na
defesa do time e Morris foi o escolhido. Morris também é
um jovem e promissor jogador que tem tudo para emplacar jogando num
time do porte dos Avs. Mas mandar logo o Drury? Aquele Drury, vencedor
do Calder em 1999, pesadelo dos rivais Wings em playoffs, com seus gols
da vitória na prorrogação?
Encontrei raríssimos articulistas considerando, no mínimo,
que a troca tenha sido justa. E não é mesmo: não
importa que Drury não venha render no Calgary o que rendia no
Colorado e que Morris venha render mais ao lado de Blake e Foote do
que rendia ao lado de seus jovens companheiros nos Flames. Isso é
até normal acontecer. Difícil vai ser compensar a perda
de qualidade que Drury trazia ao Colorado. Quem aqui não imagina
que Drury valia uma troca por um defensor melhor na liga, mano a mano?
Boatos da época do dia-limite de trocas da temporada passada
veiculavam que os Avs haviam oferecido Drury por Teppo Numminen dos
Coyotes, que recusaram. De Numminen a Morris há uma boa ladeira.
Abaixo.
Mas nada que o novo defensor de Denver não possa provar o contrário
nos próximos anos.
Em se tratando de Pierre Lacroix, é preciso observar bem ao redor
e esperar pelo tempo para não cairmos do cavalo logo adiante.
Quem não se recorda de algumas críticas quando da troca
por Rob Blake, cedendo Adam Deadmarsh e Aaron Miller e trazendo ainda
Steven Reinprecht? O jovem jogador dos Kings parecia um simples contrapeso
de troca e hoje é uma das peças fundamentais do time,
tendo atuado em grande parceria com Forsberg nos playoffs. Como o próprio
gerente dos Avs disse: "Não teríamos feito a troca
(por Blake) se Reinprecht não fosse incluído".
Enfim, não podemos descartar a hipótese de a troca vir
a se tornar mais uma jogada de mestre de Lacroix. Agora, acreditar nisso
é outra história.
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Marcelo Constantino Monteiro saúda a volta da The Slot
BR, de cara nova, e com novos integrantes na equipe. |
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DEREK MORRIS O promissor zagueiro
agora joga num time de ponta (AP) |
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YELLE E DRURY, JÁ COM A NOVA CAMISA
Peças importantíssimas no Colorado, agora deverão
ter um papel ainda maior com a responsabilidade de levar os Flames
aos playoffs (Adrian Wyld/CP Photo - 09/2002) |
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