Por
Cláudio Aguiar
Cinco temporadas consecutivas fora dos playoffs, mesmo contando sempre
com uma das folhas de pagamento mais altas da NHL, quando não a mais
alta. Gozações não faltam: "compra todo mundo, mas não ganha de ninguém",
"os Rangers estão comprando a NHL em seis prestações", "os Rangers são
o Flamengo da NHL", entre outras. O fato é que nada justifica um time
com tantos astros ter desempenhos tão pífios consecutivamente, conseguindo
ser ultrapassado até pelos maiores rivais, o New York Islanders, ex-lanterninha
permanente da liga.
Depois da terceira temporada consecutiva assistindo à pós-temporada
de casa, a organização finalmente demitiu Neil Smith e contratou um
novo gerente geral, Glen Sather, que imediatamente agradou a toda a
comunidade Ranger ao trazer de volta o grande ídolo e mito Mark Messier.
Mas logo começa a tropeçar, nomeando como técnico seu amigo pessoal
Ron Low, mesmo sob críticas pesadas. Low se mostra um péssimo técnico,
sem espírito de liderança e sem táticas defensivas eficientes, e os
Rangers ficam de fora pela quarta temporada consecutiva.
Para Sather, não parecia ser suficiente, e ele mantém o técnico, principalmente
após a ascensão dos Rangers à primeira colocação na Conferência Leste,
mesmo percebendo que o time estava levando tantos gols. Mike Richter
salvou o time por inúmeras partidas e o ataque altamente eficiente estava
mascarando uma defesa podre, uma situação que nitidamente não se sustentaria
por muito tempo. Os Rangers decaíram, Sather insistiu com Low e lá vamos
nós: cinco temporadas fora dos playoffs. Low finalmente é demitido.
A cabeça de Sather é salva pelas boas trocas realizadas durante a temporada:
um Lindros desacreditado que mostrou que ainda tem muito jogo para mostrar,
em troca de Hlavac e prospectos que sequer permaneceram nos Flyers e,
ao final da temporada, Pavel Bure vindo quase "de graça".
Trottier, ex-assistente técnico do Avalanche, torna-se o novo técnico
dos Rangers, como um anúncio de que "agora vamos trabalhar melhor nossa
defesa". Anúncio esse reforçado pela vinda de Bobby Holik, central largado
pelos Devils por puro pão-durismo, que pode ajudar muito na defesa,
e Darius Kasparaitis, ambos por salários milionários (claro, estamos
falando do New York Rangers). O contrato de Mike Richter, que deu sopa
durante algum tempo como agente livre, é finalmente renovado: alívio
em Nova York. O fato de Curtis Joseph ter ido para os Red Wings contribuiu
para isso.
Já estamos ao fim da pré-temporada e, até o momento, os Rangers ainda
não mostraram a que vieram. Seguindo a crendice popular de que uma má
pré-temporada é sinônimo de boa temporada regular e vice-versa, deveríamos
estar felizes: os Rangers fizeram uma ótima pré-temporada no ano passado
e deu no que deu. Quem sabe a situação não se inverterá. É ver
para crer. Que venham os Hurricanes na estréia!
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Cláudio Aguiar agora só acredita vendo. |
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