12 de junho de 2002
O Professor dá aula

Por Marcelo Constantino

Igor Larionov, o mais velho jogador em atividade na NHL de hoje, o melhor central da história do hóquei russo, marcou dois gols na vitória do Detroit Red Wings sobre o Carolina Hurricanes no jogo 3 das finais da Stanley Cup.

Um dos gols, o mais importante da carreira do jogador — segundo palavras do próprio — veio na segunda metade da terceira prorrogação, ou seja, quando já havia sido disputada quase uma nova partida inteira. Com uma calma impressionante, o russo driblou Bates Battaglia pela esquerda e chegou livre na cara do goleiro Arturs Irbe, que ainda tinha Matthieu Dandenault à sua frente. Igor, ainda assim, preferiu esperar que o goleiro caísse para, tranqüilamente, mandar de backhand por cima dele.

Foi a mais longa prorrogação de uma final de Stanley Cup desde o derradeiro e controverso gol de Brett Hull nas finais de 1999, pelo Dallas Stars.

A partida começou como as anteriores, cheia de penalidades marcadas. Mas desta vez os árbitros deixaram o jogo rolar com mais fluência e fizeram a famosa vista grossa dos playoffs funcionar mais tradicionalmente.

A tônica dos times especiais tem sido simples: ambos os times de vantagem numérica são nulos, ao contrário dos times de desvantagem numérica. Sem contar que os Wings parecem tornar-se até mais perigosos com um jogador a menos.

Há de se ressaltar um fato inaceitável neste jogo para um time que disputa a NHL. Durante a primeira vantagem numérica do jogo para os Wings, os Canes cometeram outra penalidade, o que geraria vantagem de dois homens para o Detroit. Inexplicavelmente, ninguém do time visitante largou o disco para que a jogada parasse e o time tivesse quase um minuto para tentar o gol com tal vantagem. Isso só veio a ocorrer quando faltavam apenas 13 segundos.

De qualquer forma, desta vez nada de times especiais definindo a partida e uma surpresa: o time de vantagem numérica dos Hurricanes levou até algum perigo.

Mas foi o perigoso Josef Vasicek que abriu o placar, numa jogada em que Steve Duchesne teve o disco rolado por entre suas pernas, mandando por cima de um Dominik Hasek já caído.

No segundo período, jogando num 4-contra-4 após Aaron Ward e Kirk Maltby serem penalizados por ficarem de gracinha um com o outro, Brett Hull roubou o disco de Sean Hill — que foi atrapalhado por um dos juízes — e passou para Larionov, que mandou por cima de Irbe. Com este gol, o Professor passou a ser o mais velho jogador a marcar um gol na história das finais de Stanley Cup.

Veio o terceiro período e Ron Francis mostrou sua maestria ao dar um longo e perfeito passe para Jeff O'Neill avançar nas costas de Fredrik Olausson e bater Hasek. Foi o sétimo gol de O'Neill nestes playoffs, recorde da franquia.

Faltando pouco mais de um minuto para acabar o jogo, face-off na zona defensiva dos Hurricanes. Os Wings decidem não retirar Hasek, mas colocam sua linha principal de vantagem numérica no gelo, com Fedorov na defesa. Os mais importantes jogadores de face-offs de cada time estavam no gelo para esta crucial disputa. Steve Yzerman venceu contra Rod Brind'Amour e passou o disco para Sergei Fedorov, que rapidamente passou para Nicklas Lidstrom, aberto pela esquerda. Este mandou o disco em direção ao gol, desviando no taco de Hull.

A partida foi transmitida pela ESPN para o Brasil de madrugada, em VT, mas, lamentavelmente, a prorrogação foi cortada. Os brasileiros não puderam assistir ao primeiro e segundo tempos, assim como mais da metade do terceiro.

Na prorrogação, Brendan Shanahan teve a chance do gol da vitória em seu taco, com o gol aberto, após um passe perfeito de Fedorov, mas perdeu. Pela terceira vez nestes playoffs Shanahan perdeu uma chance com o gol aberto — as duas anteriores contra o Colorado.

Depois de tantos chutes na trave, quatro ao todo, os Wings venceram com o gol de Larionov.

O Carolina, que havia vencido sete das oito prorrogações anteriores, jogou um hóquei realmente diferente do habitual no período extra.

ESPERE UM POUCO Porque em menos de um segundo Igor Larionov (à esquerda) vai marcar o gol da vitória na terceira prorrogação, contando com a ajuda de Matthieu Dandenault (11), que ficou na frente de Arturs Irbe (Peter Jones/Reuters - 08/06/2002)
 
Detroit 0 1 1 0 0 1 3
Carolina 1 0 1 0 0 0 2

PRIMEIRO PERÍODO -- Gols: 1, Carolina, Josef Vasicek 3 (Martin Gelinas, Glen Wesley),14:49. Penalidades: R Brind'Amour, Car (holding stick), 1:45; B Hedican, Car (boarding), 3:32; J O'Neill, Car (boarding), 11:34; N Lidstrom, Det (tripping), 12:30; B Devereaux, Det (slashing), 19:15.

SEGUNDO PERÍODO -- Gols: 2, Detroit, Igor Larionov 3 (Brett Hull), 5:33. Penalidades: K Maltby, Det (unsportsmanlike cond), 5:13; A Ward, Car (unsportsmanlike cond), 5:13; C Chelios, Det (interference), 8:12; S Fedorov, Det (holding), 19:44; S Hill, Car (holding), 19:44.

TERCEIRO PERÍODO -- Gols: 3, Carolina, Jeff O'Neill 7 (Ron Francis), 7:34. 4, Detroit, Brett Hull 9 (Nicklas Lidstrom, Sergei Fedorov),18:46. Penalidades: B Shanahan, Det (roughing), 5:25; J Vasicek, Car (roughing), 5:25; S Duchesne, Det (holding), 9:58; B Shanahan, Det (roughing), 19:01; S Hill, Car (roughing), 19:01.
PRORROGAÇÃO -- Gols: Nenhum. Penalidades: S Duchesne, Det (roughing), 18:23; J Svoboda, Car (roughing), 18:23.
SEGUNDA PRORROGAÇÃO -- Gols: Nenhum. Penalidades: E Cole, Car (holding stick), 8:35; F Olausson, Det (holding), 13:25.
TERCEIRA PRORROGAÇÃO -- Gols: 5, Detroit, Igor Larionov 4 (Tomas Holmstrom, Steve Duchesne),14:47.
Detroit 6 7 16 11 6 7 53
Carolina 8 6 7 5 8 9 43

Vantagem numérica: DET - 0 de 4, CAR - 0 de 5. Goleiros: Detroit, Dominik Hasek (43 chutes, 41 defesas; campanha: 14-7-0). Carolina, Arturs Irbe (53, 50; campanha: 10-6-0). Público: 18.982. Árbitros: Bill Mccreary, Stephen Walkom. Assistentes de linha: Brian Murphy, Dan Schachte.

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Página publicada em 10 de junho de 2002.