Por
Humberto Fernandes
O primeiro chute do Detroit foi gol, e Patrick Roy tremeu sua cabeça.
O segundo chute do Detroit foi gol, e Patrick Roy enforcou sua cabeça.
O quinto chute do Detroit foi gol, e Patrick Roy chutou o gelo, sacudiu
seu pescoço, bateu seu taco e então patinou como se pedindo
licença.
Somente um problema para o goleiro do Colorado e seus tão-logo-destronados
companheiros de equipe: ainda havia dois períodos e meio de jogo.
Agora isso é uma avalanche. Os Wings patinaram como se estivessem
pegando fogo, e marcaram um, dois, três, quatro gols no tempo
em que normalmente os fãs levam para achar seus assentos. Então
marcaram cinco, seis, sete.
Eram selvagens, vorazes, algo de que todos queriam participar. E na
buzina final, por um breve, mas glorioso momento, todo mundo conseguiu
celebrar.
O Detroit Red Wings enviou para casa o defensor do título da
NHL nesta cidade no evento esportivo mais aguardado em uma década.
E, desta maneira, eles fizeram um dos maiores goleiros da história
do hóquei parecer qualquer outro homem atrás de uma máscara.
Patrick Roy, no banco, também lutou para sorrir corretamente?
Agora isso é uma avalanche.
"Para ser honesto, nós pensávamos que este seria
um jogo de prorrogação", admitiu o Capitão
Steve Yzerman após os Wings apagarem o Avalanche por 7-0, no
jogo 7 das finais da Conferência Oeste, e avançar para
a Stanley Cup pela primeira vez desde 1998. "Após o primeiro
período, em que fizemos 4-0, nós ainda estávamos
pensando 'isto não está como deveria estar'".
No retrospecto, nem mesmo a Represa de Hoover poderia ter segurado o
Detroit na noite de sexta-feira. Abastecido pelo conhecimento com que
eles dominaram o Avalanche na maior parte da série contudo
ainda estavam em perigo de perder , os Wings tacaram gasolina
em suas chamas pessoais, então adicionaram querosene para uma
boa medida. É quase mais fácil relatar quem não
marcou gols do que quem efetivamente marcou:
Primeiro foi Tomas Holmstrom, com menos de dois minutos na noite, caindo
enquanto se enroscava com um defensor do Colorado, mas ainda redirecionando
um chute com seu taco. Gol número 1.
Então veio Sergei Fedorov, 80 segundos depois, voando pelo lado
esquerdo, se alinhando e atirando entre o braço de Roy. Gol número
2.
Aí era Luc Robitaille, recentemente criticado pela baixa produção,
recebendo um bonito passe de Igor Larionov e colocando o disco claramente
entre as pernas de Roy. Gol número 3.
E aqui estava novamente Robitaille, menos de três minutos depois,
superando três defensores do Avalanche na patinação
Luc Robitaille? Superando o Avalanche? e mandando o chute
contra Roy. O rebote ricocheteou para um oportunista Holmstrom, que
marcou, dando uma liderança de sacudir a cabeça.
Quatro a zero? Após 13 minutos?
"Ei, Roy é um dos maiores goleiros que já existiu",
disse Brett Hull, que marcou o quinto gol dos Wings na noite, "mas
ele também é humano".
Tão humano que ele terminou o período sem seu taco e terminou
o jogo sem sua coroa. Isso era mais que uma vitória do Detroit,
era uma proclamação, que eles podem colocar em grandes
letras na Hockey's Town Hall:
Reputação não é nada.
Desempenho é tudo.
Você quer uma Avalanche?
Isso foi uma avalanche!
As estatísticas desiludiram -- Como isso foi agradável
para muitos dos Red Wings. Para Holmstrom, a outra estrela sueca deste
time, que marcou dois gols sexta-feira, mas que ganhou sua glória
noite após noite nesta série, sendo batido e cutucado
mais que carne em espeto de churrasco. Honestamente, eu não sei
como este cara ainda tem qualquer pele sobrando. Holmstrom faz o trabalho
sujo à frente da rede, mas o mais necessário para bater
o Colorado e Roy.
"Esta vitória compensa todo o castigo?", ele foi perguntado
posteriormente. "Não", ele disse. "Vencer a Copa
compensará isto".
Quanto foi agradável para Robitaille, que precisou suportar as
críticas porque, em um time cheio de potência, ele estava
atirando em espaços nulos. Não na sexta-feira. Robitaille
estava por todos os lados e fez os torcedores recordarem por que os
Wings o procuraram em primeiro lugar.
"Você não se preocupa com o que está fazendo
particularmente neste time", disse Luc, que teve um gol e duas
assistências na noite de sexta-feira. "Tudo que você
quer fazer é ganhar. Isso é o que faz um grupo especial".
Os Wings relaxaram ele foi perguntado quando viram Roy
saindo do jogo durante o segundo período?
"Bem, nós liderávamos por 6-0", ele responde,
sorrindo. "Tudo estava a nosso favor".
Quanto foi agradável para Brett Hull, que está mais uma
vez nas finais. E como foi especialmente agradável para Hasek,
que deixou Buffalo precisamente por um momento como o de sexta-feira,
uma noite em que ele excedeu em brilho o maior goleiro do jogo. Dois
shutouts seguidos?
Quem é o grande cara agora?
Quanto foi agradável para Yzerman, Larionov, Chris Chelios, Fredrik
Olausson, Steve Duchesne todos com mais de 35 anos que nunca
souberam se teriam mais uma chance nas finais da Copa.
Agradável para todos eles. E, sim, digamos, verdadeiramente agradável
para os fãs de hóquei do Detroit, que, obrigado, obrigado,
obrigado, tão cedo não terão que ouvir sobre a
incrível reputação do Colorado em jogos difíceis.
Bom Lord. Jornais. Emissoras de TV. Eventos de conversa no rádio.
Na noite de sexta-feira, você estava recitando estas estatísticas
como uma música ruim que não sai de sua cabeça.
- O Avalanche havia vencido os últimos quatro jogos 7 que disputou.
Grande coisa. Eles perderam este aqui.
- Roy havia defendido todos os 50 chutes que ele encarou nos seus últimos
dois jogos 7. O quê? Ele não pôde defender quatro
dos primeiros oito chutes na sexta-feira.
- O Avalanche havia eliminado os Red Wings em três das quatro
séries de playoffs entre eles? É? Agora são três
em cinco.
O passado não significa nada para o futuro, e o Avalanche, em
verdade, é agora um time rapidamente desaparecendo no retrovisor
dos Red Wings.
Com o estrondo da sexta-feira rugindo na ovação, os Wings
articularam a mais agradável palavra para se sair de uma final
de conferência:
"Próximo?"
Que venha o Carolina -- Sim, acredite ou não, ainda há
mais hóquei por vir. Os Wings agora lutarão pela Stanley
Cup contra um time de hóquei questionável, o Carolina
Hurricanes.
A maioria dos analistas quer encerrar a temporada agora e entregar a
Copa para o Detroit. Não sejam tolos.
"Steve e eu estávamos assistindo a algumas fitas dos jogos
deles", Hull disse sobre os Hurricanes, "e eles são
fortes. São jovens. São agressivos. São bem-treinados.
E eles são muito disciplinados".
Os Wings precisarão ser grandes novamente, não somente
por causa do adversário, mas porque jogar uma final de Stanley
Cup põe um incrível peso nas costas por si só.
Mas isso começa na terça-feira. Agora, a cidade pode apreciar
esta vitória tanto quanto os jogadores. Há algumas rivalidades
que igualam Colorado-Detroit, e você poderia ouvir isto na alegria
dos fãs cantando na Joe Louis Arena, de "Na-Na-Na-Na-Hey-Hey-Good-bye"
a "Sweet Caroline."
Eles sabiam o que o mundo do hóquei sabe agora. Esta foi uma
série maravilhosa, com o fim dirigido para um lado mas
o fim certo. Até mesmo os fãs do Colorado deveriam admitir
isso.
Se os Wings tivessem perdido, haveria muita especulação.
Uma jogada aqui, outra jogada ali. Agora que o Avalanche perdeu, a única
questão que fica é como isso não aconteceu antes.
A verdade é que os Wings os superaram na patinação.
Os Avs foram superados defensivamente. E, surpreendentemente, na maior
parte do tempo, eles foram superados na velocidade.
Finalmente, sexta-feira à noite, eles os enterraram.
Lá se vai o Colorado, sem entender o que aconteceu. Lá
vai Peter Forsberg, que não teve sequer um chute a gol na sexta-feira,
e Joe Sakic, que teve apenas dois. Lá se vai, finalmente, Patrick
Roy, que patinou próximo a último quando as equipe se
encontraram para o aperto de mãos após o jogo.
Próximo ao fim da linha, Roy encontrou Hasek e ofereceu sua mão.
O simbolismo era óbvio. Roy estava sem capacete. Hasek estava
com o seu porque ele ainda tem trabalho a fazer.
Agora vamos ver como eles controlam os Furacões.
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Artigo original de Mitch Albom, escritor e jornalista do Detroit
Free Press. Tradução por Humberto Fernandes, um mero admirador.
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DE JOELHOS Cinco gols sofridos
até ali, Patrick Roy fica de joelhos (Julian H. Gonzalez/Detroit
Free Press - 31/05/2002) |
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NO BANCO Mais um gol sofrido
e Roy é tirado de um jogo 7 pela primeira vez em sua vida
(Julian H. Gonzalez/Detroit Free Press - 31/05/2002) |
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