Por
Bruno Bernardo
Quem diria no início da temporada que o Carolina Hurricanes poderia,
pela primeira vez, chegar à final da Stanley Cup?
Com uma temporada regular (desculpem o trocadilho), eles se classificaram
para os playoffs, mas tiveram menos pontos que o sétimo colocado
e só ficaram com a terceira posição por ter ganho
a Divisão Sudeste (a pior de todas na liga).
Na pós-temporada, eliminaram o atual campeão do Leste,
o New Jersey Devils, por 4-2, eliminaram o Montreal Canadiens, time
mais tradicional da NHL, que vinha com moral após ter vencido
o cabeça de chave numero 1 do Leste, e podem vencer o Toronto
Maple Leafs, sendo, assim, campeões da Conferência Leste.
Os Hurricanes são descendentes do Hartford Whalers, que entrou
na NHL na temporada de 1979-80. O time de Hartford teve algumas boas
temporadas, mas sofreu com a falta de sorte e com um gerente geral que
tirou de seus fãs este time que teve um caso de amor de 18 anos
com a região da capital de Connecticut.
Para alegria do Mec, falarei um pouco da história do Hartford
Whalers e, conseqüentemente, do Carolina Hurricanes.
Os Whalers construíram uma base de fãs que apoiou o time
durante todos os momentos, bons e ruins, de sua história. Antes
de entrar na NHL (junto com Winnipeg Jets, Edmonton Oilers e Quebec
Nordiques), os Whalers jogaram sete temporadas na World Hockey Association
e tiveram no seu time três dos nomes mais famosos de sua história:
Gordie Howe (jogou 80 vezes com 51 anos de idade!), Dave Keon (79 jogos)
e Bobby Hull (nove jogos); os três jogaram pelos Whalers na sua
primeira campanha na NHL. Howe e Hull jogaram na mesma linha.
Os Whalers, apesar de uma campanha ruim, terminaram em quarto na divisão
Norris na sua primeira temporada na NHL e foram aos playoffs, mas os
Canadiens (os campeões da época) venceram em três
jogos seguidos.
O nativo da Nova Inglaterra Larry Pleau foi o gerente geral no verão
de 1981 e, usando a quarta escolha no recrutamento, pegou um central
de 18 anos com o nome de Ron Francis, do Sault Ste. Marie Greyhounds,
da Ontario Hockey League. Francis mudaria a cara do hóquei em
Hartford: ele jogou dez temporadas e tornou-se o jogador mais importante
na história do time.
Depois da sua campanha inicial, os Whalers ficaram cinco anos sem se
classificar para os playoffs. Depois disso, eles foram durante sete
anos consecutivos, mas só passaram uma vez das semifinais de
divisão (1985-86). A temporada seguinte foi o destaque do time,
um recorde de 43 vitórias e a primeira posição
na Divisão Adams, mas nos playoffs eles foram eliminados na primeira
rodada pelo Quebec.
O ala direito Kevin Dineen, uma escolha de terceira rodada em 1982,
teve sete temporadas excelentes como um Whaler, quebrando a barreira
de 40 gols em 84-85. Naquele mesmo ano o goleiro Mike Luit uniu-se aos
Whalers, vindo do St. Louis Blues. Na maior parte do tempo foram Luit
e Francis que levaram o Hartford a sete playoffs seguidos entre 1986
e 1992.
Uma era na história dos Whalers terminou em 4 de março
de 1991, quando Francis foi trocado com o Pittsburgh, junto com Ulf
Samuelsson e Grant Jennings, em troca de John Cullen, Zarley Zalapski
e Jeff Parker. Francis seria uma estrela do time da Pennsylvania por
oito temporadas, ganhando duas Stanley Cups pelos Penguins e voltando
às raízes ao se juntar ao Carolina Hurricanes em julho
de 1998. Ele é o líder da franquia em jogos, gols, assistências
e pontos.
Naquele mesmo ano, Dineen foi trocado com o Philapdelphia Flyers, só
voltando cinco anos depois, para marcar o último gol na história
do Whalers, em 13 de abril de 1997.
Jim Rutherford, o atual gerente geral dos Hurricanes, é o sétimo
homem a ter o cargo. Larry Pleau, Emile Francis, Ed Johnston, Brian
Burke e Paul Holmgren foram os anteriores. Nove homens foram técnicos
do time antes do atual, Paul Maurice, incluindo Don Blackburn, Pleau,
Larry Kish, John Cunniff, Jack Evans, Rick Ley, Jim Roberts, Holmgren
e Pierre Maguire.
Durante os anos, outros grandes jogadores usaram o uniforme dos Whalers
e dos Hurricanes, incluindo Brendan Shanahan, o goleiro Sean Burke,
Chris Pronger, Keith Primeau, Torrie Robertson, Blaine Stoughton, Mike
Rogers, Dave Tippett, Dave Babych, Sylvain Turgeon, Jordy Douglas e
Geoff Sanderson.
Apesar do grande numero de fãs, os donos dos Whalers decidiram
mudar-se para a Carolina do Norte na temporada de 1997-98. Muitas pessoas,
incluindo este que vos fala, não entendem até hoje que
vantagem Maria levou nessa troca, tirando um time com quase 20 anos
de experiência com legiões de fãs apaixonados.
Nas suas duas primeiras temporadas como Hurricanes, a arena do Carolina
ficava na maior parte do tempo com apenas metade da lotação
permitida, já que estava a 90 minutos da cidade de Raleigh, base
do time. Os números só começaram a melhorar a partir
de 1999, ano em que eles se mudaram para a Entertainment and Sports
Arena. Só agora o Carolina Hurricanes está montando uma
base de fãs, devido à sua boa temporada.
Declaro abertamente que estou torcendo pra uma virada do Toronto. Se
o Carolina, mesmo assim, vencer a série e, quem sabe, a Stanley
Cup, ficarei triste, triste pelos fãs de Hartford. Eles merecem
muito mais que uma Stanley Cup.
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Bruno Bernardo sente falta dos Whalers, do Winnipeg Jets e do
Quebec Nordiques. Nesta semana teve luz cortada, um problema no
joelho e várias noites sem sono; por isso está aceitando
doações: helpme@please.com. |
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