• Ao longo do último mês e meio, os Canucks lutaram contra sua pecha de amarelões nos playoffs. Sim, porque nos Estados Unidos e no Canadá, ao contrário do Brasil, a imprensa aponta, sim, quem amarela, e para fazê-lo não basta amarelar uma vez: precisa ser com frequência. Por aqui, amareladas constantes são aliviadas pelo politicamente correto, embora os torcedores percebam. Pois bem, você acha que os jogadores do Vancouver não sabiam dessa pressão? É claro que sabiam, e em alguns momentos isso pareceu evidente, especialmente na série contra os Blackhawks, quando o time ficou a um gol de uma das eliminações mais dolorosas da história da NHL. Nas duas séries seguintes houve complicações, mas cada uma delas foi menos difícil que a anterior. Pode ser um indicador de que o elenco está se acostumando a essa pressão. Os Bruins são um adversário mais formidável que os Predators, derrotados pelos Canucks na segunda fase, mas abaixo dos Sharks e dos Hawks. Apesar de tudo isso, a pressão vai aumentar agora. Os nervos dos canadenses serão uma das maiores variáveis das finais.
• Outra variável importante nas finais será o estado físico dos Bruins, que batalharam até o último período dos sete jogos contra o Lightning para vencer uma equipe que se mostrou muito difícil de ser batida. Enquanto isso, os Canucks já tinham fechado uma série que acabou sendo mais simples do que se projetava. O estado físico tende a pesar mais nesta série, pois ela colocará frente a frente dois times que dependem muito mais dos talentos individuais do que do coletivo. Na caminhada até aqui, os Bruins só tiveram caminho fácil na segunda fase, quando eliminaram os Flyers com facilidade. A dureza desse percurso já começa a cobrar seu preço, então a hora é de ouvir o discurso de que haverá muito tempo para descansar nas férias.
• Entre os dois times eliminados nesta semana, o Lightning sai com a cabeça muito mais erguida. Não só por ter ficado a uma vitória das finais, mas porque excedeu as expectativas. Mais ainda: mostrou ser um dos times mais bem treinados da liga. A bem da verdade, nem os Bruins descobriram uma maneira confiável de superar a tática 1-3-1 do Tampa Bay, que não deixa de ser uma variação da famosa armadilha da zona neutra. Mas talvez mais importante que a tática tenha sido a presença de Martin St. Louis, um dos jogadores mais raçudos da liga, senão o mais raçudo. Sem ele, o time provavelmente teria ficado pelo caminho ainda na primeira fase. Ou quem sabe até na temporada regular.
• Já os Sharks consolidaram a fama de amarelões com uma atuação pífia nas finais de conferência. Com um time envelhecido, as chances de ao menos esta geração superar tal trauma diminuem a cada ano, ainda mais em no Oeste, conferência tradicionalmente muito equilibrada. Neste ano, quando parecia que Joe Thornton superaria seu estigma e ajudaria o time a superar o seu, esbarraram nos Canucks, outro time estigmatizado. Era para ser um duelo equilibrado, até porque eram os dois melhores times da conferência. Não foi, por muitos méritos do Vancouver. Mas também por deméritos do San Jose.
• Ainda não está certo, mas a cada dia parece mais provável que Atlanta perca seu time para Winnipeg. Não duvide que esta será a pá de cal para o hóquei no gelo na capital da Geórgia, que terá perdido seu segundo time na NHL. Para Winnipeg, seria uma festa. Festa esta que, aliás, já começou a acontecer, especialmente na noite em que um boato fez inúmeros torcedores sair às ruas da cidade para comemorar. Há quinze anos eles perderam o seu time e, pior, passaram a não ter esperanças de um dia tê-lo de volta. O dólar canadense parelho ao americano e o teto salarial devolveram as esperanças a Winnipeg. Não será o mesmo time, mas para eles não importará. No dia em que o eventual anúncio ocorrer, não duvide que a coletividade local passará automaticamente a odiar Ilya Kovalchuk. Só será muito estranho se os Thrashers se mudarem para Manitoba e daqui a um ano os Coyotes deixarem o Arizona, rumo a outro lugar que não o seu de origem.