Por: Sam Donnellon

Ninguém pode negar que, nesta década, quando os Flyers são eliminados da pós-temporada, eles são eliminados de verdade.

Em 2001, eles perderam o jogo 6 da primeira fase para o Buffalo, 6-0. Nas semifinais da Conferência Leste de 2003, foi Ottawa 5, Flyers 1. Houve aquela bela campanha até o jogo 7 das finais de conferência de 2004, quando eles perderam por 2-1 para o Tampa Bay, aí veio o locaute e, em 2006, o Buffalo de novo goleou-os em um jogo 6 da primeira fase, 7-1.

Poucos dos jogadores que defenderam os Flyers neste ano estavam em qualquer uma dessas derrotas, mesmo a última. E nada — mesmo um jogo tão desigual que os torcedores do time vencedor estavam gritando "Chato!" no começo do segundo período — deve ofuscar o que os Flyers realizaram nesta pós-temporada, um ano depois de estabelecer o recorde de futilidade da história do time.

"O que é bom no nosso núcleo é que temos um bom número de jogadores que vão estar melhores no ano que vem", opinou o presidente do time, Peter Luukko, do lado de fora do vestiário depois que a derrota por 6-0 para os Penguins encerrou a campanha dos Flyers nos playoffs. "Não foi um time veterano que só foi montado para tentar vencer. Este é um grupo que vai crescer junto, mesmo incluindo caras como Kimmo Timonen e Scottie Hartnell. Esta foi a primeira experiência deles chegando tão longe. Isso é uma boa notícia para nós: estamos andando para a frente."

Aqui está a má notícia: os Penguins são tão jovens quanto, talvez até mais, com, nas palavras do gerente geral dos Flyers, Paul Holmgren, "os dois melhores jovens jogadores sob contrato" por anos. Ele está falando de Sidney Crosby, 20 anos, e Evgeni Malkin, 21. Há ainda Jordan Staal, de 19, e um grupo de outras estrelas em potencial. Eles também estão andando para a frente, para sua primeira final da Copa Stanley.

Eles são mais jovens que o núcleo dos Flyers. E deverão ficar no time por tanto tempo quanto.

"Eles têm os três ingredientes, na minha opinião, de que você precisa em termos de um time", crê o técnico dos Flyers, John Stevens. "Eles são sólidos em todas as posições. O goleiro está jogando muito bem, é claro. A defesa tem experiência. Eles têm jogadores grandes que sabem fazer o disco correr e jogadores grandes que ficam lá atrás, além de grande profundidade na frente."

Os Flyers, de acordo com Holmgren, precisam de ajuda em dois dos três setores. Ironicamente, depois da pior atuação de Martin Biron nestes playoffs, o gol não é um deles. "Precisamos de mais profundidade em certas áreas", confessa Holmgren. "Acho que também temos de melhorar a velocidade do time. Não acho que sejamos lentos. Mas precisamos ser mais rápidos."

Não só por causa do Pittsburgh, mas por causa do Montreal e até o Washington, que está em ascensão. Os Flyers expressaram algum orgulho como consolação depois do jogo 6, porque tinham enfrentado os times número 1, 2 e 3 da Conferência Leste nestes playoffs, mas o que não pode ser ignorado é que poucos pontos separaram o número 1 do número 8 neste ano. Três temporadas após o locaute, o talento parece estar equilibrado no Leste de novo — com exceção dos Penguins.

Quando saudáveis como agora, os Penguins são um espetáculo. Talvez os Flyers, com um Simon Gagné saudável e uma defesa mais inteira — Holmgren admitiu que o capitão Jason Smith jogou com os dois ombros contundidos e disse que ele e Derian Hatcher "deram um novo significado na minha cabeça para a palavra 'durão'" nesta temporada —, estejam mais perto em termos de talento do que esta série sugeriu.

Mas se você está contando com todos esses jogadores ou qualquer um deles para melhorar na próxima temporada, é uma aposta. Porque o tipo de sintoma de concussão que acabou com boa parte da temporada de Gagné nem sempre desaparece. E porque Smith e Hatcher não estão ficando mais jovens.

Então o que tiramos disso tudo? Esperança, com certeza. Holmgren ganhou o direito de ter esperança, com a rápida maneira com que ele construiu o que tem à mão hoje, com a competência que ele tem demonstrado em obter as peças corretas.

Mas o desconforto que esta série produziu também é legítimo, especialmente quando se considera a viagem acidentada que finalmente terminou no domingo. Eles desperdiçaram vantagens de dois gols por duas vezes nestes playoffs, deixaram o Washington se recuperar de uma desvantagem de 3-1 na série antes de eliminá-los na prorrogação.

Esse fio da navalha é que os distingüiu do time que os derrotou em cinco jogos. Os Penguins têm campanha de 12-2 na pós-temporada e estão no meio de uma seqüência de 15 jogos invictos em casa. Eles se adaptam rapidamente, e suas vitórias são mais completas e convincentes.

O lado bom do baque de domingo pode ser que os Flyers também vêem isso, de maneira mais clara do que quando esta série começou, há duas semanas.

Sam Donnellon é colunista do jornal Philadelphia Daily News. O artigo original, publicado no Pittsburgh Post-Gazette, foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 21 de maio de 2008.