Se há um time guerreiro nesta temporada, este é o Colorado Avalanche.
Este é um time que joga sem Joe Sakic — capitão, líder, exemplo, alma,
craque indiscutível da equipe e ainda um dos grandes da NHL; e quaisquer
demais adjetivos positivos, do alto de seus 38 de idade. Já se vão 25
jogos sem ele, ainda recuperando-se de uma cirurgia.
Bem, aí você pensa, esse time ainda tem Ryan Smyth, ok. Smyth foi contratado
a peso de ouro no ano passado e, quando começava a se ajustar ao esquema
dos Avs, machucou-se também. E lá se vão 13 jogos sem o artilheiro.
Sobrou então para o ótimo ex-calouro Paul Stastny liderar a equipe,
com seus meros 22 anos de idade. Sem sofrer o famoso mal de segunda
temporada, Stastny fazia belíssima campanha e efetivamente liderava
a equipe, até que, há cerca de uma semana, teve de parar para fazer
uma cirurgia. Deve ficar de fora do time por até três semanas.
Como Milan Hejduk anda um tanto abaixo das expectativas, o time deverá
ficar sem essa referência de líder ou craque daqui pra frente. Se a
cada contusão importante a equipe acresceu garra e raça — e esse é dos
fatores primordiais para o time seguir na disputa pelos playoffs —,
agora, mais do que nunca, os Avs deverão ser um time de pura vontade.
Muito embora esse tipo de lógica dificilmente se traduza com perfeição,
tente imaginar esse time quando Sakic, Smyth e Statsny estiverem jogando.
Ou ainda, tente imaginar como estaria esse time se os três estivessem
jogando.
Com a vitória sobre os sempre combalidos Blue Jackets no último domingo,
o Colorado chegou à primeira colocação na Divisão Noroeste — empatado
com o Calgary Flames com 56 pontos, mas com menos jogos disputados.
A estadia na liderança, no entanto, foi breve: logo o Minessota Wild
jogou, venceu e ultrapassou. A derrota frente ao Nashville Predators,
por 4-0 na terça-feira, acabou empurrando os Avs para a terceira colocação
na divisão. Foi a primeira derrota em duas semanas.
Por enquanto eles estão firmes na briga pelos playoffs, atualmente na
sétima posição da Conferência Oeste, com 56 pontos. Como a distância
do 4.º colocado até o 14.º é relativamente pequena (na faixa dos dez pontos),
o time que quiser manter-se na briga pela pós-temporada deve manter
uma campanha regular. E os Avs têm sido assim.
Um dos fatores que ajudam muito na boa campanha é a ótima fase atual
de José Theodore. Exatamente, acredite se quiser. Até a sova sofrida
ontem diante dos Preds, ele havia levado apenas 13 gols em 8 partidas
consecutivas (Avs 5-2-1). Sim, o velho Théo, que não engana mais ninguém
está de volta numa boa fase. E os Avs naturalmente aproveitam, escalando-o
nos últimos nove jogos seguidos.
Porém, não se adiantem a dizer que ele retornou ao que foi em 2002 —
trata-se de uma boa fase. Théodore vem colecionando decepções nos últimos
cinco anos, sempre porque todos esperam que ele seja aquele goleiro
sensacional de 2002. E ele nunca mais foi, exceto por lampejos. Como
o atual. Que talvez até já tenha encontrado seu muro nos três gols consecutivos
que o Nashville marcou no terceiro período de ontem.
Mas Théo não explica sozinho o relativo sucesso da equipe até aqui.
A explicação, conforme já dito, reside na vontade coletiva em superar
as ausências de importantes jogadores. Na raça que o time vem demonstrando
a cada jogo. Os Avs não estão vencendo porque têm um elenco refinado,
ou porque têm peças de reposição à altura. Não têm.
O fator fundamental foi definido por Ian Lapeierre: "Nós estamos ganhando
na raça."
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![]() Time de guerreiros, que vem vencendo na base da raça de seus integrantes. |
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![]() José Théodore de volta à forma MVP? Não, apenas uma boa fase na temporada. |