Por Allan Muir

Hoje em dia, nada mais são favas contadas nos tribunais. Se eles fossem previsíveis, O.J. Simpson teria passado a última semana na cadeia, não atuando em uma especial de televisão de duas partes. Ainda assim, a decisão do Tribunal Regional norte-americano, na última quarta-feira, que permitiu que Evgeni Malkin continue jogando pelos Penguins enquanto se desdobra a briga legal em torno do seu contrato, era totalmente previsível.

A sentença do juiz Loretta A. Preska não só significa que a cruzada de Malkin em busca do Troféu Calder provavelmente continuará sem interrupções, mas também que os prospectos Andrei Taratukhin, do Calgary, e Alexei Mikhnov, do Edmonton, podem continuar jogando na América do Norte.

Não se sabe é se eles vão conseguir jogar até o fim da temporada, porque o xis da questão ainda não foi decidido. A reivindicação do Metallurg Magnitogorsk, time da Superliga Russa, de que Malkin tem um contrato com ele é válida. Quando (e se) essa reivindicação for para a Justiça, os russos podem novamente requisitar uma reparação. Mesmo assim, as chances de o assunto chegar à Justiça — isso sem falar bas chances de o time russo sair vitorioso — não são altas.

A maior preocupação do time de Magnitogorsk não é impedir que Malkin jogue, mas levar esse assunto para um juiz decidir. Ele não espera voltar para casa com o fenômeno, mas espera uma fatia bem maior do bolo do que os US$ 200 mil que eles receberiam pelo acordo de transferência da Federação Internacional de Hóquei no Gelo. Baseado nos documentos que eu li e no impacto da sentença do Juiz Preska na quarta-feira passada, aposto que os russos sairão de mãos vazias.

Honestamente, eu sinto muito por eles. Já escrevi sobre a minha posição a respeito deste assunto: a NHL paga uma merreca pela sua força de trabalho européia, e esses times têm todo o direito de se sentir prejudicados quando jogadores de elite como Malkin se vão. Mas é assim que o sistema funciona com um acordo de transferência que foi ratificado por todos os países exceto a Rússia.

Levantar-se sozinhos contra o sistema pode ser moralmente louvável, mas não deixa os russos pisando em uma base sólida. Eles podem pedir o que quiserem, mas não vão conseguir. Certamente não em uma côrte americana, e certamente não da benevolência de uma NHL que não está disposta a estabelecer precedente algum fora do acordo de transferência.

Isso tudo pode ficar bem interessante dependendo do impacto que tiver nas próximas levas de estrelas russas. Não há ninguém no horizonte com o impacto em potencial de um Malkin ou um Alexander Ovechkin, mas com sólidos prospectos como o goleiro Semen Varlamov (Capitals), o defensor Yuri Alexandrov (Bruins) e o ponta Nikolai Kulemin (Maple Leafs) almejando chegar à América do Norte, você pode ter certeza de que os russos vão aprender uma lição depois desta situação toda e vão jogar de um jeito diferente.

Em primeiro lugar, eles vão te de enfiar o rabo entre as pernas e ratificar o acordo de transferência. Não há mesmo como escapar dele. Se um jogador estiver decidido a deixar a Rússia para ir jogar na NHL, como Malkin estava, ele achará uma maneira. É melhor ganhar alguma coisa em troca — nem que seja uma soma aviltante, como US$ 200 mil — do que não ganhar nada.

Em segundo lugar, você pode apostar que a brecha na lei trabalhista russa que permitiu a Malkin escapar será eliminada. Atualmente, a qualquer empregado naquele país — mesmo um jogador de hóquei — é permitido quebrar um contrato, desde que dê um aviso prévio de duas semanas. Não duvide que uma isenção a atletas seja incluída naquela legislação antes do próximo verão setentrional.

Não há nada que irrite mais os russos do que perder para americanos. No que se refere a jogadores de hóquei, eles não vão cometer os mesmos erros novamente.

Stars sem poderio
Normalmente, seria difícil criticar um time que tem campanha de 12-5, mas o Dallas Stars está fazendo ficar fácil.

Até sexta-feira, o time tinha perdido três de suas quatro partidas anteriores marcando apenas três gols — só um em igualdade numérica. A solitária vitória dos Stars foi um 1-0 na semana retrasada contra os miseráveis Coyotes. Na quarta-feira passada, contra os Islanders, os Stars dominaram o jogo, mas em nenhum momento pareceram querer a vitória e acabaram perdendo por 3-0.

O Dallas precisa desesperadamente de uma faísca que está faltando desde que Steve Ott se contundiu no tornozelo. Pode não estar distante uma pequena troca para trazer alguma disposição à terceira linha.

O fator Forsberg
Peter Forsberg deve uma decisão aos Flyers. Se ele quiser fazer parte desse time durante a reconstrução, ele tem de avisar à diretoria que está disposto a renovar antes de seu contrato terminar, no próximo verão setentrional. Se ele não o fizer, tem de deixar claro que o time pode oferecê-lo por aí, em busca de algum retorno antes que ele vá embora como agente livre.

Os problemas recentes com o pé de Forsberg podem parecer um obstáculo a qualquer troca, mas não são. Seu histórico médico é longo e manchado, e qualquer time que o alugue vai estar bem ciente dos riscos. É o lado positivo que Forsberg fornece quando saudável que deve permitir que o GG Paul Holmgren brinque de dono do mundo e consiga uma peça importante para começar a reconstruir sua franquia.

Hitchcock escolha óbvia demais em Columbus?
O mandato de Gary Agnew como técnico na NHL pode não durar muito, já que o Columbus Blue Jackets pediu permissão para conversar com o ex-técnico dos Flyers Ken Hitchcock. É um nome de apelo, mas é mesmo esse rumo que eles querem tomar?

Hitch obviamente é capaz de acender fogueiras debaixo de traseiros acomodados, e essa é uma qualidade de que esse grupo precisa. Mas, vendo o talento que ele tem para trabalhar, é de se questionar se ele é a melhor escolha para o Columbus ou simplesmente a mais óbvia.

Ele vai ter muito menos para trabalhar do que tinha quando fracassou na Filadélfia, e ele sempre carregou a reputação de depender demais de veteranos em detrimento do desenvolvimento de jogadores mais jovens. Em um time em construção como os Blue Jackets, isso não parece ser a receita para progresso a longo prazo.


Allan Muir é jornalista do site SI.com. O artigo foi traduzido por Alexandre Giesbrecht.
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Página publicada em 22 de novembro de 2006.