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28 de maio de 2004
Dez razões para fazer desta uma final especial

Por Marco Aurélio Lopes

"Acredite!" Esta era a manchete do site do Tampa Bay Lightning após a vitória no jogo 7 contra os Flyers, que levou a equipe pela primeira vez às finais da Copa Stanley. Do outro lado, um dos primos pobres do Canadá, senão o mais pobre dos times canadenses. Apenas algumas curiosidades que podem fazer desta uma final emocionante, histórica e, principalmente, com um gostinho extra. Resolvemos então listar algumas razões que podem levar a esta conclusão. Depois liste as suas também.

1. Milhagem Extra:
Desde 1993, quando Montreal e Los Angeles se enfrentaram, jamais houve uma final com uma distância tão grande entre as cidades. Afinal, Calgary e Tampa ficam a apenas 3.195 km de distância (ah, Montreal fica a 3.449 km de Los Angeles). Ou seja, viagens desgastantes, especialmente após o jogo 4, quando se alternam as sedes, poderão ser um fator nesta série.

2. Dinheiro traz felicidade?
Aparentemente não. Tampa Bay e Calgary não estão entre as maiores folhas salariais da liga. Ao contrário, foram despachando, ou assistiram de poltrona, grandes "investidores", como Detroit, Philadelphia, Dallas, New York Rangers e outros pelo meio do caminho. Pelo menos em 2004, ter vários jogadores caros não significou muita coisa.

3. Viva a Juventude!
No gancho do tópico anterior, ao mesmo tempo Flames e Lightining investiram em jogadores jovens para criar bases sólidas e que agora se mostraram também vitoriosas. Afinal, de veteranos, mesmo, só vêm à cabeça Andreychuk, Sydor e Khabibulin, pelo Tampa Bay, e Lowry, pelo Calgary. De resto, vários jogadores com muitos anos de NHL pela frente. Mas, mesmo assim, alguns que já têm vários anos de janela, como LeCavalier e Iginla.

4. A vingança de Martin:
2004 foi, sem dúvida, uma temporada de sonho para o pequenino Martin St. Louis, que se consagrou como artilheiro e principal arma ofensiva do Tampa Bay. Uma resposta sensacional àqueles que duvidaram de sua capacidade de triunfar na NHL, como os próprios Flames, por onde St. Louis passou por apenas uma temporada, por ser considerado — assim como por outras equipes — "pequeno" demais para a NHL. Curioso é o Calgary dizer isso, quando um de seus maiores nomes na história foi o também diminuto Theoren Fleury...

5. Duelo europeu nas traves:
Não, não estou falando de competição de ginástica, mas, sim, da disputa paralela entre dois goleiros do Velho Continente, onde o russo Khabibulin e o finlandês Kiprusoff fazem a segunda final da história da NHL entre dois goleiros titulares vindos da Europa (Hasek, tcheco, venceu Irbe, letão, em 2002, quando o Detroit superou o Carolina). Porém, ao contrário da primeira disputa, os goleiros poderão ter papel muito mais influente, dada a similaridade entre os dois elencos.

6. Queremos gols!
Depois de temporadas em que os vencedores chegavam porque jogavam focados em defender, em não perder antes de ganhar, em não levar o gol antes de fazê-lo, neste ano Tampa Bay e Calgary chegam por apresentar um jogo que extrai o máximo do poder ofensivo de seus jogadores. Claro, ambos os times têm goleiros espetaculares e defesas vigorosas e sólidas, prontas para o jogo físico, mas não se pode negar que os dois jogam muito mais bonito que equipes finalistas em outros anos, com um jogo coletivo, de troca de passes, habilidade na patinação e muita velocidade, o que pode garantir jogos com artilharia pesada.

7. Andreychuk e Iginla, os capitães:
Mais duas belas histórias aqui, já que cada um vai ter uma razão extra para levantar a Copa Stanley. Andreychuk, do alto de seus 40 anos, após mais de 20 anos de carreira e 1,7 mil jogos sem vencer uma única Copa Stanley, tem a chance de fazer isso como o grande tutor de uma legião de jovens do Lightining. Já Iginla, que viveu alguns dos piores anos do Flames, mas sempre jurou amor à equipe por onde ingressou na NHL, pode ser a história viva de um jogador que viveu a boa a e má fase de uma equipe sem jamais desistir. E, além disso, tornar-se o primeiro jogador de descendência negra a ser capitão de um time campeão da Copa.

8. Yes, nós temos jogadores de hóquei!
Ele tem nome de canadense, pinta de canadense, fala inglês (possivelmente melhor que português) e joga na seleção canadense. Mas nasceu no Brasil! Sim, queiram ou não, Robyn Regehr é um "canadense do Recife", e isso vem em todos os informes. E, de certa forma, podemos dizer que nas finais da Copa Stanley há um jogador nascido aqui. E, ainda mais, sendo campeão. Agora é ver se ele vem ao Brasil para passar seu dia com a Copa...

9. Nova era na liga?
Desde 1995, as finais da Copa Stanley sempre tiveram Detroit, New Jersey, Dallas ou Colorado. Também, estes quatro times dividiram todas as Copas do período. Depois de algumas zebras (Panthers, Capitals, Sabres, Hurricanes e Ducks), finalmente neste ano os dois finalistas não são do quarteto de ferro que domina a NHL. E, tendo em vista que as finais em que dois destes quatro times não estavam envolvidos acabaram sendo grandes decepções, desta vez Flames e Lightning, que você ainda pode considerar zebras, devem promover um espetáculo de alto nível. Afinal, os Flames vão para a sua segunda Copa apenas (já venceram uma, mas há longínquos 15 anos), e o Lightning jamais havia chegado sequer às finais de conferência. Ou seja, poderemos ainda por cima ter um campeão inédito.

10. Oh, Canadá!
O hino canadense vai ser executado para uma das equipes, finalmente, depois de dez anos. Muito para a nação que inventou o hóquei, ainda mais para seus fanáticos torcedores. Desde que o Vancouver chegou — e perdeu — às finais de 1994, um time do "norte da fronteira" não retornava à disputa do Santo Graal do hóquei. Uma temporada repleta de surpresas merecia ter uma equipe do Canadá nas finais. Canadá este que já vencera as Olimpíadas em 2002, pode mais uma vez superar os americanos, desta vez na figura do Calgary Flames, equipe que já esteve à beira da extinção e agora surge como a ressurreição do combalido hóquei das equipes do país, que há anos lutam com seu desvalorizado dólar local. Para se ter idéia, torcedores de todo o país abraçaram a causa dos Flames, até os arqui-rivais do Edmonton Oilers. Ou seja, no quesito torcida, 10-0 para o Canadá (até porque hóquei em Tampa não é o que se pode chamar de esporte favorito...).

Essas foram apenas dez histórias dentro da grande história que deverá ser a final de 2004. Muitas outras serão reveladas e outras serão escritas. É assim que se escreve a história. E desta vez, um capítulo que tem tudo para ser "especial".

Marco A. Lopes, 28 anos, gostaria muito de ver uma final em sete jogos, com prorrogação e tudo mais, mas, principalmente, queria ver seus Penguins na decisão. Paciência.

 

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Página publicada em 25 de maio de 2004.