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28 de maio de 2004
1989: O ano que pode finalmente acabar em Calgary

Por Eduardo Costa

Nem Quebec, nem Ontário. Por alguns dourados anos, a província de Alberta foi sinônimo de hóquei num país onde esse esporte é religião. Os Oilers de Wayne Gretzky, Mark Messier e Jari Kurri e os Flames de Hakan Loob, Doug Gilmour, Joe Nieuwendyk e Al MacInnis dominaram a segunda metade da década de 80 na NHL.

Vindo de Atlanta em 1980, o Calgary Flames conquistou, degrau a degrau, a alcunha de uma das potência das ligas. O primeiro grande ato foi chegar à final de 1986, mas os comandados de Bob Johnson não foram páreo para os Canadiens de Patrick Roy.

Em 1988, Calgary tornou-se a capital mundial dos esportes ao sediar os Jogos Olímpicos de Inverno. Se para nós, do Hemisfério Sul, os Jogos de Inverno têm pouca importância, para os países do norte do globo o quadro é bem diferente. Os jogos representaram muito para a auto-estima da inóspita cidade.

Com o Olympic Saddledome (nome do atual Pengrowth Saddledome) servindo de palco principal do evento, os Flames tiveram que atuar praticamente um mês inteiro (fevereiro) fora de casa. Isso em nada prejudicou a equipe. Tanto que venceu não apenas seu primeiro título de divisão, como também o Troféu dos Presidentes como equipe com mais pontos em toda a temporada. O ano fantástico acabou de forma melancólica para o time, ao ser varrido pelo odiado Edmonton Oilers.

A glória maior só viria um ano mais tarde, já com Terry Crisp no comando.

A ida de Gretzky para os Los Angeles Kings ajudou um pouco para que o Calgary reinasse absoluto no oeste canadense. Não só lá, mas também em toda a NHL, já que em 1989 os Flames, pelo segundo ano consecutivo, venceriam o Troféu dos Presidentes.

A equipe era tão boa que o talentoso novato Theo Fleury tinha pouco tempo de gelo, atuando na quarta linha da equipe. Cometer uma penalidade contra os Flames era quase sempre fatal. A equipe de vantagem numérica — com Gilmour, Mullen, Nieuwendyk, Suter e MacInnis — assustava.

Joe Mullen estabeleceu naquela temporada seus melhores números, com 51 gols e 110 pontos. Nieuwendyk pelo segundo ano consecutivo marcava 51 gols. O capitão Lanny McDonald jogava sua 16.ª e última temporada e tinha sua chance derradeira de vencer a Copa Stanley.

A caminhada nos playoffs começou complicada contra o Vancouver Canucks, equipe que havia somado 43 pontos a menos que os Flames na temporada regular. A série foi decidida apenas na sétima partida, com o heróico Joel Otto marcando na prorrogação.

O esperado duelo Oilers-Flames não aconteceu. O time de Edmonton caiu frente ao Los Angeles Kings liderado por Wayne Gretzky, mas o "Great One" e os Kings foram varridos pelos Flames. A série seguinte foi sangrenta, contra o Chicago Blackhawks. Série também vencida sem maiores dificuldades em cinco jogos. Com isso, o Calgary Flames garantiu a sua segunda final de Copa Stanley em quatro anos.

Nas finais, um velho rival: seria a chance de dar o troco da derrota de 1986 ao poderoso Montreal Canadiens.

Após alternarem vitórias nas duas primeiras partidas, o Montreal venceu o terceiro jogo das finais. O desconhecido Ryan Walter marcou, na segunda prorrogação, o gol da vitória por 4-3 que deu aos Habs a vantagem na série. Mas com Al MacInnis inspirado tudo foi igualado no jogo 4.

A quinta partida, disputada em Calgary, teve um público acima de 20 mil torcedores (mais do que a capacidade da arena). Euforicamente, eles viram a vitória de 3-2 deixar o time a apenas uma vitória da tão desejada Copa.

Jogo 6 em Montreal. Torcida da casa com confiança, pois jamais os Canadiens haviam perdido a Copa jogando no histórico Fórum de Montreal. Tudo tem sua primeira vez.

Lanny McDonald fez o último gol de sua carreira e pôs os Flames na frente por 2-1 no segundo período. Doug Gilmour faria o gol da vitória e da Copa aos 4:24 do terceiro, e ainda fecharia o caixão ao marcar o quarto, na rede deixada vazia por Patrick Roy.

Copa Stanley conquistada e o sentimento de inferioridade em relação aos rivais estaduais, Edmonton Oilers, evaporado. Al MacInnis tornou-se apenas o quarto defensor a ser eleito o MVP dos playoffs. Ele marcou ao menos um ponto em 17 jogos consecutivos na pós-temporada e somou 31 no total.

Essa Copa é até hoje a única conquistada pelos Flames. Jovens atletas, como Iginla, Regehr e Leopold, tentarão escrever nos próximos dias mais uma vez o nome de Calgary nela. E tornar 2004 um ano tão especial para história da cidade quanto 1989.

Eduardo Costa tenta, em vão, agradar a mãe de sua namorada, mas a velha acha que ele é um derrotado, ordinário e sem futuro. O pior é que ela tem razão!

 

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Página publicada em 25 de maio de 2004.