|   Por 
          Igor Vasconcelos, 
          especial para a The Slot BR 
           
          O último Campeonato Mundial de Hóquei promovido pela FIHG (Federação 
          Internacional de Hóquei no Gelo) terminou no dia 9 de maio, com mais 
          um título do Canadá, agora com 23 medalhas de ouro na competição. No 
          momento, os canadenses acumulam os títulos de campeão mundial e olímpico, 
          masculino e feminino. Nada mais justo para o país do hóquei.  
           
          Jogos entre seleções ainda conservam as características originais do 
          esporte: um jogo aberto, com muitos gols, belas jogadas e emoção do 
          começo ao fim. Exatamente o contrário do que a NHL vem se tornando ultimamente, 
          com mirabolantes esquemas defensivos e todo tipo de agarramento; não 
          tardará o dia em que presenciaremos um homicídio só para não 
          levar um gol...  
           
          Voltando ao assunto principal, com o título deste ano o Canadá tornou-se 
          bicampeão  ambos os títulos foram sobre a Suécia, em finais emocionantes. 
          Desde 1959 o Canadá não ganhava dois torneios consecutivos. No ano passado, 
          os inventores do hóquei deram um passeio, não tomando conhecimento dos 
          adversários e conquistando o título invictos, com oito vitórias 
          e apenas um empate. Já neste ano a coisa mudou de figura. Mais atentos 
          e fechados na defesa, os adversários queriam a qualquer custo tirar 
          o caneco das mãos canadenses. 
           
          O título veio, porém com muitas dificuldades. Além de ter perdido a 
          invencibilidade frente aos tchecos, os campeões tiveram placares 
          apertados, virando jogos difíceis para chegar à medalha dourada. 
           
          Na fase preliminar, um empate com a Áustria do surpreendente goleiro 
          Reinhard Divis, reserva dos Blues, que fechou o gol, e uma vitória magra 
          sobre a França, pior time do torneio, que só veio a marcar gols nos 
          dois últimos jogos do torneio da morte (relegation round), que 
          define as seleções rebaixadas para a segunda divisão do campeonato. 
          Para selar o primeiro lugar do grupo, uma vitória contra a Suíça de 
          Martin Gerber, goleiro do Anaheim. 
           
          Já na fase de classificação, os canadenses venceram a Letônia 
          e a Alemanha e perderam para a República Tcheca por um placar elástico, 
          o que lhes deu a segunda posição no grupo, tendo que enfrentar a Finlândia 
          nas quartas de final. A partir daí, começou um festival de viradas espetaculares, 
          com muita emoção. A semifinal foi contra a Eslováquia, e a classificação 
          veio com um gol controverso de Shawn Horcoff. 
           
          A final foi uma repetição do ano passado, contra a Suécia, que foi logo 
          abrindo 2-0 em menos de oito minutos, com as estrelas do Ottawa Senators 
          Jonas Hoglund e Daniel Alfredsson. O capitão canadense pelo segundo 
          ano consecutivo, Ryan Smyth (do Edmonton Oilers), diminuiu, mas Andreas 
          Salomonsson aumentou a vantagem viking ainda no primeiro período. 
           
          O segundo período registrou o início da virada, com um golaço de Dany 
          Heatley, que recebeu um longo passe do defensor veterano Scott Niedermayer, 
          para marcar livre. O empate veio num gol contra de Michael Nylander, 
          que foi creditado para o irmão de Scott, Rob Niedermayer. Com o momento 
          todo a seu favor, o terceiro período foi a confirmação de mais um título 
          canadense, com gols de Jay Bouwmeester e Matt Cooke. Um fato curioso 
          é que no ano passado a Suécia também tinha uma vantagem de 2-0, mas 
          acabou perdendo a medalha de ouro pelo placar de 3-2. 
           
          Dany Heatley foi o maior destaque do torneio, já totalmente recuperado, 
          depois do acidente de carro que matou o amigo e companheiro Dan Snyder, 
          além de deixá-lo com uma grave contusão que o tirou da maior parte da 
          temporada de 2003-04. A volta por cima foi justamente um ano depois 
          de ter aparecido como estrela mundial, no torneio do ano passado, em 
          que também havia sido destaque. Neste ano, Heatley foi considerado o 
          MVP do campeonato, além de melhor atacante, maior pontuador  com 
          11 pontos em nove jogos , artilheiro com oito gols e de ter sido 
          nomeado para o time das estrelas. Ty Conklin, dos EUA, foi considerado 
          o melhor goleiro da competição, e Dick Tarnström, da Suécia e dos 
          Penguins, foi o melhor defensor. 
           
          O goleiro do Florida Panthers, Roberto Luongo, também foi fundamental 
          para as duas conquistas canadenses, fazendo defesas monumentais em momentos 
          críticos dos jogos. Além dele e de Heatley, Daniel Briere e Ryan Smyth 
          estiveram nas duas campanhas vitoriosas. Devido à campanha vitoriosa, 
          o Canadá levará os mesmos jogadores para a Copa do Mundo, que será realizada 
          nos Estados Unidos e no próprio território canadense.  
           
          Sempre lembrando que o campeonato acontece durante os playoffs da NHL, 
          muitas seleções são prejudicadas por não ter suas estrelas, não liberadas 
          para disputar o torneio. Já outros são inscritos no meio da competição, 
          quando seus times são eliminados na NHL, caso de Alfredsson, que reforçou 
          a Suécia depois que os Sens perderam para os Maple Leafs. Uma solução 
          para esse problema seria adiar o campeonato por um mês e colocá-lo durante 
          as férias da NHL, mas essa medida traria problemas, como cansaço de 
          jogadores, que querem gozar férias, e também pode chocar-se com o calendário 
          de outras ligas ao redor do mundo. 
           
          Mas o que vale mesmo é o amor à camisa na hora de defender o país. Prova 
          disso foi o depoimento de Ryan Smyth durante as comemorações do título: 
          "Não apenas estamos orgulhosos do que fizemos aqui, mas orgulhamos o 
          Canadá." 
           
          Decepções  
           
          República Tcheca  Jogando em casa, com a torcida lotando arenas 
          e empurrando o time, com a superestrela Jaromir Jagr, o goleiro sensação 
          Tomas Vokoun e mais uma constelação, foi eliminada muito precocemente 
          pelos Estados Unidos nas quartas-de-final, perdendo nos pênaltis. Pelo 
          menos, acabaram invictos. 
           
          Rússia  Antigo império do hóquei, não passou da décima 
          posição, sendo eliminada por 4-0 pela Finlândia, ainda na fase de classificação, 
          o que permitiu o empate canadense em número de títulos. Nem o jovem 
          artilheiro Ilya Kovalchuk e a futura primeira escolha Alexander Ovechkin 
          resolveram o problema russo. 
           
          Dinamarca  Após surpreender o mundo do hóquei no ano passado, 
          ganhando dos Estados Unidos e empatando com o Canadá logo na sua estréia 
          na primeira divisão, os dinamarqueses perderam o encanto e foram impiedosamente 
          goleados por quase todos, ganhando apenas do Japão. E só por causa de 
          um bizarro gol contra do "craque" Nobuhiro Sugawara. Espera-se que no 
          próximo ano apresente alguma evolução, em vez de continuar nessa queda 
          deprimente. 
           
          No ano que vem, a emoção será na Áustria, nas cidades de Viena 
          e Innsbruck. 
        
           
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            Igor Vasconcelos é leitor desta revista 
                online, sonha em morar no Canadá e assistir a hóquei 
                ao vivo todo dia, jogar hóquei nos Habs, ir a um show do 
                Metallica e ser colunista de The Slot BR.  | 
           
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            | CAMPEÕES A seleção 
              canadense posa para a tradicional foto de campeão (FIHG/CP 
              - 2004) | 
           
           
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            | MVP Danny Heatley foi o MVP 
              do campeonato (FIHG/CP - 2004) | 
           
         
         
        
           
            | A CAMPANHA CANADENSE | 
           
           
            | 2-2 Áustria | 
           
           
            | 3-0 França | 
           
           
            | 3-1 Suíça | 
           
           
            | 2-0 Letônia | 
           
           
            | 6-1 Alemanha | 
           
          
            | 2-6 República Tcheca | 
           
           
            | 5-4 Finlândia | 
           
           
            | 2-1 Eslováquia | 
           
           
            |  5-3 Suécia | 
           
         
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