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21 de maio de 2004
A diferença dos times especiais

Por Marcelo Constantino

Numa série realmente equilibrada, em que cada mínima vantagem comparativa pode fazer a diferença, times especiais valem ouro. Até o jogo 5, o time de matar penalidades do Philadelphia Flyers mal vinha conseguindo segurar os disparos de Boyle, Richards, Lecavalier, St. Louis & cia. Na terça-feira a vaca foi para o brejo. A vantagem numérica dos Bolts estourou de vez e foi o fator primordial que colocou o time a um passo da final da Copa Stanley.

Aliás, não foi nada surpreendente, a bem da verdade, basta verificar o retrospecto dos times especiais de ambas as equipes nesta final de conferência. O Lightning marcou gols em vantagem numérica (VN) em todos os jogos da série, exceto o primeiro. Os Flyers marcaram apenas um, no jogo 2. Na verdade, o Philadelphia marcou apenas uma vez nas últimas 36 chances que teve (nesta série, apenas um gol em 23)! E isso com aquele arsenal de atiradores que possuem, ainda que figurões como John LeClair e Tony Amonte ainda estejam devendo ofensivamente.

Com os três gols consecutivos no jogo 5, os Bolts somam seis gols em VN em três jogos. Das duas, uma: ou os Flyers começam a matar essas penalidades com extremo vigor, ou começam a fazer valer a própria VN também.

Na semana passada, escrevi aqui que os Flyers tinham tudo que um time precisa para ser campeão. Revendo o texto, hoje eu gostaria de inserir um "exceto por bons times especiais" naquela frase. Na verdade um time até pode prescindir de sua VN para colocar as mãos na Copa Stanley, mas dificilmente poderá fazê-lo se não conseguir matar penalidades com eficiência.

Marcando primeiro --
Os dois times têm ótimo retrospecto quando marcam primeiro, mas os Bolts são dominantes neste ponto: venceram nove das dez partidas em que saíram na frente no placar. Quando Ruslan Fedotenko meteu o primeiro disco para dentro do gol de Robert Esche na terça-feira, veio o alívio. Os dois gols de Richards no período seguinte cimentaram essa segurança.

Os Flyers reagiram ainda no segundo e tiveram todo o terceiro período para empatar (inclusive disparando 15 vezes sobre Khabibulin), mas não conseguiram. O goleiro do Tampa Bay estava sólido frente às poderosas armas da equipe laranja.

Equilíbrio --
Tampa Bay e Philadelphia têm protagonizado uma guerra em que cada time ganha uma batalha por vez. Cada um ganhou e perdeu pelo menos uma partida em casa, alternando vitórias. Pode até ser que a série termine na quinta-feira em seis jogos, mas até aqui tudo indica que iremos até o jogo 7.

Ainda não tivemos prorrogações -- na verdade apenas o jogo 4 foi decidido com um gol de diferença --, e já tivemos até goleada, mas que há um grande equilíbrio, há. Mesmo no jogo 5, os Flyers não desistiram depois de levar três gols, equilibraram as ações no segundo período e dominaram a segunda metade do jogo. Faltou, claro, marcar apenas mais um golzinho.

Uma das faces desse equilíbrio é o herói que surge a cada jogo. Como cada time tem ganho alternadamente, cada dia um jogador tem seu dia de rei. Após o jogo 4, Keith Primeau estava estampado em várias das matérias sobre a série, chegando inclusive a ser entrevistado por John Buccigross no intervalo do jogo 5 entre Flames e Sharks, que foi transmitido ao vivo para o Brasil. Primeau sumiu das manchetes após o jogo 5 do Leste, e quem despontou foi Brad Richards.

Num time em que Vincent Lecavalier sempre foi apontado como o craque do futuro e que Martin St. Louis é apontado como o craque do presente, Richards tem sido considerado um ótimo coadjuvante para os dois. Com os dois gols marcados no jogo 5, inclusive o da vitória, os holofotes voltaram-se para ele. Isso até o jogo 6.

E que guerra deverá ser esse jogo 6. Na programação da ESPN consta que ele será transmitido em VT de madrugada, às 23:30 do horário de Nova York. Vale a pena conferir.

Marcelo Constantino não consegue conceber a realização de Olimpíadas na cidade do Rio de Janeiro.
ABRINDO O PLACAR Quem abre o placar tem grandes chances de vencer, ao menos tem sido assim nos jogos entre Flyers e Bolts. Ruslan Fedotenko (foto) abriu o placar no jogo 5 e o Lightning venceu, ficando a uma vitória das finais da Copa Stanley (Rick Runion/Reuters - 18/05/2004)

 

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Página publicada em 19 de maio de 2004.