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          Marcelo Constantino 
           
          Um final do Leste entre Montreal e Toronto era um sonho para qualquer 
          torcedor tradicionalista do hóquei. Além do valor histórico, seria a 
          garantia de ao menos um time canadense na final da Copa Stanley, fato 
          que não ocorre desde 1994, quando o Vancouver perdeu a final para o 
          NY Rangers em sete jogos.  
           
          Era sonho e permanece assim, porque o cenário mais provável do Leste 
          é uma final entre Tampa Bay e Philadelphia. A esperança canadense está 
          no Oeste, com o Calgary Flames. Vejamos a situação de cada time canadense 
          na primeira semana de jogos das semifinais de conferência.  
           
          Montreal Canadiens -- O Montreal simplesmente não consegue superar 
          o Tampa Bay. Os Bolts demonstram novamente que não estão aqui apenas 
          porque a Divisão Sudeste é um lixo, o time deles tem muito talento. 
          Os Habs têm evoluído a cada partida. No jogo 2, depois de marcarem o 
          primeiro gol na série, até que dominaram o adversário. Mas o Lightning 
          tem Khabibulin e logo esfriou o ataque canadense para vencer mais uma. 
           
           
          No jogo 3 eles dominaram a maior parte do tempo e tinham a vitória nas 
          mãos até o meio minuto final, quando os Bolts empataram e levaram a 
          partida até a vitória, logo no começo da prorrogação. Um verdadeiro 
          banho de águas gélidas. É até provável que os Canadiens vençam a próxima 
          partida, mas uma virada na série seria de um ineditismo ímpar.  
           
          Toronto Maple Leafs -- O caso dos Maple Leafs é diferente, a série 
          contra os Flyers tem sido mais equilibrada, só que parece cada vez mais 
          claro que o time canadense não é páreo para o time da Pensilvânia nesses 
          playoffs. Toronto fez uma ótima partida no jogo 2 e ainda assim não 
          foi suficiente, ainda que aquele tiroteio para cima de Ed Belfour nem 
          tenha se repetido. O time de Hitchcock está demonstrando a que veio, 
          dominou o terceiro período e marcou o gol da vitória em vantagem numérica. 
           
           
          Os Leafs têm dificuldades em superar o esquema fechado dos Flyers, mesmo 
          com a volta de Mats Sundin. Joe Nieuwendyk contundiu-se e não participou 
          do jogo 2, o que só agravou ainda mais a situação.  
           
          Quando um goleiro como Robert Esche começa a se destacar dessa forma 
          e quando um atacante como Alexei Zhamnov segue sendo decisivo, temos 
          de admitir que este é um time iluminado. 
           
          Aliás, temos de nos redimir em relação a Esche. Goleiro é a posição 
          mais problemática dos Flyers há cerca de uma década e este jovem foi 
          alçado à condição de titular apenas dias antes de começarem os playoffs. 
          É bom lembrar que Sean Burke foi contratado para ser o número 1. Esche 
          encarou pela frente, em sua primeira participação efetiva em playoffs, 
          nada menos que o time campeão e o melhor goleiro da atualidade, Martin 
          Brodeur. E os derrotou de forma sólida. Agora encara aquele que é (ou 
          era, até começar esta fase) o goleiro mais quente do momento, que praticamente 
          deu a classificação para seu time, Ed Belfour. E o está derrotando. 
           
           
          Calgary Flames -- No Oeste, os Flames não chegam exatamente a 
          surpreender os Red Wings, afinal quem fica surpreso hoje em dia com 
          o Detroit tendo problemas em vencer um time supostamente mais fraco 
          nos playoffs?  
           
          Com a exceção natural do jogo 2 -- partida estranha, em que os Wings 
          dos playoffs realmente pareciam os Wings da temporada regular; foi a 
          primeira vez em 12 jogos de playoffs que o supostamente poderoso ataque 
          do time marcou cinco gols numa partida --, os Flames seguem fielmente 
          seu plano de jogo, jamais desistem de uma jogada ou do jogo em si, e 
          mantém vivo o fantasma que assola o Detroit desde a temporada passada. 
           
           
          Seja lá o for o fantasma, a diferença básica dos Red Wings para os Flames 
          é indiscutível: os jogadores do Calgary demonstram muito mais vontade 
          de vencer e batalham intensamente do começo ao fim. Não existe disco 
          perdido, não existe jogada para ser deixada para o adversário.  
           
          Muito se fala de Jarome Iginla e os Wings o têm alvejado como podem, 
          Derian Hatcher à frente. Chega a ser patético como o assunto toma conta 
          da pauta: o time que supostamente rolaria quatro fortes linhas e que 
          tem possivelmente o melhor plantel defensivo da liga fica preocupado 
          em como parar um único jogador -- cujo sobrenome nem é Lemieux e cuja 
          camisa nem é #66. Coloca Lidstrom, coloca Hatcher e Chelios, coloca 
          os grinders, distribui trancos sempre que puder para cima dele. 
          De nada adianta, o restante do time faz os gols e Iginla ainda encontra 
          espaço para marcar o seu, em vantagem numérica no jogo 3. No mais, o 
          filme é o mesmo.  
           
          E o mais interessante: os Flames estão jogando sem alguns de seus principais 
          defensores.  
           
          Não há a menor dúvida de que o Calgary Flames é a aposta mais certeira 
          para que um time canadense se classifique para as finais de conferência. 
          Em resumo, basta manter a vontade inabalável que os jogadores vêm demonstrando 
          nesses playoffs e esperar pelo natural desespero dos Wings -- que dificilmente 
          se traduz em tornar-se um time mais batalhador. Praticamente não fica 
          ninguém na frente de Kiprusoff quando Holmstrom não está no gelo, o 
          que facilitará bastante as dezenas de discos que os Wings dispararão 
          ao gol dos Flames. E será ótimo para aumentar o percentual de defesas 
          e o moral do goleiro para a fase seguinte.  
           
          Entretanto, sem ilusões: não está sendo e não será nada fácil. Esta 
          tem sido a única série equilibrada desta fase.  
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            | A UM PASSO DO ADEUS Mesmo 
              jogando o que se espera dele, Alexei Kovalev não tem sido 
              suficiente para o Montreal Canadiens superar o Tampa Bay Lightning 
              (Paul Chiasson/AP - 27/04/2004) | 
           
           
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            | DURÃO QUE PRODUZ Com 
              a ausência de Sundin e Nolan, Tie Domi tem sido um dos mais 
              produtivos jogadores dos Maple Leafs nesses playoffs (Mike Cassese/AP 
              - 16/04/2004) | 
           
           
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            | CENTRO DAS ATENÇÕES Jarome 
              Iginla é o centro das atenções, seja dos Red 
              Wings, seja da imprensa. Ele tem sido realmente um dos melhores 
              jogadores desses playoffs (Jeff McIntosh/AP - 09/04/2004) | 
           
         
          
        
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