Por Thomaz Alexandre

Neste último domingo o goleiro titular dos Canucks, Dan Cloutier, sofreu algo que até agora foi descrito como "contusão num membro inferior" e foi substituído pelo reserva Johan Hedberg. Hedberg, assumindo o gol por pouco mais de dois períodos, fez 19 defesas sem ser vazado e garantiu a vitória do Vancouver.

Se Cloutier se contundiu mesmo no joelho, como alguns membros da imprensa supõem, Hedberg deve ser o goleiro do Vancouver Canucks daqui em diante nesses playoffs.

Hedberg e Cloutier têm praticamente a mesma experiência em pós-temporada. O sueco de 30 anos já jogou 18 partidas, todas pelos Penguins em 2001, e o canadense, às vésperas de completar 28, disputou 24 jogos de playoffs, sempre pelos Canucks entre 2001 e 2004.

Dan Cloutier foi a 26ª escolha geral pelos Rangers no recrutamento de 1994. Hedberg saiu no mesmo ano, 182 escolhas depois, para os Flyers.

O que Cloutier tem, e Hedberg não, é contato prévio com o desastre. Em dois jogos nos playoffs 2001, Cloutier sofreu nove gols. Em 2002, sofreu 16 em 6 naquela fatídica série contra o Detroit Red Wings. Já em sua campanha melhor sucedida, ou do time com seus serviços, teve sete vitórias e sete derrotas sofrendo em média 3,24 gols por jogo sem nenhum shutout, levando os Canucks à eliminação nas semifinais de conferência.

Hedberg, em sua única campanha, levou os Penguins às finais do Leste, com campanha de 9-9, média de 2,30 gols sofridos, dois shutouts e 91,1% de defesas. Óbvio que esta amostra é ínfima, ainda mais já tendo se passado três anos e o time ser outro. Ninguém deve esperar um surto de "Moose" em Vancouver, longe disso. Em 2001, Hedberg inflou seus números às custas de um pesado left wing lock, e contra dois ataques anêmicos, o Washington Capitals de Ron Wilson e o Buffalo Sabres de Lindy Ruff. Depois, foi queimado pelos também retranqueiros Devils.

E, apenas para constar, Johan Hedberg foi apelidado Moose logo em seus primeiros jogos pelos Penguins, por usar a máscara azul com a temática de seu ex-time na AHL, o Manitoba Moose. Por coincidência, hoje o Moose é afiliado dos Canucks, atual time de Hedberg.

Voltando. Qual é a melhor das esperanças? O palpite educado que dou aos fãs dos Cakucks: Hedberg provavelmente não perderá nenhum jogo que Cloutier perderia, até pelo seu perfil de tranqüilo e concentrado. Mas não esperem que ele roube jogos a favor de vocês. Contra Calgary agora, e caso Vancouver não cruze nas próximas fases com Detroit, San Jose ou Colorado, Hedberg é perfeitamente adequado às necessidades da equipe. Mas contra um ataque mais poderoso, será pedir demais uma atuação estelar dele.

Quais ramificações esta contusão pode ter no futuro? Algumas. Se Hedberg não for nada de mais, tudo na mesma. Mas se ele esquentar contra Calgary ou outro time mais fechado, o que não é impossível, e levar os Canucks uma ou duas fases adiante, Cloutier pode perder a titularidade. E isso, pasmem, é ruim para o time canadense.

Hedberg é três anos mais velho que Cloutier, logo muito mais próximo de adentrar a fase de declínio de sua carreira. E fora aquela única experiência de Hedberg nos playoffs, a carreira de Cloutier é muito mais significativa até aqui.

Hedberg jamais se manteve com um percentual de defesas acima de 91%, enquanto Cloutier vem subindo seus números em temporada regular anualmente desde 2001. Nesse mesmo ano o canadense teve basicamente o triplo de partidas e ganhou de 91,4 a 90 no percentual de defesas. É óbvio que Marc Crawford, treinador dos Canucks, não confia em Cloutier para os playoffs, e essa chance com Hedberg pode ter sido a desculpa que ele há muito esperava. Mas se o maior usuário de studio line entre os técnicos da NHL quer um definitivo upgrade na posição, deve buscar em outro lugar, a começar pelo próximo período entre-temporadas.

Por enquanto, porém, é depositar mesmo todas as esperanças em Hedberg e seu esparso, porém tentador retrospecto.