|    Por 
          Marcelo Constantino 
           
          Até os últimos dias havia uma expectativa em Detroit quanto ao adversário 
          a ser enfrentado na primeira fase dos playoffs. A torcida maior era 
          pelo St. Louis, freguês cativo e passagem obrigatória para os Wings 
          chegarem ao título da Copa Stanley. Chegou uma hora que ficou entre 
          Edmonton e Nashville, até que o Vanvouver selou o fim do sonho canadense. 
           
           
          Para os Wings, melhor os Preds que os Oilers. É um time que chega pela 
          primeira vez aos playoffs, ao contrário de um time de tradição, que 
          conta com torcedores de longa data e mídia fervorosa (como qualquer 
          outra canadense). Em Nashville há uma boa quantidade de torcedores dos 
          Wings que comparecerão aos jogos e há também a sensação de que o gol 
          já foi alcançado com a classificação. Isso naturalmente joga toda a 
          pressão e obrigação nas costas do Detroit, já que os Preds não têm nada 
          a perder. Time que quer ser campeão sabe lidar com isso.  
           
          Aos que acham que o time onde joga Greg Johnson (aquele mesmo que começou 
          a carreira no Detroit, na temporada recordista de 1995-96) irá amolecer 
          por já estar classificado, esqueçam. Darren McCarty, um verdadeiro porta-voz 
          do Detroit, atesta: "Eles são muito bem comandados, sempre jogam duro. 
          Sempre chegam junto, não desistem."  
           
          O pau comeu nos primeiros encontros entre Detroit e Nashville nesta 
          temporada, quando os Preds estavam vencendo os confrontos, precisamente 
          até dezembro. Numa das três partidas vencidas por eles, os Wings venciam 
          por 3-0 e acabaram derrotados por 4-3, ainda no terceiro período, numa 
          virada que acendeu o alerta em Detroit. Foi criada uma certa rivalidade 
          entre os dois, em função de entradas ríspidas e brigas subseqüentes 
          nesses jogos iniciais. Mais tarde, já na fase declinante do goleiro 
          Tomas Vokoun, neste ano, os Wings se recuperaram e venceram as três 
          seguintes.  
           
          Vamos dissecar os pontos básicos de cada time, começando pelo que mais 
          se preza em playoffs, goleiro e defesa:  
           
          Goleiros -- Tomas Vokoun começou tão bem que chegou a ser chamado 
          para o Jogo das Estrelas (ainda que esta relação seja falsa), mas entrou 
          em declínio dali em diante. O temor geral em Detroit é que ele dê uma 
          de Giguere e feche o gol, mas é algo que dificilmente ocorrerá da mesma 
          forma. Já Manny Legace cumpriu trajetória singular na temporada. Tido 
          como reserva número 1 da liga, conviveu com Curtis Joseph e Dominik 
          Hasek lado a lado durante algum tempo. E foi assistindo aos dois sofrendo 
          contusões, um após outro, e lhe abrindo um espaço cada vez maior. Com 
          isso ele simplesmente foi o goleiro que mais atuou pelo time na temporada 
          e que teve os melhores números dentre os três. Quando o Detroit esteve 
          repleto de jogadores da AHL, era ele que segurava -- e muito bem -- 
          as pontas no gol. Vantagem: Empate. 
           
          Defesa -- Nicklas Lidstrom, Chris Chelios, Derian Hatcher e Mathieu 
          Schneider formam um quarteto absolutamente inigualável na NHL de hoje. 
          Somente estes quatro já têm mais experiência em playoffs do que todo 
          o plantel dos Preds, comissão técnica inclusive. Isso não quer dizer, 
          evidentemente, que os Wings possuem a melhor defesa da liga -- e não 
          têm. Lidstrom fez boa temporada, mas foi a de menor produção em sua 
          carreira na liga. Schneider, pelo contrário, fez uma das melhores da 
          sua vida. Hatcher passou meses se recuperando de contusão e voltou somente 
          no último mês, sendo ele a esperança do time para que atacantes sejam 
          devidamente removidos da frente da área de Legace.  
           
          Do lado dos Preds, há bons e subvalorizados defensores: Kimmo Timonen 
          (tanto na defesa como no ataque), Mark Eaton (na defesa, líder disparado 
          do time em +/-) e o surpreendente Marek Zidlicky (este especialmente 
          no ataque, de preferência em vantagem numérica). Embora o plantel defensivo 
          do Nashville não seja fisicamente impostado ou intimidador, é veloz 
          (mais veloz até que o do Detroit). Vantagem: Detroit. 
           
          Ataque -- Aqui é onde reside o desequilíbrio. Vamos lá: Brett Hull, 
          Brendan Shanahan, Robert Lang, Pavel Datsyuk, Henrik Zetterberg, Steve 
          Yzerman. Uma carga dessas é areia demais para os bons Steve Sullivan 
          e Scott Walker & cia. Mas observemos aqui o alarme Sullivan: ele obteve 
          30 pontos nas 24 partidas disputadas pelo Nashville. Vantagem: 
          Detroit. 
           
          Vantagem numérica -- Vale praticamente o mesmo de cima, a quantidade 
          e variedade de armas ofensivas dos Red Wings é letal. Ali tem de tudo 
          o que é necessário a um bom time de VN: o armador de jogadas (Datsyuk, 
          Zetterberg), o matador (Hull, Shanahan), o quarterback (Lidstrom, 
          Schneider), os extras (Yzerman, Lang), o homem-de-frente-da-área (Holmstrom, 
          e apenas ele). O dos Preds também é bom, mas num patamar bem abaixo. 
          Mas voltemos ao alarme Sullivan: dos nove gols marcados por ele pelo 
          Nashville, sete foram em VN. Vantagem: Detroit. 
           
          Desvantagem numérica -- O mais interessante é que são dois dos times 
          que mais marcaram gols em DN na temporada. Greg Johnson e Scott Walker 
          marcaram um total de sete gols assim pelos Preds enquanto a dupla Kris 
          Draper e Kirk Maltby marcou nove pelos Wings. Portanto, temos times 
          que matam penalidades, mas que preocupam-se também em surpreender o 
          adversário constantemente. Fora isso, os Wings têm o melhor time de 
          DN da liga, enquanto o dos Predators não é lá muito bom. Encarando todos 
          aqueles astros pela frente então, aí é que a coisa pode ficar feia para 
          o time azarão. Vantagem: Detroit. 
           
          Profundidade -- Falar de profundidade com os Wings chega a ser piada. 
          Basta lembrar que a (suposta) quarta linha do time é a Grind Line, 
          que atua junto desde 1997 e que o líder da linha, Kris Draper, fez a 
          melhor temporada de sua carreira, com 40 pontos. Uma linha composta 
          por Boyd Devereaux, Jason Williams e Mark Mowers seria titular em diversos 
          times na liga, eventualmente até atuando como terceira. Em Detroit são 
          todos reservas imediatos. Vantagem: Detroit. 
           
          Técnicos --  Dave Lewis faz um trabalho que não é fácil como parece, 
          herdando um time fortíssimo do técnico mais famoso da história do esporte. 
          Isso sem ter experiência na liga como treinador principal. E ainda tem 
          o mérito de ter mantido os Wings no topo, mesmo quando o time estava 
          repleto de contusões. Mas Barry Trotz possivelmente será indicado ao 
          Troféu Jack Adams este ano pelo belo trabalho com o Nashville, e com 
          merecimento. São cinco anos no comando do time, sempre com um grupo 
          que batalha duro no gelo, conseguindo extrair deles o máximo possível. 
          Vantagem: Trotz, ligeiramente. 
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            | MAIS UM Steve Yzerman levanta 
              mais um Troféu dos Presidentes para os Red Wings, o quarto 
              em dez anos (Carlos Osorio/AP - 03/04/2004) | 
           
           
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            | DETROIT RED WINGS Sempre com 
              alguns jogadores importantes contundidos, mesmo assim os Wings manteiveram-se 
              no topo da NHL durante a temporada (David Zalubowski/AP - 04/04/2004) | 
           
           
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            | NASHVILLE PREDATORS Os Preds 
              obtiveram um excelente reforço em Steve Sullivan, que chegou 
              arrebentando e praticamente tornou-se o líder do ataque do 
              time (Bill Kostroun/AP - 19/03/2004) | 
           
         
          
        
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