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2 de abril de 2004
Tabus na briga do Oeste

Por Alexandre Giesbrecht

Há duas semanas eu escrevi sobre as brigas de foice no Leste e no Oeste. A briga do Leste deu uma acalmada, com as chances dos Sabres diminuindo bastante.

Já no Oeste um time saiu da briga: o Los Angeles, que perdeu vários jogadores importantes ao longo da temporada, não tem mais chances. Apesar das peças de reposição adquiridas desde que o primeiro disco caiu, em outubro, o time não conseguiu manter o mesmo ritmo do início. E os prognósticos para a próxima temporada não são muito mais animadores, já que ainda não se sabe sequer se Adam Deadmarsh e Jason Allison terão condições de voltar a jogar algum dia.

Enquanto isso, outros quatro times brigavam na terça-feira pelas três últimas vagas. E, de um jeito ou de outro, cada time lutava por ou contra um tabu. A vantagem era de Calgary e St. Louis.

Os Flames, com 90 pontos e três jogos pela frente, só precisavam de um ponto, que pode ser conquistado já na quarta-feira, no embate em casa contra os eliminados Coyotes. A campanha do time canadense tem sido consistente ao longo do ano, confiando sempre no goleiro Miika Kiprusoff, adquirido junto aos Sharks em novembro e que preencheu uma posição carente do time de uma forma espetacular. Jarome Iginla também voltou à velha forma e briga pelo Troféu Rocket Richard, dado ao jogador com mais gols na temporada.

Vale lembrar que, no instante em que os Flames se garantirem nos playoffs, os milionários Rangers passarão a ser o time há mais tempo em jejum de pós-temporada. O Calgary não chega lá desde 1996, quando foi varrido pelos Blackhawks na primeira rodada, enquanto o time de Nova York jogou além da temporada regular pela última vez um ano depois, quando chegou até as finais de conferência, sendo eliminado pelos Flyers.

Classificando-se, há outro tabu a ser quebrado. Desde 1989, ano em que ganhou seu único título, os Flames não ganham uma série de playoffs, incluindo aí derrotas dolorosas na prorrogação do jogo 7 em 1993-94 e 1994-95, quando eram os favoritos.

Já os Blues, com um ponto a menos e os mesmos três jogos restantes, vinham de quatro vitórias consecutivas e precisam apenas de uma vitória para garantir matematicamente a vaga. O problema é que seus adversários não vão ser moleza. Na quinta, recebem o Detroit, que busca o Troféu dos Presidentes e precisa de apenas um ponto para ficar com a melhor campanha da conferência. Depois, encaram os Predators em Nashville, adversários diretos por uma das vagas. Fechando a temporada, no domingo, vão a St. Paul pegar o sempre encardido Minnesota.

A luta dos Blues é para manter o tabu de maior seqüência ativa de participações na pós-temporada: desde 1978-79 o time não assiste aos playoffs pela televisão. Para se ter uma idéia, o segundo colocado no quesito é o Detroit, que ficou de fora pela última vez em 1989-90.

Os Predators vinham em seguida, com 87 pontos e também três jogos por disputar. A tarefa é ligeiramente mais fácil que a dos Blues. Os primeiros adversários são os lanternas do Oeste, os Blackhawks, em Chicago, na quintra-feira. No sábado, recebem o St. Louis e no domingo vão a Denver fechar a temporada contra o Avalanche.

O tabu dos Preds não é lá tão grande, mas uma classificação seria a primeira na ainda curta história do time, de menos de seis anos. Na temporada passada, o dono do time, Craig Leopold, tinha prometido devolver o dinheiro dos donos de carnês de ingressos para jogos do time. Apesar de uma seqüência longa de bons resultados em fevereiro, o objetivo não foi alcançado. Não se divulgou quantos torcedores receberam seu dinheiro de volta.

Com os mesmos 87 pontos, mas apenas dois jogos pela frente, os Oilers entraram em modo de desespero depois de perder na terça-feira para os Blues, em St. Louis, por 1-0. O pior é que só sobraram pedreiras pela frente, e fora de casa. O time iria a Dallas enfrentar os Stars na quarta e fecharão a temporada em Vancouver, contra os Canucks. Para quem precisa de duas vitórias e ainda torcer contra os adversários diretos pela vaga, não é a situação ideal, mas os Oilers passam por uma excelente fase.

O jogo em St. Louis foi o primeiro de que o time não tirou ao menos um ponto em mais de um mês. Desde a derrota em Anaheim, no dia 25 de fevereiro, a campanha estava em 10-0-2-4, que serviu para ultrapassar os Kings na tabela, mas ainda não foi o suficiente para recuperar o mau começo. Se o quadro for revertido nos dois jogos finais e o Calgary confirmar sua classificação, um tabu de 11 anos e um de 18 serão quebrados.

A última vez que seis times canadenses se classificaram foi em 1992-93 (Calgary, Montreal, Quebec, Toronto, Vancouver e Winnipeg, com Edmonton e Ottawa ficando de fora). A última vez em que todos os times canadenses foram aos playoffs foi em 1985-86 (os mesmos anteriores, menos o Ottawa, que ainda não existia).

Tabus à parte, motivos não faltam para que cada um dos times queira jogar mais de 82 jogos. Ainda não está nada decidido, apesar de as chances dos Oilers serem menores. É possível que, quando você estiver lendo este artigo, tudo já esteja decidido. Mas, se não estiver, dê um jeito de acompanhar a briga, porque ela está emocionante.

Alexandre Giesbrecht, 27 anos, aproveitou para dar os últimos retoques no texto durante o blecaute que atingiu o Estádio Defensores del Chaco, durante o jogo Paraguai x Brasil.

 

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Página publicada em 31 de março de 2004.