Por Humberto Fernandes

Em sua estréia pelo Nashville Predators, Steve Sullivan explodiu com um hat trick e quatro pontos na vitória de sua nova equipe sobre o líder do Pacífico, San Jose Sharks. Todos os três gols do atacante de 29 anos aconteceram em vantagem numérica — e todos eles com assistências de Marek Zidlicky e Scott Walker. No total, Sullivan atuou por 17 minutos em seu primeiro jogo pelo Nashville e não teve mais chutes a gol além do seu hat trick.

Ainda sobre Sullivan e seu impacto nos Predators, em sua segunda partida pelo time marcou um gol e dois pontos na vitória por 3-2 sobre o Mighty Ducks of Anaheim na prorrogação. Na noite seguinte inspirou o time a enfiar 8-2 no Phoenix Coyotes, com um gol e quatro pontos. Os oito gols são o máximo que os Predators marcaram em um único jogo na temporada, superando os sete gols de... três dias antes. Com dez pontos em três jogos, Sullivan recebeu o prêmio de jogador ofensivo da semana. Olag Kolzig, goleiro do Washington Capitals, foi o jogador defensivo.

Você sabia que o Calgary Flames já superou seu total de vitórias da temporada passada? Em 2002-03, os Flames compilaram 29-36-13-4 — bom para o último lugar da Divisão Noroeste. Entretanto, este ano tem sido uma tremenda virada para os comandados de Darryl Sutter. Os Flames estão na terceira posição dentro da divisão e sétima na conferência, com 68 pontos. Como eles conseguiram essa melhora? Defesa. Os Flames têm a terceira melhor defesa do Oeste, atrás apenas de Sharks e Dallas Stars. Na temporada passada tiveram a 11ª defesa da conferência.

Na sexta-feira à noite contra o St. Louis Blues, o atacante do Detroit Red Wings, Kirk Maltby, marcou seu décimo gol na temporada, o quarto em desvantagem numérica. Seu parceiro de desvantagem numérica Kris Draper já marcou cinco vezes nesta situação, fazendo da dupla a mais perigosa em desvantagem numérica da liga. Além disso os Red Wings lideram a liga com 15 gols marcados com um homem a menos. Se a dupla continuar jogando tão bem, Maltby e Draper podem ser convidados para jogar pelo Canadá na Copa do Mundo. No ano passado, eles ajudaram o país a vencer o torneio, atuando na linha de Shane Doan, capitão dos Coyotes. O trio pode formar a quarta linha do Canadá no torneio desse ano, enquanto Draper e Maltby são fortes candidatos ao Troféu Selke, concedido ao melhor atacante defensivo.

O veterano e talentoso goleiro de liga menor, Marc Lamothe, foi o titular dos Red Wings no jogo contra o Edmonton Oilers na segunda-feira — sua primeira participação na NHL desde a temporada 1999-00, então com o Chicago Blackhawks. Aos 29 anos, Lamothe defendeu 29 dos 30 chutes dos Oilers no empate de 1-1, tornando-se o quarto goleiro a atuar pelos Red Wings na temporada. Flames, Coyotes, Blackhawks, Capitals e Pittsburgh Penguins também já utilizaram quatro goleiros nesta temporada. Entretanto, o Philadelphia Flyers lidera nessa categoria indigesta, com cinco: Jeff Hackett, Robert Esche, Antero Niittymaki, Neil Little e Sean Burke.

E o novo goleiro dos Flyers, Burke, tem passado por maus bocados desde que chegou ao seu novo time, na cidade do Amor Fraterno. Em seis jogos, sofreu cinco gols por duas vezes e quatro gols em outras duas. O resultado disso é que ele agora é vaiado durante o aquecimento e até mesmo no decorrer dos jogos. Considerando que os fãs dos Flyers são os mais cruéis da liga, Burke não deve sofrer com isso. Se ele quiser acabar com as vaias, a única coisa que pode fazer é encontrar uma maneira de jogar melhor.

Após perder Rob Blake, que quebrou a perna durante os treinos, o Colorado Avalanche movimentou o mercado em busca de defensores. Na sexta-feira adquiriram Bob Boughner, do Carolina Hurricanes, cedendo o prospecto Chris Bahen e uma escolha de 3ª rodada. Desde a temporada passada o gerente geral Pierre Lacroix já movimentava suas peças para ter Boughner em Denver. Não satisfeito, no dia seguinte Lacroix cedeu o talentoso Martin Skoula em troca do bruto Kurt Sauer e uma escolha de 4ª rodada do Anaheim. Os Avs queriam ficar maiores na defesa — e conseguiram. E mais felizes ficaram os Mighty Ducks, que conseguiram um talento pra defesa, carente da ofensividade de Sandis Ozolinsh, atualmente contundido.

Se o defensor Sergei Gonchar, dos Capitals, será mesmo negociado, ele prefere jogar pelo Toronto Maple Leafs. O russo de 29 anos claramente expressou usa vontade de ser trocado pelos Caps — agora que a equipe está iniciando sua reconstrução. Um dos maiores motivos pelos quais Goncher tem os Maple Leafs em sua mente é a presença de Ken Klee em Toronto. Gonchar e Klee foram companheiros em Washington e chegaram à NHL como novatos no mesmo ano (1995). Além do mais, eles passaram a maior parte dos últimos nove anos como parceiros de linha — antes de Klee assinar com os Maple Leafs após tornar-se agente livre irrestrito em julho.

Washington e Chicago, seguindo os passos dos Penguins, na última semana mandaram jogadores importantes para times na briga pelos playoffs: depois de Jaromir Jagr sair, os Capitals mandaram Peter Bondra, um ícone da franquia, para Ottawa, enquanto os Blackhawks se livraram de seus dois principais jogadores, Steve Sullivan e Alexei Zhamnov. O que eles fizeram de diferente foi explicar para a torcida o que aconteceu. Em Washington, o dono do time, Ted Leonsis, tentou dar à troca uma conotação de benevolência para com Bondra: "Deixá-lo ter a oportunidade de ganhar a copa é importante." Em Chicago, o gerente geral Bob Pulford disse que suas trocas eram parte de um processo de reconstrução: "Só queremos que a torcida nos dê uma chance de fazer isso." Como Craig Patrick, o GG dos Penguins, que já experimentou ambos os approaches, pode comprovar, as reações adversas da torcida são muito menores com a segunda opção.

Os 472 gols de Bondra em Washington fazem dele um dois cinco jogadores em atividade com mais de 400 gols vestindo uma só camisa. Os outros são Mario Lemieux e Jaromir Jagr (Pittsburgh), Joe Sakic (Colorado) e Steve Yzerman (Detroit). Os dias em que uma estrela jogava durante toda a sua carreira com uma só camisa estão indo embora, e coisas assim tendem a ser ainda mais rara num cenário de teto salarial, como o que a NHL pretende adotar. Na NFL, que tem um teto salarial, saídas de jogadores são a regra, e não a exceção.

A NHL lançou, na semana passada, um site, www.nhlcba.com, com o intuito de dar aos visitantes o ponto de vista de um dos lados na disputa entre donos de times e jogadores. O mais evidente exemplo é o gráfico ilustrando como a produtividade de jogadores com salário superior a US$ 1 milhão decaiu nos últimos dez anos. Como se a falta de gols não fosse também culpa da própria liga — isso sem falar na disparada dos salários, que não pode ser atribuída única e exclusivamente aos jogadores, é claro. Se o tempo e esforço dedicados ao site tivessem sido usados em conversas entre as partes, poderíamos nem mais estar falando sobre isso.