Por Alexandre Giesbrecht

O Carolina Hurricanes já mandou embora um técnico nesta temporada. Já tentou várias combinações de linhas e também testou inúmeros jovens jogadores. Mas nada mexeu com os brios do time, que há apenas dois anos esteve a três vitórias do título da Copa Stanley. O grande problema em Raleigh é na hora de marcar gols — só lá? Os Hurricanes têm o pior ataque da liga, com apenas 86 gols em 46 jogos (1,9 gols por jogo). Como resultado, é bem provável que o time faça mais mudanças nas próximas semanas. Um jogador que quase certamente deverá sair é Jeff O'Neill, de 27 anos, o líder do Carolina em gols (30) e pontos (61) em 2002-03. O'Neill rompeu publicamente com o ex-técnico Paul Maurice desde o início da temporada passada e, apesar de ter marcado um hat trick na semana passada, ainda está em má fase (em 46 jogos, tem apenas oito gols, 17 assistências e 25 pontos em 2003-04). Para ele sair, é bom os Canes receberem algo em troca, porque O'Neill é o jogador com o maior faro de gol em um time que já há alguns anos luta para demonstrar consistência ofensiva.

Essa é para ilustrar bem que os problemas dos Canes não se resumem ao ataque. Apesar de estar com vantagem numérica de dois homens, o Carolina conseguiu sofrer um gol, cortesia de Daniel Tjarnqvist, do Atlanta, no último domingo, depois de interceptar um passe de Sean Hill que deveria ser para Jeff O'Neill. Tjarnqvist patinou por boa parte do gelo até o gol adversário e venceu Kevin Weekes. Esse gol duro de engolir contribuiu para a vitória dos Thrashers por fáceis 5-2.

Dany Heatley, do Atlanta, deu um gigantesco passo na sexta-feira, ao patinar com seus colegas pela primeira vez desde o terrível acidente que tirou a vida de Dan Snyder em setembro último. Heatley, que dirigia o carro, sofreu contusões na mandíbula e nos ligamentos do joelho. O jornal USA Today reportou que a jovem estrela deve começar a treinar normalmente nesta semana e poderá estar de volta ao time em 5 de fevereiro, contra o Philadelphia. Entretanto, uma data mais provável é 10 de fevereiro, contra o Calgary. Ele ainda tem alguns problemas legais para resolver, mas o fato de ele não estar alcoolizado, combinado com o perdão da família de Snyder, pode significar que o caso está encerrado.

Houve um tempo em que praticamente todos os jogadores da NHL sabiam brigar — não apenas os durões e os intimidadores. Na última segunda-feira, em Boston, esses tempos pareceram estar de volta no jogo entre Bruins e Rangers, quando os centrais Joe Thornton e Eric Lindros deixaram cair as luvas. O resultado? Um nocaute convincente de Lindros, que rendeu ao capitão do Boston uma das maçãs do rosto fraturada. Darius Kasparaitis sofreu uma pancada de joelho com joelho e deve ficar de fora de alguns jogos. O verdadeiro banho de sangue teve uma revanche no dia seguinte no Madison Square Garden, também vencida pelos Bruins, mas menos violenta. Pode-se esperar uma série quente se esses dois times vierem a se enfrentar nos playoffs.

O veterano central Igor Larionov ficou de fora do jogo de sábado entre seus Devils e os Capitals, mas não foi por contusão. O técnico Pat Burns levou em conta um incidente durante os treinos no dia anterior, quando, de acordo com as palavras do próprio Burns, ele achou que "estava aborrecendo [Larionov]", então disse: "Se eu estou aborrecendo você, então saia do gelo." Nesse instante, Larionov, de 43 anos e o jogador mais velho em atividade na NHL, deixou o gelo. O jogador depois deu entrevistas dizendo que teve "um mau dia no escritório" e que não se arrepende de ter assinado com o New Jersey para sua última temporada na liga.

Apenas uma semana após perder o talentoso novato Nathan Horton pelo resto da temporada, devido a uma contusão no ombro, o Florida descobriu, no último domingo, que o zagueiro Jay Bouwmeester vai ficar de fora por cerca de seis semanas, graças a um pé fraturado. O defensor, em sua segunda temporada, quebrou o pé no fim de semana anterior, contra o Vancouver, mas ainda jogou em mais três partidas antes de o clube finalmente descobrir a fratura. Jogar com dor é algo apreciado no hóquei de hoje, mas, com um jogador tão importante para o futuro do time como Bouwmeester, segurá-lo até estar totalmente curado é a escolha certa a se fazer.

Sebastien Caron foi mandado para o Wilkes-Barre/Scranton Penguins, da AHL, na última segunda, acabando com o congestionamento de três goleiros em Pittsburgh. Isso também significa que o jovem Marc-Andre Fleury vai continuar com os Pens, revezando-se com Jean-Sébastien Aubin, que foi muito bem como tapa-buraco, enquanto Fleury estava com a seleção canadense no mundial de juniores, no mês passado. Uma olhada nos números mostra que Caron realmente vinha sendo o pior dos três nesta temporada e precisava dar uma recauchutada em seu jogo. Em 26 jogos, Caron tem 5-17-3, com um shutout, média de 3,86 gols sofridos por jogo e 88,1% de defesas. Fleury, em 18 jogos, tem 4-11-2, também com um shutout, média de 3,25 gols sofridos e 90,7% de defesas. Já Aubin, em oito jogos, tem 2-3, média de 2,28 gols sofridos e 92,3% de defesas.

Ao contrário de Steve Thomas, Adam Oates e Cliff Ronning, o veterano zagueiro Phil Housley não recebeu nenhuma oferta irrecusável nesta temporada e decidiu anunciar sua aposentadoria. Próximo dos 40 anos de idade, ele defendeu oito times na NHL, incluindo duas passagens pelo Calgary (1995 a 1995-96 e 1998-99 a 2000-01). Havia bastante especulação em sua cidade natal, St. Paul, em Minnesota, de que Housley poderia encerrar sua carreira com o Wild, mas não chegou a haver uma oferta. Dois fatores podem ser citados como motivo para isso: (1) o esquema do técnico Jacques Lemaire não se dá muito bem com defensores ofensivos; e (2) o time já tem vários zagueiros ágeis, mas ainda precisa crescer e ser mais durão atrás. Boa aposentadoria, Phil.