Por Alexandre Giesbrecht

Como se já não bastasse a queda de produção desde o início de dezembro, agora o Philadelphia Flyers enfrenta outra queda: a do número de defensores em condição de jogo.

A coisa já chegou a proporções ridículas. No início da temporada, a zaga do time era considerada uma das melhores da NHL, e ainda tinha quatro prospectos no horizonte, Joni Pitkanen, Dennis Seidenberg, Jeff Woywitka e Jim Vandermeer. No espaço de uma semana, o gerente geral Bob Clarke foi obrigado a trocar um jovem e promissor atacante por um zagueiro mediano.

Tudo por causa de inúmeras contusões. E não se pode nem culpar a maldade dos adversários. Três dos quatro zagueiros atualmente contundidos foram nocauteados por seus próprios companheiros, enquanto um dos supra-citados foi trocado.

Melhor começar a dar nome aos bois. O defensor número 1 do time, Eric Desjardins, quebrou o braço direito numa colisão com o colega de time Jeremy Roenick e Mats Sundin, do Toronto. Marcus Ragnarsson tropeçou no taco do goleiro Robert Esche e caiu sobre o ombro, fraturando-o. Dos "prospectos no horizonte", Woywitka foi embora na troca que trouxe o atacante Mike Comrie, Seidenberg contundiu-se na semana passada, ao colidir com Ragnarsson, e Vandermeer vai ficar de fora graças a um tranco (legal) de Saku Koivu do Montreal.

A troca por Comrie, que já parecia estranha na época, pois trazia mais um central para uma equipe já congestionada na posição, agora parece uma piada do destino. Clarke, sem ter o que fazer, foi atrás de um novo zagueiro, mas não queria alguém meramente para tapar buraco. Cogitou-se Todd Simpson, do Anaheim, Lyle Odelein, do Florida, Bob Boughner, do Carolina, Darryl Sydor, do Columbus, e até Roman Hamrlik, dos rivais de divisão Islanders.

Acabou ficando com Danny Markov, do Carolina, de 27 anos. E o preço pago foi o ponta Justin Williams, de 22. Apesar da diferença de idade, a lógica usada pelo GG deve ter sido o fato de ser mais difícil achar alguém que patine para trás (um defensor) do que alguém que patine para a frente (um atacante). No caso dos Flyers, com cinco zagueiros fora, estava ainda mais difícil.

Sempre foi dito que Williams não estava disponível para trocas. Apesar de não ter marcado nos seus últimos 25 jogos com a camisa laranja, ele se recuperou de uma operação nos ligamentos durante a temporada passada para se destacar como um verdadeiro guerreiro nos playoffs.

"Foi uma necessidade", explicou Clarke. Com as contusões de nossos defensores, tínhamos que conseguir um defensor." Ele enfatizou que Markov vem como solução de longo prazo não um mero tapa-buraco, já que os contratos de jogadores mais velhos estão para expirar, como Eric Weinrich, de 37 anos, e Chris Therien, de 32. E Williams foi a moeda de troca encontrada.

"O único jeito de conseguir um [jogador importante] foi dando em troca um jogador importante", continuou Clarke. Não queríamos que Justin saísse, mas não tivemos escolha. Nossa opinião é que um defensor entre os quatro principais tem mais valor para nós que Justin, que jogava na terceira linha. Ele pode jogar na segunda linha em outro lugar." Como bem resumiu o capitão Keith Primeau, "foi simplesmente pelo fato de que precisamos de gente lá atrás".

Quando os contundidos retornarem ao time, os Flyers voltarão a ter um grupo sólido atrás. Desjardins e Seidenberg devem voltar só na época dos playoffs, enquanto Ragnarsson e Vandermeer não ficarão muito tempo de molho. Enquanto isso não acontece, Markov junta-se a Pitkanen, Therien, Weinrich e Kim Johnsson, além do recém-convocado da AHL John Slaney.

Como os Flyers não vão precisar ir atrás de zagueiros na data-limite de trocas, Clarke vai poder se focar no principal problema do time, o gol. O titular Jeff Hackett está sofrendo de vertigem, talvez relacionada a uma labirintite, mas não inspira confiança ao time. O reserva Esche, que assumiu o posto de titular provisoriamente, tem até o início de março para provar que é capaz de garantir o time nos playoffs. Se isso não acontecer, uma troca é quase certa.