Por Alexandre Giesbrecht

No filme Todo Poderoso, o personagem de Jim Carrey culpa a Deus por todos os problemas e fracassos de sua vida. O Los Angeles Kings certamente se identifica com isso. O time continua assombrado por contusões a seus principais atacantes. O último a cair foi o veterano Martin Straka. Ele sofreu uma contusão no joelho durante a partida contra o Columbus, no último sábado, e ficar de fora por um mês. Straka se junta ao artilheiro Zigmund Palffy (ombro deslocado, fora do resto da temporada), Jason Allison (enxaqueca pós-traumática, fora por período indeterminado) e Adam Deadmarsh (síndrome pós-concussão, fora por período indeterminado) como jogadores-chave do Los Angeles fora de combate. Para tentar substituir os feridos, os Kings convocaram os centrais Esa Pirnes e Scott Barney, do Manchester Monarchs, da AHL. A situação sugere uma mudança de rumo para o time em 2003-04, já que ele está atualmente fora da zona de classificação na competitiva Conferência Oeste. Ao invés de procurar por um substituto para Palffy, o gerente geral Dave Taylor pode acabar sendo um vendedor na data-limite de trocas, ao invés do comprador que se esperava que fosse quando os Kings estavam no topo do Pacífico.

Geralmente, quando um jogador fica de fora da pré-temporada por não ter renovado o contrato, não é difícil ele ir mal nos primeiros jogos após seu retorno ao gelo. Só que a coisa muda de figura quando este jogador não está contribuindo dois meses depois, como está acontecendo com Marian Gaborik, do Minnesota Wild. Depois de duas temporadas com 30 gols, o jovem atacante achou que merecia um bom aumento. Depois de muito negociar, ambas as partes concordaram com um contrato de três anos, valendo US$ 9,5 milhões, mais incentivos. Só que do jeito que Gaborik está indo, com apenas cinco gols e sete assistências em 31 jogos, há cada vez menos chances de ele receber bônus ao final da temporada. Final de temporada este que, para o Wild, pode acabar vindo bem mais cedo que no ano passado, já que o time está atualmente em 11.ºlugar na Conferência Oeste.

Más atuações de goleiros nos playoffs têm sido um problema para os Flyers, e Jeff Hackett, trazido como agente livre no último verão norte-americano para consertar isso, não tem jogado bem nesta temporada, parecendo já ter perdido a posição de titular para Robert Esche. Na sua mais recente atuação, Hackett perdeu por 4-3 para o Florida, na última quinta-feira, mesmo com a vantagem de 49-19 que os Flyers tiveram em chutes a gol. Quando jornalistas pediram, depois do jogo, para o técnico Ken Hitchcock avaliar a performance de Hackett, a resposta foi: "Não vou comentar nossa situação no gol até os playoffs. Procurem-me em maio." Ele só não disse quando deve ser procurado se a temporada dos Flyers acabar em abril.

Quem também está com problemas no gol é o St. Louis Blues: no primeiro jogo depois de colocar o goleiro reserva Brent Johnson na desistência, o titular Chris Osgood foi sacado no início do segundo período, na segunda-feira, depois de sofrer quatro gols em 14 chutes. Ele foi substituído pelo novo reserva, Reinhard Divis, que parou 15 chutes do Chicago Blackhawks e garantiu a vitória. Enquanto isso, Johnson não deve ser escolhido na desistência (seu preço em 2003-04 é de US$ 1,1 milhão) e deve se apresentar ao Worcester IceCats, da AHL, no final desta semana. De repente, os Blues podem estar de novo com um problema no gol, apesar das boas atuações de Osgood na primeira metade da temporada. Johnson, de 27 anos, deveria fazer sombra para Osgood em 2003-04, mas, ao invés disso, regrediu bastante. Além disso, a atitude de Johnson não era a ideal para o papel de reserva, o que virou mais um motivo para Divis ganhar a posição.

Ainda sobre goleiros: agora que Marc-Andre Fleury voltou a treinar com os Penguins, depois de uma performance de altos e baixos pelo Canadá no Mundial de Juniores, na Finlândia, voltou-se a cogitar se o goleiro de 19 anos deve voltar ao Cape Breton Screaming Eagles, da QMJHL, ou ficar na NHL durante a segunda metade da temporada. Entretanto, será que os Eagles ainda precisam dele? Martin Houle, que faz 19 anos no mês que vem, está tendo uma temporada de sonhos na QMJHL (27-9-0, dois shutouts, média de 2,26 gols sofridos, 92% de defesas em 36 jogos com os Screaming Eagles), durante a ausência de Fleury. Reserva de Fleury na temporada passada, Houle não teve impacto suficiente para ser escolhido por algum clube no último recrutamento. Nesta temporada, ele tem se destacado no time que lidera a QMJHL. Por este motivo, pode ser melhor para todos se Fleury continuar na NHL. Ao mesmo tempo, motivos financeiros são razão suficiente para mandá-lo de volta: assim que ele completar sua 25.ª aparição de 20 minutos ou mais, ele passa a ter direito a um bônus facilmente alcançável de US$ 3 milhões, dinheiro que os Penguins não têm. Definitivamente, não é a situação ideal.

Para completar este quase especial sobre goleiros, vamos ao Lightning. Desde que o técnico John Tortorella decidiu colocar o goleiro reserva John Grahame (no lugar do titular Nikolai Khabibulin) para iniciar o jogo 5 da segunda fase dos playoffs na temporada passada, boatos correm soltos a respeito de uma possível troca envolvendo Khabibulin. A diretoria do Tampa Bay continua a negar que "'Bulin Wall" está disponível, mas o que tem acontecido no gelo diz o contrário. Grahame, de 28 anos, continua a ameaçar a titularidade do goleiro russo e jogou nas últimas quatro partidas do Lightning — todas terminaram em vitória. Grahame tem melhores números, apesar de ter pouco mais da metade de jogos de Khabibulin em 2003-04. Com times como o Philadelphia Flyers e, possivelmente, o New York Rangers ainda procurando por um goleiro titular de verdade, e com a opção de renovação de contrato de Khabibulin para 2004-05 a onerosos US$ 6,5 milhões, ele pode acabar sendo trocado num futuro próximo. Só que será que Grahame é bom o suficiente para ser o número 1 se os Bolts decidirem trocar "'Bulin Wall"? Pergunta difícil.