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2 de janeiro de 2004
Sem favoritismo, mas indo bem

Por Alexandre Giesbrecht

Não, eles ainda não são aqueles favoritos do início da temporada passada. Mas estão muito mais perto disso do que do desastre iminente que pareciam ser antes do início desta. Desastre este que parecia estar se concretizando quando os jogos começaram, e a campanha afundou até chegar a 1-5-4.

Estou falando dos Sharks.

Depois de uma sólida temporada 2001-02, quando faltou apenas uma vitória para alcançar as finais do Oeste, o time ganhou status de favorito para 2002-03, mas o que se viu foi um time apático, aparentemente trespassado por seu próprio salto alto, que não conseguiu chegar sequer aos playoffs.

Para esta temporada, projetava-se um San Jose Sharks em reconstrução, trocando peças em busca de um novo lugar ao sol. O primeiro a sair foi o capitão Owen Nolan, ainda na data-limite da temporada passada. O próximo acabou sendo o goleiro reserva Miika Kiprusoff, que foi estrelar no Calgary em novembro. E muitos cogitavam que o seguinte seria Vincent Damphousse.

Só que a reviravolta deu novas esperanças ao time. Depois de devorar os Kings por 5-0, na sexta-feira, os Sharks passaram a dividir com o próprio time de Los Angeles a primeira colocação na Divisão Pacífico, algo que já representava um sonho distante em setembro e que, com o mau começo em outubro, parecia praticamente impossível.

Que ninguém ache, entretanto, que estou recolocando o San Jose no rol dos favoritos. Eles estão jogando bem, é verdade, mas ainda acho difícil que cheguem muito longe nos playoffs, mesmo que ganhem a divisão. Ganhar a divisão, aliás, é algo realista, hoje.

Os Kings, que passaram quase a temporada no topo do Pacífico, têm perdido jogadores a rodo por contusão, incluindo Adam Deadmarsh, que nem sabe se vai conseguir voltar a jogar e Jason Allison. Já os Stars, que dominaram a divisão nos últimos anos, têm elenco para dominar, mas não têm conseguido produzir. Os Ducks, depois de chegar às finais da Copa Stanley no ano passado, vivem uma temporada de altos e (muito mais) baixos, sem saber se quem faz mais falta é Paul Kariya, que já saiu, ou Jean-Sebastien Giguere, que continua no time, sem mostrar o brilhantismo de maio passado. Já os Coyotes, sem conseguir dinheiro para montar um time competitivo, surpreendem até certo limite, e já ficariam contentes com uma vaga para os playoffs em oitavo.

Se o panorama não se alterar, os Sharks competirão pelo título da divisão, mas uma vaga para os playoffs está cada vez mais próxima. Mais jogadores estão produzindo bem. Patrick Marleau lidera o time em gols (16) e pontos (26), e Damphousse lidera em assistências (17), com o zagueiro Brad Stuart em segundo (14). Marco Sturm (11 gols, 21 pontos) e Jonathan Cheechoo (11 gols, 18 pontos) também vêm bem.

A linha de Cheecho, que incluía Scott Thornton e Mike Ricci, tinha caído de produção nas últimas semanas, mas a substituição de Ricci por Wayne Primeau fez renascer a química da linha. Nos 14 jogos antes da mudança, Cheechoo tinha um gol, e Thornton, nenhum. Desde então, o time tem 4-1-1-1, Cheechoo marcou quatro gols e Thornton marcou um importante gol contra os Wings.

Ricci, que também não vinha produzindo a contento, acabou relegado à quarta linha. Aquele que sempre foi conhecido como o coração do time ficou numa situação difícil, pois tornar-se-á agente livre irrestrito ao final da temporada e, com seus US$ 3 milhões de salário, o terceiro maior salário do elenco, não será fácil achar algum time para levá-lo em uma troca.

Que ele tem condições de recuperar o prestígio, ninguém duvida, e ele é um dos poucos jogadores dos Sharks que poderia ter o benefício da dúvida, não apenas por parte da torcida, que o adora, mas também por parte do GG Doug Wilson. Na temporada passada, por exemplo, ele jogou 75 partidas com um problema nas costas que exigiu cirurgia durante as férias e não usou como desculpa para más atuações.

Mas esses não são os motivos por que os Sharks conseguiram dar essa virada. Um deles certamente é o goleiro Evgeni Nabokov. Ele não está ao mesmo nível de duas temporadas atrás, mas voltou a dar segurança ao resto do time, algo que não aconteceu em 2002-03. A ascenção do reserva Vesa Toskala também não pode ser ignorada. Toskala tem 6 das 13 vitórias do time.

Marleau, que não foi tão bem na campanha que quase levou o time às finais de conferência, subiu de produção na temporada passada, mas, sem ajuda do resto do time, não conseguiu ser um fator. Mas nesta temporada, no ritmo que está mantendo, vai quebrar seus recordes pessoais de gols, pontos, gols em vantagem numérica, gols da vitória e chutes. E ainda tem sido bem mais constante que em qualquer momento de sua carreira.

Este ainda não será o ano dos Sharks, mas a fênix começa a renascer das cinzas e promete dar trabalho.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, deseja um feliz ano novo a todos os leitores da Slot BR. Ele está saindo de férias, e ficará uma semana sem escrever.
 
  TEMPO DE COMEMORAR Jonathan Cheechoo é um dos responsáveis pela reviravolta na temporada dos Sharks (Dino Vournas/AP - 26/12/2003)

 

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Página publicada em 31 de dezembro de 2003.