Por Marcelo Constantino

Na semana passada o Edmonton Oilers aposentou o número da camisa daquele que foi um dos grandes goleiros da história do esporte: o número 31 de Grant Fuhr.

Membro da última dinastia da NHL, o Edmonton Oilers do final dos anos 80, tinha à sua frente um elenco estelar que contava com Paul Coffey, Mark Messier e Wayne Gretzky. Foram nada menos que cinco Copas Stanley conquistadas. A camisa 31 de Fuhr estará erguida no estádio ao lado da de Jari Kurri, Al Hamilton e do próprio Gretzky.

Aposentado desde 2000, o goleiro esteve na noite de abertura da temporada em Edmonton para ser homenageado. Na noite de emoção e ovação por 16 mil torcedores, o goleiro que atuou em 19 temporadas naturalmente ficou emocionado. "Eu estive em várias noites de abertura, mas nenhuma como esta".

Além dos cinco títulos, foram 403 vitórias, um Troféu Vezina, seis apresentações no Jogo das Estrelas, 31 shutouts (sendo seis nos playoffs) e 92 vitórias em playoffs.

Kevin Lowe, outro integrante da dinastia dos Oilers, afirma que todos os números de Fuhr são grandiosos, mas que ele será lembrado pelos companheiros mais por sua personalidade altruísta. "Por melhores que fossem Gretzky e Messier, os Oilers não teriam vencido cinco Copas Stanley sem Fuhr", diz Lowe. "E garanto que eles dois dirão o mesmo."

É sonho de qualquer garoto ao ser recrutado pelo time de sua cidade natal, chegar na NHL com Gretzky & cia e conquistar vários títulos. Fuhr realizou este sonho.

A carreira -- Grant Fuhr foi a primeira escolha -- oitava geral -- do Edmonton Oilers em 1981. Estreou na NHL em 1981-82 e logo foi selecionado para o segundo time do Jogo das Estrelas. Fuhr também terminou em segundo na votação para o Troféu Vezina daquele ano, atrás apenas de Billy Smith e ainda foi muito bem votado para o Troféu Calder, que acabou indo para Dale Hawerchuk. Dali ele partiu para ser um dos maiores goleiros da história da NHL.

A chegada dele na liga coincidiu com a ascensão do Edmonton, naquilo que foi a última dinastia conhecida na liga. O incrível poder ofensivo daquele time inclusive permitiu a ele bater o recorde de assistências por um goleiro, com 14 em 1983-84. Se a média de gols que ele sofria era alta, os Oilers compensavam tudo na frente.

Ainda assim ele ficou conhecido por ser um goleiro que não permitia aquele gol naquela hora decisiva. Um goleiro para os playoffs, momento em que produzia o melhor de si, tendo ajudado os Oilers a conquistar as Copas de 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990. Em 1988 ele ganhou o Troféu Vezina também e foi selecionado para o primeiro time do Jogo das Estrelas, liderando a liga em partidas jogadas, vitórias, minutos de jogo e shutouts.

Fuhr ficou de fora dos primeiros 55 jogos de 1990-91 depois de ser suspenso pela NHL por "problemas químicos" (álcool ou drogas, a NHL geralmente não divulga). Acabou negociado para o Toronto Maple Leafs logo depois. Com a ascensão de Felix Potvin em Toronto em 1992-93, Fuhr foi negociado para o Buffalo Sabres em 1993. Ele dividiu o Troféu William M. Jennings com Dominik Hasek em 1993-94, mas foi novamente negociado, dessa vez para o Los Angeles Kings, em 1995, onde estaria no mesmo time de Gretzky novamente.

Suas péssimas atuações em Los Angeles fizeram com que vários pensassem que sua carreira estava acabada. Fuhr insistiu, assinou com o St. Louis Blues em 1995 e teve sua carreira ressuscitada. Na temporada de 1995-96 ele marcou um recorde na NHL, atuando em 79 partidas, sendo 76 consecutivas. Sofreu uma séria contusão durante os playoffs daquele ano (não era ele que estava no gol dos Blues no memorável jogo 7 contra os Red Wings) e mais uma vez pensaram que era o fim de sua carreira. Mas Fuhr ainda atuou em mais 73 partidas na temporada de 1996-97.

Foi jogar no Calgary Flames em 1999-2000, mas os diversos problemas oriundos de contusões crônicas indicavam que era a última temporada de sua carreira. E realmente foi. Ainda assim, ele tornou-se o sexto goleiro da história da liga a vencer 400 partidas na temporada regular, em 22 de outubro de 1999. Estava ao lado de nomes como Terry Sawchuk, Jacques Plante, Tony Esposito, Glenn Hall e Patrick Roy.