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31 de janeiro de 2003
Longo caminho pela frente

Por Daniel Rocha

Nos últimos dez anos, a NHL sofreu uma brutal mudança, principalmente devido à expansão, ocasionando o surgimento de diversas franquias - dentre elas Panthers, Lightning, Senators - além da mudança de outras tantas - Winnipeg para Phoenix, Quebec para Colorado.

Os últimos a entrarem na mistura da NHL foram as franquias de Nashville (1998), Atlanta (1999) e Columbus, juntamente com o Minnesota, em 2000. Apesar de surgirem em um curto espaço de tempo, os rumos escolhidos por cada gerência começam a refletir em cada uma das equipes. Não é à toa que atualmente vemos o Wild brigando pelo título da divisão Noroeste, enquanto Thrashers e Predators insistem em amargar as lanternas de suas conferências.

É bom lembrar que não estou me referindo a uma situação momentânea, já que a equipe de Nashville venceu três da suas últimas cinco partidas, enquanto os Thrashers melhoraram desde a chegada de Bob Hartley. A intenção é uma abordagem geral. E os torcedores destas equipes, sintam-se à vontade para me procurar para conversar sobre as franquias, gostaria muito de conhecê-las melhor.

Nashville Predators:

Provavelmente a mais curiosa dentre as equipes. Contratou um técnico logo no seu surgimento (Barry Trotz) e insiste nele, mesmo postando campanhas negativas em todas as temporadas da sua história. Impressionante também a satisfação da equipe com o que recebeu no recrutamento — traduzindo, o que as equipes decidiram dispensar —, ao invés de uma busca por promessas jovens, através da aquisição de escolhas.

Não pára por ai. Nesta temporada, o GG da equipe prometeu para os fãs da equipe que compram ingresso para toda a temporada o reembolso de 50% caso não consigam chegar aos playoffs. Aparentemente, o prejuízo não será pequeno. Para completar a complicada química da equipe, a filosofia de atirar seus recém-recrutados mais qualificados aos leões, sem a passagem pelas ligas menores, parece não vir funcionando ao curto prazo, já que a equipe segue sendo considerada saco de pancadas. Isso para não falar de trocas como o envio de Cliff Ronning, líder nato da equipe, por Jere Karalahti, que acabou se convertendo em nada, já que o finlandês acabou penalizado pela NHL por abuso de substâncias ilegais e se ausentará por pelo menos seis meses —, além de afirmar que não pretende voltar a jogar na América do Norte.

Se o presente é desolador, o futuro parece melhor para a equipe. Talvez até antes do que os torcedores imaginam, Nashville poderá contar com uma equipe competitiva, principalmente se conseguir se livrar de problemas com contusões. Com o retorno do capitão Greg Johnson de uma concussão, somada às voltas do seguro Kimmo Timonen à defesa, ao renascimento de Andreas Johansson e ao amadurecimento de Tomas Vokoun no gol, a equipe poderá se tornar um pouco mais competitiva. Completando com um celeiro de bons talentos, como Vladimir Orszagh, Adam Hall, David Legwand e Scott Hartnell, provavelmente teremos uma equipe competitiva dentro de poucos anos; ao menos se os Predators conseguirem manter sua base.

Atlanta Thrashers:

Vemos uma equipe que mudou seus rumos repentinamente nesta última temporada. Após três temporadas de insucesso, a cidade de Atlanta parece não suportar uma equipe perdedora, levando o GG Don Waddell a mudanças drásticas de rumo.

A gerência começou com planos de construir uma equipe forte o suficiente em cinco anos. Como acontece em quase todos os setores, planos desse tipo claramente não funcionam, e foi o que ocorreu. O recrutamento de expansão, como sempre, foi medíocre, trazendo muito pouco, senão nada a essa equipe. Patrik Stefan, primeiro recrutado geral de 1999 e grande promessa da equipe, parece ainda não ter amadurecido o suficiente, apesar de estar em sua quarta temporada.

A esperança se renovou com o aparecimento de dois novos nomes, que surpreenderam a liga: Dany Heatley e Ilya Kovalchuk. Não foi suficiente para a equipe deixar de perder, e mais mudanças estavam por vir. Muitos agentes livres e trocas por veteranos depois — em particular na defesa, onde trouxeram Uwe Krupp, Richard Smehlik e Byron Dafoe —, a equipe pouco melhorou, e finalmente foi dada a cartada final. Bob Hartley, campeão com o Colorado Avalanche, seria o homem a mudar o rumo da equipe.

Por enquanto parece vir funcionando. A equipe melhorou e tem feito da vida de equipes líderes, como Ottawa e St. Louis, mais complicadas. Se conseguir manter o padrão, a equipe tem um futuro promissor. Stefan, devagar e sempre, começa a mostrar sinais de progresso, Pasi Nurminem e Mila Hnilicka parecem ter futuro e a dupla Heatley e Kovalchuk falam por si só. Será que se o plano for aumentado para seis anos ele será bem sucedido?

Minnesota Wild:

Sem sombra de dúvida, a equipe que mais progrediu desde seu surgimento, e este progresso tem um nome: Jacques Lemaire. Tudo bem, um pouco de sorte também ajudou.

A influência de Lemaire claramente foi a inserção de um esquema tático já definido em uma equipe que precisava de uma identidade, assim como qualquer equipe que surja. Certamente a armadilha na zona neutra (neutral zone trap, no original) não é uma das táticas mais emocionantes de serem vistas, mas trouxe à equipe, inclusive aos seus prospectos, um senso de responsabilidade defensiva acima da média. Além disso, o recrutamento de expansão foi mais generoso com eles, trazendo bons jogadores como Filip Kuba, Wes Walz e Sergei Zholtok. O rápido amadurecimento de Marian Gaborik e Pierre-Marc Bouchard na área ofensiva, além da aquisição de dois bons goleiros em Manny Fernandez e Dwayne Roloson também ajudaram. Se a química for mantida, será um candidato forte à Stanley Cup nas próximas temporadas, o que seria bom não somente para Minnesota, como também para a liga no geral. Isso porque a cidade claramente respira hóquei, além de voltar a ter uma franquia competitiva, após a transferência dos North Stars para o sul, mais exatamente para Dallas.

Columbus Blue Jackets:

Ainda não encontrou o seu lugar na liga, e tem sua vida em nada facilitada, jogando em uma forte divisão que inclui Blues, Red Wings e Blackhawks. Para completar, a equipe se encontra com um GG que assumiu interinamente o posto de técnico também, e cujo melhor movimento foi ter assinado Andrew Cassels como agente livre, reunindo-o com Geoff Sanderson, como nos tempos de Whalers. Até agora tem funcionado.

O problema reside na profundidade da equipe, que é praticamente nula. Após três anos, somente dois prospectos parecem aptos para a liga, Rostislav Klesla e Rick Nash, sendo que esse último ainda tem muito que aprender para explodir na liga.

A equipe possui ainda alguns destaques, como Espen Knutsen, Ray Whitney, e Luke Richarson, além do bom goleiro Marc Denis. Parece pouco para enfrentar uma liga tão competitiva como a NHL. Os bons técnicos que estavam dando sopa como Gary Sutter e Bob Hartley também já não estão mais livres.

Bem, só o futuro dirá o que pode acontecer com cada uma dessas franquias. Dentro de dez anos, poderemos ver e comparar quem atingiu o nível de Ottawa, Tampa Bay, Florida... por enquanto, ficam só as previsões.

Espero que em dez anos ninguém se lembre desta matéria!

Daniel Rocha aprendeu a assinar as matérias, mas continua apanhando mais que time de expansão em primeira temporada, na hora de escrever
 
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Página publicada em 29 de janeiro de 2003.