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31 de janeiro de 2003
NHL, o futuro: o teto salarial

Por Bruno Bernardo

Hoje falarei sobre uma alternativa para a NHL: o teto salarial (salary cap).

Em outras ligas profissionais, como a NFL, existe o teto salarial, mas o que é isso? Simplesmente um limite comum para o salário de todos os times. Por exemplo, se tivermos o teto de US$ 35 milhões, a soma dos salários de todos os jogadores de um time não pode ultrapassar os US$ 35 milhões estipulados — e isto traz muitos benefícios.

O primeiro deles seria que os times de cidades (mercados) pequenas poderiam manter suas estrelas, conseguindo, assim, melhores campanhas, mais torcedores, mais ingressos vendidos e, conseqüentemente, mais dinheiro, evitando novas falências.

O segundo benefício seria evitar que os gastos de um time com os jogadores cheguem aos atuais 75% na média da folha salarial das equipes.

Outro benefício importante seria o fim dos salários absurdos para jogadores nem tão bons assim — leia-se: Bobby Holik.

Porém, uma parte muito importante da NHL não ficaria contente com isso: os jogadores.

Quem gostaria de ganhar menos? Acho que ninguém, inclusive um jogador de hóquei, e este é um dos principais argumentos da Associação de Jogadores da NHL. Seu presidente, Bob Goodenow, afirma isso constantemente em suas entrevistas.

Para Goodenow, um teto salarial não mudaria em nada a liga, visto que os Sabres e os Senators atuam em mercados pequenos e operam com uma folha bem baixa. Ele também critica o time de Ottawa, ao dizer que ele já começou com prejuízos. O time de Buffalo também não escapa das críticas de Goodenow. Para ele, os Sabres afundaram por causa da incompetência de seu dono, John Rigas, que recebeu vários processos nas costas.

Daí encontramos um fato curioso e triste. De um lado, temos Gary Bettman, um comissário que nunca havia assistido a um jogo de hóquei na vida antes de entrar para a NHL; do outro temos Bob Goodenow, um fanfarrão que sabe apenas criticar e aparecer nos noticiários.

A situação também é ruim internamente: os donos das equipes têm dificuldades em manter seus times e seus craques, enquanto alguns jogadores não têm mais amor ao jogo, mas, sim, ao dinheiro.

Tudo isto está acabando com a liga, e uma das partes terá que ceder. E, na minha opinião, isto terá que vir dos jogadores, pois eles já estão recebendo muito.

Se você comparar com os números da NFL, que é uma liga de sucesso, verá as disparidades. Enquanto a NFL recebe US$ 77 milhões da televisão, a NHL só recebe US$ 5,7 milhões. E o salário médio da NFL é de US$ 1,1 milhão. O da NHL? US$ 1,64 milhão.

Portanto, vejo o teto salarial como principal saída para as crises financeiras da liga. Mas, claro, isto sozinho não resolve nada. Existem vários outros fatores, mas destes eu tratarei em outros artigos.

Bruno Bernardo bem que queria receber o salário de Holik.
 
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Página publicada em 29 de janeiro de 2003.