Por
Alexandre Giesbrecht
Por anos, a NHL pareceu ficar cada vez mais parecida com a Major League
Baseball, no que se refere ao campo de finanças desbalanceado.
Agora, a NHL está pensando em um calendário desbalanceado
que mais lembra aquele usado pela Liga Nacional e pela Liga Americana,
no beisebol.
Segundo alguns jornais norte-americanos, a NHL vai implantar na próxima
temporada um calendário que dá mais ênfase aos jogos
dentro das divisões, enquanto o espaço para jogos entre
as conferências é diminuído. Um comitê da
liga aprovou a proposta, que deve ser ratificada pelo Comitê Gestor
da NHL daqui a um ou dois meses.
Aqui está um panorama de como o calendário de 82 jogos
deverá ser dividido:
- Seis jogos contra cada um dos rivais de divisão, um a mais
do que o número atual, somando um total de 24 jogos.
- Quatro jogos contra cada time da mesma conferência, mas não
da mesma divisão, o mesmo que hoje, mais um jogo extra contra
três adversários, somando 43 jogos.
- Um jogo contra cada time da outra conferência, somando 15 jogos,
sete a menos do que hoje.
Os times do Oeste foram os que mais pressionaram pela mudança,
na tentativa de diminuir suas viagens, por razões tanto competitivas
quanto financeiras. Times como Canucks, Oilers e Flames voam cerca de
quatro vezes mais que os times do Leste, já que têm distâncias
consideráveis para cobrir, mesmo quando enfrentam rivais de divisão.
E, já que as despesas de viagem são pagas independentemente
pelos 30 times, os times citados também enfrentam custos maiores.
Um dos times com calendário de viagens mais leve na liga é
o Pittsburgh, já que a cidade fica mais ou menos no centro da
Conferência Leste e não tão longe do Oeste quanto
a maioria das outras cidades com time no Leste. Ainda assim, eles apóiam
o plano, por razões de dentro e de fora do gelo.
"Como um time, tenho certeza de que ter menos viagens para o Oeste
vai ajudar Mario [Lemieux, craque e dono do time]", comemora Tom
Rooney, um dos membros da diretoria do time. "E, do ponto de vista
do negócio, sentimos que os times que a nossa torcida conhece
melhor são aqueles na nossa divisão. A não ser
que você esteja falando dos Red Wings vindo aqui, não há
um time no Oeste que possa fazer por nós o que Flyers, Rangers,
Devils e Islanders fazem. Sou a favor de ter essa tensão no calendário.
Isso deixa nossos jogos mais emocionantes para todo mundo".
Outro ponto de vista, claro, seria que aqueles que compram planos de
ingressos para a temporada especialmente aqueles com planos
que cobrem os 41 jogos em casa vão ter menos chances
de ver algumas das maiores estrelas do esporte. Tomemos como exemplo
as sofridas torcidas de Rangers e Sabres: além de terem de agüentar
times sofríveis, não verão os atuais campeões
Wings jogando por lá. É o mesmo caso de Canadiens e Bruins.
Markus Naslund, do Vancouver, e Joe Sakic, do Colorado, não vão
visitar Atlanta nesta temporada. E por aí vai. Em 2003-04, o
número de times que deixarão de visitar cada cidade subirá
de quatro para sete ou oito.
Esta é uma tendência razoavelmente recente nos 86 anos
de história da NHL. Nos dias dos Seis Originais, obviamente todos
jogavam contra todos (algumas muitas vezes). Mas mesmo com a expansão
de 1967 e a fusão com a WHA em 1979, que elevou o número
de times para 21, havia pouca separação entre Leste e
Oeste. Os Islanders ainda jogavam quatro vezes por ano contra os Kings,
o mesmo número de jogos que tinham contra todos os outros times
da Conferência Wales, à exceção daqueles
na Divisão Patrick, a quem enfrentavam sete vezes.
Quanto tempo mais até uma conferência decidir-se por regras
distintas, como acontece hoje no beisebol? Ou até que times em
conferências opostas só se enfrentem nas finais da Stanley
Cup, algo que só ocorreu uma vez nos últimos 77 anos (quando
do locaute que encurtou a temporada de 1994-95)?
Responde Rooney: "É, do jeito que está sendo feito
é meio como o beisebol". E completa: "Porém,
é mais como o beisebol é hoje, com jogos interligas, do
que antigamente. Ainda vamos ver os times do Oeste. Só que isso
vai ser mais um evento especial quando acontecer".
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Alexandre Giesbrecht, publicitário, parece obcecado com
a geografia das ligas norte-americanas de hóquei ultimamente. |
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