Por Marcelo Constantino

O atacante do Calgary Flames Jarome Iginla foi o vencedor do Troféu Art Ross da temporada de 2001-02, por ter obtido o maior número de pontos entre todos os jogadores. Além disso, foi candidato ao Troféu Hart, concedido ao MVP da temporada, tendo sido preterido na escolha final pelo goleiro José Théodore, do Montreal.

Neste verão norte-americano, Iginla conseguiu acertar uma renovação de contrato em que passou a ganhar US$ 13 milhões por duas temporadas. Para quem havia ganho US$ 1,7 milhão na última, trata-se de um astronômico aumento de 280%, que superou qualquer expectativa ao redor da liga.

Começa a temporada de 2002-03, e Iginla sequer lidera seu próprio time em pontos. O que há com o artilheiro?

Nada de mais; ele apenas está num mau momento, onde não consegue converter em gols sua boa quantidade de chutes. Bom ressaltar que ele não vem jogando realmente mal. Apenas seus chutes não entram. Para alguém que meteu mais de 50 gols na temporada anterior, é claro que isso fatalmente acaba influenciando a confiança do jogador.

A chegada de Chris Drury, alardeada como a vinda de um grande e promissor central para atuar ao lado dele, acabou por não produzir o esperado. Ainda. Drury vem tendo um bom desempenho em Calgary, tal qual possuía ao lado das grandes estrelas do Colorado Avalanche. Iginla é que não consegue marcar gols.

O aproveitamento de chutes, em torno de apenas 6% atualmente, demonstra isso.

Insisto na idéia de que renovações de contrato, principalmente quando há consideráveis saltos de valores, normalmente geram uma queda no rendimento do jogador. Iginla, Théodore, Bobby Holik... Não é regra, mas há bons exemplos disso nesta temporada.

Enfim, 2001-02 teria sido apenas um lampejo para Jarome Iginla? Não, a boa temporada de Iginla em 2001-02 não foi um lampejo. Sim, a liderança na corrida pelo Art Ross em 2001-02 foi um lampejo.

Se analisarmos a evolução da produção de Iginla desde seu começo (quadro ao lado), na temporada de 1996-97 - quando inclusive foi candidato ao Troféu Calder -, é fácil observar que a trajetória ascendente é compatível com os 96 pontos obtidos na temporada passada, que afinal lhe renderam o Troféu Art Ross.

Quer dizer, desde sua terceira temporada na NHL, 1998-99, Iginla vem elevando sua produção constantemente e em boas proporções. Por três vezes, entre as cinco possíveis, ele cresceu cerca de 30% sua produção, o que, definitivamente, é algo considerável.

Isso falando de pontos. Em termos de gols, aí, sim, os 52 obtidos na temporada passada foram realmente um lampejo. Um acréscimo de quase 60% em relação à temporada anterior, quando havia marcado 31 gols.

Meu foco central é: acredito que o auge de Iginla tenha sido a temporada de 2001-02 e que ele tem potencial para repetir essa brilhante performance. Não deverá ultrapassar em muito aquela marca, mas não seria difícil igualá-la, ainda mais se o endurecimento da NHL contra a obstrução for sério. Possivelmente chegará perto dos 90 pontos por mais algumas vezes.

Entretanto, não diria que ele seja um jogador para marcar 50 gols toda temporada, e só vencerá o Art Ross novamente se Jaromir Jagr deixar ou se Mario Lemieux tiver algum problema de contusão nesta temporada. Como aconteceu na temporada passada. Sem falar de outros costumazes grandes pontuadores, como Sakic, Forsberg e Kariya.

Esperemos então por um Jarome Iginla sendo um dos grandes atacantes da NHL nos próximos anos. Mas sem chegar a ser permanentemente um candidato a MVP.