19 de junho de 2002
Como foi construído o time campeão

Por Marcelo Constantino

A construção deste time na verdade data da temporada de 1999-2000. Naquela temporada e na seguinte, a gerência optou por não fazer grandes investimentos no mercado de jogadores com passe livre, assim como não fez nenhum grande movimento no dia limite de trocas. Eles sabiam que o verão de 2001 traria uma excelente leva de grandes jogadores disponíveis e economizaram para isso.

Chegou o verão norte americano de 2001 e logo veio a primeira bomba: o Detroit contrata Dominik Hasek. Um dos grandes problemas do time, desde a conquista de 1998 inclusive, era Chris Osgood que, além de não vencer partidas para o time, ainda perdia algumas com falhas grotescas. Os Wings mandaram Slava Kozlov - jogador de grande utilidade para o time nos anos anteriores, mas em franca decadência -, e escolha(s) de primeira rodada, pra variar.

Somente esta contratação já colocaria os Wings de volta ao topo, ao lado dos times realmente candidatos ao título. O time havia sido eliminado na primeira fase dos playoffs pelos Kings, a moral estava baixa e Osgood havia feito uma temporada medíocre, onde Manny Legace foi o goleiro reserva que mais disputou partidas. Com Hasek, o time agora se equiparava ao Colorado Avalanche de Patrick Roy, que eliminou o Detroit nos playoffs de 1999 e 2000.

Mas ainda havia espaço no orçamento. Havia a questão Martin Lapointe, que ganhara passe livre, tendo recusado uma oferta de renovação do Detroit. Lapointe acabou assinando com os Bruins por praticamente o dobro do que os Wings ofereciam.

Assim que souberam que Luc Robitaille havia considerado acintosa a renovação que o Los Angeles Kings havia lhe oferecido - na qual baixava o salário do ídolo local - lá foi a gerência e fechou rapidamente com ele.

Antes disso os Wings namoravam Alexander Mogilny, que havia disputado a Stanley Cup com o New Jersey Devils no ano anterior. Mogilny soava como um parceiro ideal para Larionov ou Fedorov, mas um entrave atravancou as negociações: o russo queria um contrato de longo prazo, 5 anos, e os Wings decididamente tinham como teto contratos de 3 anos. Nada de acordo, acabaram fechando com Lucky Luc e preenchendo esta vaga.

Acabou até melhor para o cofres do clube, já que Mogilny viria na faixa de US$ 5 milhões/ano e Robitaille veio na faixa de US$ 3,5 milhões/ano.

Daí em diante, ficaram algumas especulações aqui e ali, a maioria sobre defensores que os Wings talvez fossem atrás. A gerência já havia buscado na Europa o subvalorizado - e barato, sobretudo - defensor Fredrik Olausson, que havia feito boas temporadas anos antes com o Anaheim Mighty Ducks.

Felizmente venceu a corrente interna que queria ver mais tempo de gelo para os novatos Jiri Fischer, Maxim Kuznetsov e Jesse Walin e a afirmação de Mathieu Dandenault como defensor.

Havia ainda uma última tacada para tornar o time uma máquina pelo título. Brett Hull estava livre no mercado, ainda não havia acertado com ninguém e seu clube anterior, o Dallas Stars, não o queria mais. O salário de Hull estouraria o já altíssimo orçamento do clube e aí veio uma daquelas atitudes que demonstram o quanto os jogadores querem realmente conquistar a Stanley Cup.

Steve Yzerman, Nicklas Lidstrom, Brendan Shanahan e Chris Chelios aceitaram retificar seus contratos, de forma a ganhar menos nesta temporada e, assim, abrir espaço para a vinda de Brett Hull.

O time estava pronto para a corrida rumo ao título, onde qualquer coisa abaixo disso seria um fracasso.

A temporada normal foi um verdadeiro passeio, praticamente não havia adversários do mesmo nível pela frente e até mesmo os times mais fortes pareciam não se empenhar devidamente nos confrontos com os Wings.

Um final de temporada bisonho e um início cambaleante nos playoffs quase colocam tudo a perder. Mas para isso o time tem Steve Yzerman que, mesmo numa perna só, liderou o Detroit na virada da série. E, claro, o gol de Nicklas Lidstrom do meio do gelo no jogo 3, que definitivamente mudou a história da série e dos playoffs.

Marcelo Constantino Monteiro sentiu as saídas de Lapointe e Kozlov, mas sabe que Robitaille e Hull estão num nível evidentemente superior.
DOMINIK HASEK Sem dúvida alguma, a mais importante aquisição dos Wings antes da temporada (Carlos Osorio/AP - 13/06/2002)
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Página publicada em 17 de junho de 2002.