Por Marcelo Constantino

Ninguém imaginava que o Carolina Hurricanes fosse estragar a festa da conquista de mais um título para o Detroit Red Wings, o terceiro em seis anos. Tudo preparado, jogo 5 em Detroit, Hockeytown. Era como se os Wings tivessem atendido um pedido de uma torcedora, feito através de um cartaz no final do jogo 7 contra o Colorado Avalanche: "Percam uma para vencermos no jogo 5 em Detroit".

A chave para os Wings era ter paciência e esperar que o sistema fechado da defesa do Carolina abrisse. O Detroit dominou a partida de ponta a ponta, buscando sempre mais o gol, com mais chutes e mais chances reais de marcar. Em momento algum os Canes tiveram o jogo para si.

No primeiro período, Sergei Fedorov teve uma chance de ouro quando Brett Hedican perdeu o disco na sua linha azul e o russo entrou livre, frente a frente com Arturs Irbe. Mas as condições do gelo na Arena Joe Louis são péssimas e o disco não parava no taco de Sergei, que acabou não conseguindo um bom chute e o goleiro do Carolina defendeu.

Aos 4:07 do segundo período, Tomas Holmstrom escorou com apenas uma das mãos um brilhante passe de Igor Larionov para abrir o placar. Chris Chelios havia segurado o disco na zona de ataque e feito o passe para o russso, que, com a maestria habitual, driblou o defensor e conseguiu fazer o passe para a frente do gol de Irbe.

Com Jaroslav Svoboda penalizado, os Wings fizeram seu time especial de vantagem numérica funcionar, com a linha de Steve Yzerman, Fedorov e Brendan Shahahan. Fedorov dominou o disco à esquerda do gol e passou para Shanahan bater de primeira e ampliar o placar para 2-0 em jogada perfeita de triangulação.

Poucos minutos depois, os Hurricanes eram novamente penalizados com Erik Cole, e ali estava a chance de os Wings acabarem com o jogo. Entretanto, Shanahan acabou penalizado logo no início por derrubar um jogador do Carolina.

Nos poucos segundos de vantagem numérica que os Canes tiveram decorrentes desta penalidade, Jeff O'Neil mandou uma bomba da esquerda que venceu Hasek. O chute foi tão forte que havia dúvidas se o disco realmente havia entrado, mas a revisão em videotape não deixou dúvidas: o disco bateu no fundo da rede e saiu.

O gol acabou com a segunda mais longa seqüência sem levar gols numa final de Stanley Cup. Foi um total de 166 minutos e 3 segundos que Dominik Hasek ficou sem tomar gol do Carolina.

Com Irbe no banco para que o Carolina tivesse mais um atacante, Shanahan acabou com qualquer esperança adversária marcando na rede vazia, após passe de tabela de Yzerman. A festa já começava ali, quando até mesmo Hasek saiu do gol para comemorar com a dupla. Yzerman inclusive machucou o nariz na comemoração com Shanahan.

Detroit Red Wings campeão da Stanley Cup de 2002, Nicklas Lidstrom, vencedor do Troféu Conn Smythe como o melhor jogador dos playoffs.

Nada mais justo para ambos.