Por
Marcelo Constantino
As finais de conferência deste ano trazem outra novidade, além da ausência
de Colorado, Detroit e New Jersey: três dos quatro times estão entre
os dez que menos gastam com salários na NHL. Calgary Flames, Tampa Bay
Lightning e San Jose Sharks, todos com folhas de pagamento na casa dos
US$ 35 milhões anuais, destoam do quarto finalista, o Philadelphia Flyers,
com sua folha na faixa de US$ 70 milhões, uma das cinco maiores da liga.
O Detroit Red Wings, detentor da mais alta folha de pagamento, com gastos
na casa dos US$ 80 milhões, está novamente fora. O NY Rangers, que gastava
valores semelhantes até o desmonte do time, nem se lembra direito o
que são playoffs. Também já se foram Dallas (US$ 70 milhões), Toronto
(US$ 65 milhões), Colorado e St. Louis (US$ 60 milhões cada).
Mas as demonstrações de que o dinheiro não é tudo não se limitam os
totais de folhas de pagamento dos clubes. Pode ser vista também nos
salários dos atuais destaques desses times que gastam pouco.
O goleiro Miikka Kiprusoff é seguramente uma das sensações desses playoffs,
atrás de uma jovem defesa sem qualquer estrela. Não apenas isso, ele
é forte concorrente do consagrado Martin Brodeur pelo Troféu Vezina.
Ninguém discorda de que os Flames não estariam onde estão se não fosse
ele. De reserva do San Jose a titular e paredão do Calgary, ele fez
essa transição ganhando US$ 880 mil por ano, enquanto seu atual reserva
e antigo titular do time, Roman Turek, ganha US$ 4,25 milhões, o segundo
maior salário do time.
Nos Flyers acontece algo semelhante: quem veste a camisa titular é Robert
Esche, US$ 560 mil, enquanto Sean Burke, contratado durante a temporada
para ser titular com salário de US$ 4,5 milhões, assiste aos
jogos do banco.
Embora o maior salário das finais seja de John LeClair, US$ 9 milhões,
o mais privilegiado, digamos, é Jarome Iginla. Apenas o salário dele,
US$ 7,5 milhões, representa cerca de 20% da folha de pagamento dos Flames.
Ao contrário de muitos outros jogadores bem pagos, Iginla faz por merecer.
E Martin St. Louis? Aquele que dificilmente não será escolhido como
MVP da temporada, que inexplicavelmente não está entre os finalistas
ao Selke e que ainda tem grandes chances de ser também o MVP dos playoffs?
US$ 1,5 milhão por ano. Vincent Lecavalier e Brad Richards, que completam
uma das linhas mais poderosas desses playoffs, somam US$ 5 milhões de
salários por ano. Ainda no Lightning, David Andreychuk é o capitão que
menos recebe na liga: US$ 1,55 milhão.
E os donos de times ainda querem que a NHL estabeleça um teto
salarial...
Sobre as finais: Philadelphia Flyers -- O jogo 2 entre Tampa Bay
Lightning e Philadelphia Flyers pode ter sido um ponto de ruptura no
que vinha sendo, até então, uma tranqüilíssima corrida dos Bolts nesses
playoffs. Um placar de 6-2 (e os dois gols do Lightning foram marcados
depois de levar os seis, quando os Flyers já descansavam no gelo) em
uma final de conferência, com goleiro substituído e tudo, pode minar
a confiança de um jovem time. É tudo especulação, claro, as coisas podem
também perfeitamente permanecer como estão.
Já é a segunda vez em poucos jogos que o ataque dos Flyers explode dessa
forma. No jogo 6 da série contra os Maple Leafs quem sofreu na pele
foi Ed Belfour. E os Bolts não perdiam havia oito jogos.
Para quem ainda tinha dúvidas de que os Flyers são sérios candidatos
à Copa Stanley, creio que esta tenha sido a última mensagem. Um time
que tem Ken Hitchcock no comando, gostem ou não dele, é um time tarimbado
para playoffs. Jogadores como Alexei Zhamnov e Keith Primeau que ainda
tinham, sim, algo a provar em playoffs, estão provando. Robert Esche
vem defendendo como há muito não se via na Philadelphia. E essa parece
ser finalmente a hora de Jeremy Roenick.
É um time que faz gols, defende bem e bate bastante. Tudo que um campeão
precisa.
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Marcelo
Constantino lamenta mais uma vez pelo descaso com que a ESPN
tem tratado os torcedores de hóquei no Brasil. Para reclamar,
perguntar, sugerir, verificar e sobretudo pedir por um mínimo
de respeito em plenos playoffs, mande mensagens para international.networks@espn.com |
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O MAIOR SALÁRIO Ninguém
recebe mais do que John LeClair, dentre os jogadores dos quatro
times finalistas (Ryan Remiorz/AP - 03/05/2004) |
FOLHAS DE PAGAMENTO |
Quando estamos lidando com folhas de pagamento é
sempre necessário ressalvar uma série de pontos: há contratos de
jogadores que incluem bônus, ou que incluíam luvas na assinatura;
há jogadores que foram contratados durante a temporada que tiveram
parte de seus salários pagos pelo clube de origem; há times que
acordaram pagar parte do salário do jogador negociado etc. Ainda
assim, podemos afirmar que as folhas dos times citados giram em
torno valores aqui apresentados.
A The Slot BR publicou no início da temporada um ranking
de quanto cada time gastava à época. Repare como Calgary, San
Jose e Tampa Bay figuravam, respectivamente, em 19.º, 20.º e 21.º
no ranking.
Para efeito de comparação, somente os jogadores John LeClair, Jeremy
Roenick, Tony Amonte, Alexei Zhamnov, Keith Primeau e Marc Recchi,
juntos (ou seja, duas linhas de ataque), ganham mais do que os US$
35 milhões das folhas de pagamento dos outros três times. |
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