Edição n.º 83 | Editorial | Colunas | Rankings da Slot | Notas | Fotos
 
14 de maio de 2004
Quando o dinheiro não fala alto

Por Marcelo Constantino

As finais de conferência deste ano trazem outra novidade, além da ausência de Colorado, Detroit e New Jersey: três dos quatro times estão entre os dez que menos gastam com salários na NHL. Calgary Flames, Tampa Bay Lightning e San Jose Sharks, todos com folhas de pagamento na casa dos US$ 35 milhões anuais, destoam do quarto finalista, o Philadelphia Flyers, com sua folha na faixa de US$ 70 milhões, uma das cinco maiores da liga.

O Detroit Red Wings, detentor da mais alta folha de pagamento, com gastos na casa dos US$ 80 milhões, está novamente fora. O NY Rangers, que gastava valores semelhantes até o desmonte do time, nem se lembra direito o que são playoffs. Também já se foram Dallas (US$ 70 milhões), Toronto (US$ 65 milhões), Colorado e St. Louis (US$ 60 milhões cada).

Mas as demonstrações de que o dinheiro não é tudo não se limitam os totais de folhas de pagamento dos clubes. Pode ser vista também nos salários dos atuais destaques desses times que gastam pouco.

O goleiro Miikka Kiprusoff é seguramente uma das sensações desses playoffs, atrás de uma jovem defesa sem qualquer estrela. Não apenas isso, ele é forte concorrente do consagrado Martin Brodeur pelo Troféu Vezina. Ninguém discorda de que os Flames não estariam onde estão se não fosse ele. De reserva do San Jose a titular e paredão do Calgary, ele fez essa transição ganhando US$ 880 mil por ano, enquanto seu atual reserva e antigo titular do time, Roman Turek, ganha US$ 4,25 milhões, o segundo maior salário do time.

Nos Flyers acontece algo semelhante: quem veste a camisa titular é Robert Esche, US$ 560 mil, enquanto Sean Burke, contratado durante a temporada para ser titular com salário de US$ 4,5 milhões, assiste aos jogos do banco.

Embora o maior salário das finais seja de John LeClair, US$ 9 milhões, o mais privilegiado, digamos, é Jarome Iginla. Apenas o salário dele, US$ 7,5 milhões, representa cerca de 20% da folha de pagamento dos Flames. Ao contrário de muitos outros jogadores bem pagos, Iginla faz por merecer.

E Martin St. Louis? Aquele que dificilmente não será escolhido como MVP da temporada, que inexplicavelmente não está entre os finalistas ao Selke e que ainda tem grandes chances de ser também o MVP dos playoffs? US$ 1,5 milhão por ano. Vincent Lecavalier e Brad Richards, que completam uma das linhas mais poderosas desses playoffs, somam US$ 5 milhões de salários por ano. Ainda no Lightning, David Andreychuk é o capitão que menos recebe na liga: US$ 1,55 milhão.

E os donos de times ainda querem que a NHL estabeleça um teto salarial...

Sobre as finais: Philadelphia Flyers --
O jogo 2 entre Tampa Bay Lightning e Philadelphia Flyers pode ter sido um ponto de ruptura no que vinha sendo, até então, uma tranqüilíssima corrida dos Bolts nesses playoffs. Um placar de 6-2 (e os dois gols do Lightning foram marcados depois de levar os seis, quando os Flyers já descansavam no gelo) em uma final de conferência, com goleiro substituído e tudo, pode minar a confiança de um jovem time. É tudo especulação, claro, as coisas podem também perfeitamente permanecer como estão.

Já é a segunda vez em poucos jogos que o ataque dos Flyers explode dessa forma. No jogo 6 da série contra os Maple Leafs quem sofreu na pele foi Ed Belfour. E os Bolts não perdiam havia oito jogos.

Para quem ainda tinha dúvidas de que os Flyers são sérios candidatos à Copa Stanley, creio que esta tenha sido a última mensagem. Um time que tem Ken Hitchcock no comando, gostem ou não dele, é um time tarimbado para playoffs. Jogadores como Alexei Zhamnov e Keith Primeau que ainda tinham, sim, algo a provar em playoffs, estão provando. Robert Esche vem defendendo como há muito não se via na Philadelphia. E essa parece ser finalmente a hora de Jeremy Roenick.

É um time que faz gols, defende bem e bate bastante. Tudo que um campeão precisa.

Marcelo Constantino lamenta mais uma vez pelo descaso com que a ESPN tem tratado os torcedores de hóquei no Brasil. Para reclamar, perguntar, sugerir, verificar e sobretudo pedir por um mínimo de respeito em plenos playoffs, mande mensagens para international.networks@espn.com
O MAIOR SALÁRIO Ninguém recebe mais do que John LeClair, dentre os jogadores dos quatro times finalistas (Ryan Remiorz/AP - 03/05/2004)

FOLHAS DE PAGAMENTO
Quando estamos lidando com folhas de pagamento é sempre necessário ressalvar uma série de pontos: há contratos de jogadores que incluem bônus, ou que incluíam luvas na assinatura; há jogadores que foram contratados durante a temporada que tiveram parte de seus salários pagos pelo clube de origem; há times que acordaram pagar parte do salário do jogador negociado etc. Ainda assim, podemos afirmar que as folhas dos times citados giram em torno valores aqui apresentados.

A The Slot BR publicou no início da temporada um ranking de quanto cada time gastava à época. Repare como Calgary, San Jose e Tampa Bay figuravam, respectivamente, em 19.º, 20.º e 21.º no ranking.

Para efeito de comparação, somente os jogadores John LeClair, Jeremy Roenick, Tony Amonte, Alexei Zhamnov, Keith Primeau e Marc Recchi, juntos (ou seja, duas linhas de ataque), ganham mais do que os US$ 35 milhões das folhas de pagamento dos outros três times.

 

Edição atual | Edições anteriores | Sobre The Slot BR | Contato | Envie esta matéria para um amigo
© 2002-04 The Slot BR. Todos os direitos reservados.
É permitida a republicação do conteúdo escrito, desde que citada a fonte.
Página publicada em 12 de maio de 2004.