Por
Alexandre Giesbrecht
Nesta última terça-feira, por todos os sites dedicados
a cobrir os playoffs da NHL eu encontrava a informação
de que todas as séries estavam com 2-1 para algum time. O que
não vi em lugar algum - mas que você vê aqui na Slot
BR - é que todas as séries estavam com 2-1 para o time
de melhor campanha na temporada regular. As séries podem até
trazer surpresas daqui a uma semana, mas, por enquanto, a lógica
predomina.
A única vantagem que o time de melhor campanha tem numa série
é o mando de gelo. O clichê diz que ele só é
importante no jogo 7, mas estes playoffs estão servindo para
mostrar que os dois primeiros jogos em casa também podem fazer
a diferença, afinal recuperar-se de duas derrotas seguidas não
é nunca uma tarefa fácil, mesmo para quem sabe que jogará
as duas partidas seguintes em casa.
E o terceiro jogo acaba sendo ainda mais decisivo, pois todos os times
sabem que virar um 3-0 é estatisticamente quase impossível.
Isso joga um peso ainda maior nos ombros de um time que já é
visto como zebra. Alguns times sabem lidar com essa pressão,
outros administram-na por um jogo e depois sucumbem, e outros já
sucumbem logo de cara.
Nenhum sucumbiu logo de cara neste ano, daí o festival de 2-1.
Das oito séries, cinco encerraram o jogo 2 com duas vitórias
do time mais bem classificado. Em cada uma delas, o time que estava
atrás venceu o jogo 3 em casa. Ou seja: esses times (Montreal,
New Jersey, Nashville, St. Louis e Dallas) souberam lidar com a pressão
naquele jogo. Uns mais; outros menos.
Os Devils enfiaram convincentes 4-2 nos Flyers, o que dá grandes
esperanças à torcida de que a virada é mais que
possível. Já os Stars precisaram da prorrogação
para vencer os Avs, em um jogo que perdiam até pouco mais de
cinco minutos antes do fim do tempo normal. Demonstraram raça,
mas também deixaram a torcida preocupada.
Não que isso queira dizer alguma coisa. O exemplo a seguir mostra
exatamente isso.
Os Predators foram dominados pelos Wings nas derrotas nos dois primeiros
jogos, e a tendência se repetiu no jogo 3. Só que, contando
com o brilhantismo de Tomas Vokoun no gol (que já dá calafrios
à torcida de Detroit, que ainda tem Jean-Sébastien Giguere
fresquinho na memória), o time da cidade da música country
levou a melhor.
Tudo levaria a crer que a vitória era mera obra do acaso, mas
o que aconteceu na terça-feira à noite fez soar os alarmes
em Detroit. Novo domínio dos Wings, nova vitória dos Preds,
série empatada em 2-2. Em sua primeira campanha nos playoffs,
o Nashville causa (muito) mais transtorno do que o esperado contra os
detentores do Troféu dos Presidentes.
Aliás, os Wings, sempre favoritos, costumam ter problemas na
primeira fase, e os últimos anos servem como prova cabal disso.
Em 2001, eram os favoritos contra os Kings. Ganharam as duas primeiras
partidas, em casa, mas perderam as quatro seguintes e foram eliminados
precocemente. No ano seguinte, mais um susto: perderam em casa os dois
primeiros jogos para a então zebra de Vancouver. Um frango do
goleiro Canuck Dan Cloutier é considerado o ponto da virada do
time norte-americano, que virou a série em seis jogos e acabou
levando a Copa Stanley dois meses depois. Em 2003, susto igual, com
duas derrotas em casa para os Ducks. Mas, daquela vez, não deu
para virar, e os Wings foram varridos pelos futuros vice-campeões,
marcando apenas seis gols em quatro jogos.
Seis gols em quatro jogos é exatamente o que o time de Detroit
marcou até aqui. Ao menos, também são duas vitórias
em quatro jogos, o que deixa a situação atual muito menos
desconfortável que a de um ano atrás. Os times especiais
e a atuação das estrelas (à exceção
de Robert Lang) têm decepcionado, e o time inteiro tem cometido
diversas penalidades estúpidas, mas, mesmo assim, ainda é
loucura apostar contra os Red Wings nesta série.
Os fanáticos torcedores de Montreal também contavam com
um empate na série depois dos dois jogos na cidade, mas, apesar
do esforço individual do até então apagado Alexei
Kovalev que garantiu a vitória no jogo 3, o jogo seguinte terminou
com a vitória dos Bruins na prorrogação, depois
de um erro do mesmo Kovalev custar o empate no tempo normal. Com duas
partidas em Boston, a situação dos Habs ficou complicada.
Outro time que vai ter de jogar muito para se classificar é o
St. Louis Blues. Embora as vitórias dos Sharks na série
tenham sido por dois gols ou menos de diferença (enquanto a única
vitória dos Blues foi por 4-1), eles têm apresentado aquele
"algo a mais" que lhes garantiu a vantagem por 3-1 depois
dos jogos de terça-feira, como o gol do novato Niko Dimitrakos
na prorrogação do jogo 1.
É mais do que óbvio que todo esse texto pode ir por água
abaixo depois das próximas partidas. Ora, pode já ter
ido por água abaixo com a rodada de quarta-feira à noite.
Mas é para isso que estamos aqui, não? Para dar a cara
para bater...
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Alexandre Giesbrecht,
publicitário, realizou um sonho de adolescência e conheceu
a redação de Placar nesta semana. |
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AO MENOS ESTÁ 2-2, WINGS Ninguém
esperava ver os Predators de Tomas Vokoun comemorando contra os
Wings (Mark Humphrey/AP - 13/04/2004) |
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