Por
Alexandre Giesbrecht
Há duas semanas eu escrevi sobre as brigas de foice no Leste
e no Oeste. A briga do Leste deu uma acalmada, com as chances dos Sabres
diminuindo bastante.
Já no Oeste um time saiu da briga: o Los Angeles, que perdeu
vários jogadores importantes ao longo da temporada, não
tem mais chances. Apesar das peças de reposição
adquiridas desde que o primeiro disco caiu, em outubro, o time não
conseguiu manter o mesmo ritmo do início. E os prognósticos
para a próxima temporada não são muito mais animadores,
já que ainda não se sabe sequer se Adam Deadmarsh e Jason
Allison terão condições de voltar a jogar algum
dia.
Enquanto isso, outros quatro times brigavam na terça-feira pelas
três últimas vagas. E, de um jeito ou de outro, cada time
lutava por ou contra um tabu. A vantagem era de Calgary e St. Louis.
Os Flames, com 90 pontos e três jogos pela frente, só precisavam
de um ponto, que pode ser conquistado já na quarta-feira, no
embate em casa contra os eliminados Coyotes. A campanha do time canadense
tem sido consistente ao longo do ano, confiando sempre no goleiro Miika
Kiprusoff, adquirido junto aos Sharks em novembro e que preencheu uma
posição carente do time de uma forma espetacular. Jarome
Iginla também voltou à velha forma e briga pelo Troféu
Rocket Richard, dado ao jogador com mais gols na temporada.
Vale lembrar que, no instante em que os Flames se garantirem nos playoffs,
os milionários Rangers passarão a ser o time há
mais tempo em jejum de pós-temporada. O Calgary não chega
lá desde 1996, quando foi varrido pelos Blackhawks na primeira
rodada, enquanto o time de Nova York jogou além da temporada
regular pela última vez um ano depois, quando chegou até
as finais de conferência, sendo eliminado pelos Flyers.
Classificando-se, há outro tabu a ser quebrado. Desde 1989, ano
em que ganhou seu único título, os Flames não ganham
uma série de playoffs, incluindo aí derrotas dolorosas
na prorrogação do jogo 7 em 1993-94 e 1994-95, quando
eram os favoritos.
Já os Blues, com um ponto a menos e os mesmos três jogos
restantes, vinham de quatro vitórias consecutivas e precisam
apenas de uma vitória para garantir matematicamente a vaga. O
problema é que seus adversários não vão
ser moleza. Na quinta, recebem o Detroit, que busca o Troféu
dos Presidentes e precisa de apenas um ponto para ficar com a melhor
campanha da conferência. Depois, encaram os Predators em Nashville,
adversários diretos por uma das vagas. Fechando a temporada,
no domingo, vão a St. Paul pegar o sempre encardido Minnesota.
A luta dos Blues é para manter o tabu de maior seqüência
ativa de participações na pós-temporada: desde
1978-79 o time não assiste aos playoffs pela televisão.
Para se ter uma idéia, o segundo colocado no quesito é
o Detroit, que ficou de fora pela última vez em 1989-90.
Os Predators vinham em seguida, com 87 pontos e também três
jogos por disputar. A tarefa é ligeiramente mais fácil
que a dos Blues. Os primeiros adversários são os lanternas
do Oeste, os Blackhawks, em Chicago, na quintra-feira. No sábado,
recebem o St. Louis e no domingo vão a Denver fechar a temporada
contra o Avalanche.
O tabu dos Preds não é lá tão grande, mas
uma classificação seria a primeira na ainda curta história
do time, de menos de seis anos. Na temporada passada, o dono do time,
Craig Leopold, tinha prometido devolver o dinheiro dos donos de carnês
de ingressos para jogos do time. Apesar de uma seqüência
longa de bons resultados em fevereiro, o objetivo não foi alcançado.
Não se divulgou quantos torcedores receberam seu dinheiro de
volta.
Com os mesmos 87 pontos, mas apenas dois jogos pela frente, os Oilers
entraram em modo de desespero depois de perder na terça-feira
para os Blues, em St. Louis, por 1-0. O pior é que só
sobraram pedreiras pela frente, e fora de casa. O time iria a Dallas
enfrentar os Stars na quarta e fecharão a temporada em Vancouver,
contra os Canucks. Para quem precisa de duas vitórias e ainda
torcer contra os adversários diretos pela vaga, não é
a situação ideal, mas os Oilers passam por uma excelente
fase.
O jogo em St. Louis foi o primeiro de que o time não tirou ao
menos um ponto em mais de um mês. Desde a derrota em Anaheim,
no dia 25 de fevereiro, a campanha estava em 10-0-2-4, que serviu para
ultrapassar os Kings na tabela, mas ainda não foi o suficiente
para recuperar o mau começo. Se o quadro for revertido nos dois
jogos finais e o Calgary confirmar sua classificação,
um tabu de 11 anos e um de 18 serão quebrados.
A última vez que seis times canadenses se classificaram foi em
1992-93 (Calgary, Montreal, Quebec, Toronto, Vancouver e Winnipeg, com
Edmonton e Ottawa ficando de fora). A última vez em que todos
os times canadenses foram aos playoffs foi em 1985-86 (os mesmos anteriores,
menos o Ottawa, que ainda não existia).
Tabus à parte, motivos não faltam para que cada um dos
times queira jogar mais de 82 jogos. Ainda não está nada
decidido, apesar de as chances dos Oilers serem menores. É possível
que, quando você estiver lendo este artigo, tudo já esteja
decidido. Mas, se não estiver, dê um jeito de acompanhar
a briga, porque ela está emocionante.
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Alexandre
Giesbrecht, 27 anos, aproveitou para dar os últimos
retoques no texto durante o blecaute que atingiu o Estádio
Defensores del Chaco, durante o jogo Paraguai x Brasil. |
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