Por Marcelo Constantino

O que você faria se fosse Dave Lewis, o técnico do Detroit Red Wings? Você tem nas mãos o goleiro que é tido como o melhor reserva da liga, Manny Legace, mas que tem sido simplesmente o melhor goleiro titular do melhor time da liga. Está em plena forma, é o que mais atuou pelo time durante a temporada e é o que tem os melhores números. Porém a experiência em playoffs se resume a míseros minutos.

Você tem também o goleiro contratado para ser titular, que recebe salário de titular classe A, mas que vem freqüentando com certa assiduidade a enfermaria do clube, Curtis Joseph. Já faz tempo que ele não tem uma seqüência de jogos, porém trata-se de um goleiro com larga experiência em playoffs.

E então, o que você faz se tem os dois prontos, livres de contusão, para os playoffs?

Se escolhe Legace para ser o titular e ele decepciona, logo virá uma enxurrada de críticas por não ter colocado o titular de direito (e de salário), o mais experiente, aquele que foi contratado para ser o número 1, que tem a obrigação disso.

Se escolhe Joseph e ele decepciona, vem o óbvio: "por que raios você não manteve o goleiro que estava quente, melhor, etc, etc, etc.?"

E se escolher um e deixar claro que, qualquer coisa o outro pode entrar e dar conta do recado? Ou começar com um e mudar para outro em algum momento? É o tipo da coisa que não funciona muito bem em playoffs.

Fosse Scotty Bowman o técnico era certo que Joseph seria o número um assim que tivesse condições. Mas ele não é o técnico, os playoffs são daqui a uma semana e Manny Legace merece o posto.

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Nesta temporada teremos um novo vencedor para o Troféu Norris, já que claramente Nicklas Lidstrom não fez uma temporada brilhante. Cabe a ressalva de que, ainda que não tenha sido brilhante, ele fez uma boa temporada e é o grande pilar do Detroit Red Wings. Pode sair qualquer jogador, e praticamente todos saíram alguma vez nesta temporada, mas imaginem aquele time jogar sem Lidstrom ali atrás.

Dentro do próprio Detroit, Mathieu Schneider fez uma brilhante temporada, digna de menção ao Norris. Mas pelo visto vai ser difícil tirar o troféu de Scott Niedermayer dessa vez.

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E então, Fedorov? Valeu a pena sair de Detroit e saborear uma temporada sem playoffs na NHL? Não que fosse algo previsto quando ele foi para a Califórnia e é verdade que o russo melhorou bastante sua produção ao longo da temporada, mas será que vale mais a pena ter um olho e ser rei em terra de cego ou juntar-se às outras andorinhas para alçar vôos mais altos?

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Os deuses do hóquei estão benevolentes este ano, ao menos em relação aos playoffs. Só a ausência do Minnesota Wild já nos livra de jogos enfadonhos na Conferência Oeste, onde os times classificados, de um modo geral, não praticam a armadilha da zona neutra e nem amarram o jogo. Quem assistiu ao jogo que a ESPN passou ao vivo na segunda-feira, do Wild contra os Wings, pôde ver que eles até estão deixando um forechecker na frente, mas nada que torne agradável vê-los jogar.

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O Los Angeles Kings passou quase toda a temporada entre os oito primeiros da Conferência Oeste, no que seria um grande feito para o técnico Andy Murray e um time arrasado por contusões de jogadores importantes. O time nadou, nadou e morreu sem chegar na areia. Justo na hora em que eles deveriam pelo menos manter o ritmo, começaram a perder sem parar. Time que não faz gol não vence, é óbvio, e o ataque dos Kings passou a sofrer de uma grave anemia na última semana, quando o time foi finalmente eliminado. E Murray dá adeus para o troféu Jack Adams.

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Surpresas negativas da temporada: Anaheim Mighty Ducks, St. Louis Blues, Washington Capitals

Surpresas positivas da temporada: Calgary Flames, Montreal Canadiens, Nashville Predators e o maior de todos, San Jose Sharks.

Time da semana nos Rankings da Slot, os Sharks surpreendem a cada jogo. Justo quando ninguém esperava nada deles, sequer a classificação para os playoffs, eis que surgem os tubarões e terminam no alto da Conferência Oeste, na primeira temporada de sua história com mais de 100 pontos. Pergunte a eles se têm alguma saudade de Teemu Selanne.

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Quando tudo parecia livre para os Avs conquistarem definitivamente mais um título da Divisão Noroeste (leia-se, previsão de declínio do Vancouver após evento Bertuzzi, mais o retorno de Peter Forsberg), eis que a coisa piorou. Dave Aebischer começou a ratear justo agora, na última quinzena. Pior que isso, só mesmo se o mau momento se estender até os playoffs. No momento o décimo título consecutivo de divisão está seriamente ameaçado, e pelo Vancouver. E justo na última semana. Tal qual no ano passado, quando os papéis estavam invertidos.

Essas quedas de ritmo no fim da temporada são relativamente comuns em times que já entram na temporada com os olhos nos playoffs. Ainda assim, é sempre temeroso. Em 2002 os Wings caíram feio nas últimas semanas antes dos playoffs e assim seguiram até um determinado momento da primeira fase. Precisamente até que Dan Cloutier aceitou aquele chute de Nicklas Lidstrom do meio do gelo, no jogo 3, que mudou toda a história. Mas é sempre preferível entrar quente nos playoffs, não há dúvidas.

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Aproveitando o gancho de cima, vale citar o que saiu na coluna de Ted Montgomery, do USAToday, nesta semana: pegue Paul Kariya e Teemu Selanne juntos e os dois têm menos pontos que Kris Draper na temporada (até o fechamento desta edição). Draper, jogador de características defensivas, que nunca foi de pontuar muito, e que está contundido há três semanas. A verdade é que Selanne não é mais o mesmo desde que saiu dos Ducks e Kariya já não era mais o mesmo ainda lá. A tentativa de retomar aquela magia do final da década de 90 que existia entre eles fracassou. Claro, eles podem ainda provar o contrário nos playoffs. Eu duvido.