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27 de fevereiro de 2004
44 dias de agonia podem dar esperança

Por Alexandre Giesbrecht

Acabou.

Bem, na verdade, não acabou. Só se impediu que as coisas ficassem piores. Mas, ainda assim, já é um alívio para a torcida.

Na quarta-feira, os Penguins venceram os Coyotes por 4-3, na prorrogação, e conseguiram sua primeira vitória em 44 dias. Ao longo desse mês e meio, 18 derrotas, sendo uma na prorrogação se acumularam. O time estabeleceu um novo recorde de derrotas consecutivas em casa, com 14 e contando. Nesse mesmo período, o Lightning teve 14 vitórias.

O fato de a derrota para o St. Louis ter sido na prorrogação eliminou qualquer chance de as 18 derrotas consecutivas tornarem-se o novo recorde da liga. O recorde, 17, ainda pertence aos Capitals de 1974-75 e aos Sharks de 1992-93, mas isso não serve de consolo, pois 18 derrotas são 18 derrotas. E a seqüência em casa, que não tem nenhuma derrota na prorrogação, continua ativa.

Antes do começo da temporada, eu escrevi que os Penguins não terminariam a temporada em último. O time parecia ser melhor do que isso, Mario Lemieux estava de volta, Martin Straka prometia acabar com a série de contusões e o promissor goleiro Marc-Andre Fleury estava pegando tudo lá atrás. Playoffs não pareciam ao alcance, mas 18 derrotas seguidas também pareciam algo fora de quesito.

Olhando para trás, é fácil perceber por que a nau saiu de rumo. Lemieux se contundiu logo no começo da temporada. Straka recebeu o peso de ser a única estrela e, com ele, a marcação dos demais times e acabou indo para Los Angeles. Fleury começou muito bem, sendo até eleito o novato do mês em outubro, mas o time à sua frente não contribuiu, e, como era de se esperar, suas atuações decaíram. Para piorar ainda mais a situação, ele teve de ser mandado de volta para seu time júnior, assim os Penguins poderiam economizar US$ 3 milhões em bônus facilmente atingíveis se Fleury disputasse mais de 24 jogos.

O que sobrou? Alguns jogadores jovens promissores, outros nem tanto, mais alguns veteranos em fim de carreira. Mesmo quando um jogador conseguia fazer algum milagre, não era suficiente, pois os erros abundavam em todas as partes do gelo. O técnico Ed Olczyk sofria do banco e depois assumia a responsabilidade na entrevista coletiva, geralmente sem esconder seu desgosto.

Apesar de tudo isso, a temporada dos Penguins tem alguns pontos positivos. O maior deles, sem dúvida é o atacante Ryan Malone. O novato, filho de um dos executivos e ex-jogador do time, disputa ponto a ponto a artilharia do time com o defensor Dick Tarnström e está em segundo lugar entre os novatos, com 19 gols, atrás apenas dos 22 de Trent Hunter, dos Islanders. Em pontos, está em quarto lugar, com 34.

Tudo isso, mais o fato de ele jogar em um time fraco, levam alguns a indicá-lo para o Troféu Calder, como o gerente geral dos Coyotes, Mike Barnett: "Eu sei que o goleiro do Boston [Andrew Raycroft] provavelmente vai levar, porque tem bons números, mas eu daria o Calder a Malone. O pessoal está vendo os gols que ele tem marcado e como ele os tem marcado."

Outro novato que dá à torcida esperanças de um futuro melhor é o defensor Brooks Orpik. Ele tem cometido erros, como é comum em um jovem zagueiro, mas sua presença física geralmente é notada por sismógrafos. O atacante Konstantin Koltsov também tem evoluído bastante e, apesar de ter apenas seis gols, suas 17 assistências lhe garantem o quarto lugar entre os novatos no quesito e o 11.º em pontos.

No gol as coisas parecem ser ainda melhores. Além de Fleury, que já mostrou que pode vir a ser um dos grandes da liga, Sebastien Caron mostrou bons lampejos, embora tenha sucumbido frente à fragilidade de seu time, e Andy Chiodo veio de Wilkes-Barre credenciado por boas atuações no time de baixo e conseguiu repeti-las em seus primeiros jogos em Pittsburgh.

Com a desastrosa temporada atual, são grandes as chances de os Penguins conseguirem a primeira escolha do próximo recrutamento. Com ela, recrutariam Alexander Ovechkin, o jogador que mais tem empolgado os observadores em mais de uma década. Para o site Hockey's Future, os Penguins têm o nono melhor elenco nas categorias de base, mesmo com tantos jovens jogadores no time de cima, e Ovechkin certamente faria melhorar esta posição.

2003-04 tem sido uma longa temporada para os Penguins, mas esperança para o futuro há. Pelo menos isso. 18 vezes isso, aliás.

Alexandre Giesbrecht, publicitário, tem esperança para o futuro.
 
  JOVEM PROMESSA Elogios não têm sido economizados na hora de se falar sobre Ryan Malone (Peter Diana/Pittsburgh Post-Gazette - 10/02/04)

 

 

 

 

 

 

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Página publicada em 26 de fevereiro de 2004.