Por
Alexandre Giesbrecht
Acabou.
Bem, na verdade, não acabou. Só se impediu que as coisas
ficassem piores. Mas, ainda assim, já é um alívio
para a torcida.
Na quarta-feira, os Penguins venceram os Coyotes por 4-3, na prorrogação,
e conseguiram sua primeira vitória em 44 dias. Ao longo desse
mês e meio, 18 derrotas, sendo uma na prorrogação
se acumularam. O time estabeleceu um novo recorde de derrotas consecutivas
em casa, com 14 e contando. Nesse mesmo período, o Lightning
teve 14 vitórias.
O fato de a derrota para o St. Louis ter sido na prorrogação
eliminou qualquer chance de as 18 derrotas consecutivas tornarem-se
o novo recorde da liga. O recorde, 17, ainda pertence aos Capitals de
1974-75 e aos Sharks de 1992-93, mas isso não serve de consolo,
pois 18 derrotas são 18 derrotas. E a seqüência em
casa, que não tem nenhuma derrota na prorrogação,
continua ativa.
Antes do começo da temporada, eu escrevi que os Penguins não
terminariam a temporada em último. O time parecia ser melhor
do que isso, Mario Lemieux estava de volta, Martin Straka prometia acabar
com a série de contusões e o promissor goleiro Marc-Andre
Fleury estava pegando tudo lá atrás. Playoffs não
pareciam ao alcance, mas 18 derrotas seguidas também pareciam
algo fora de quesito.
Olhando para trás, é fácil perceber por que a nau
saiu de rumo. Lemieux se contundiu logo no começo da temporada.
Straka recebeu o peso de ser a única estrela e, com ele, a marcação
dos demais times e acabou indo para Los Angeles. Fleury começou
muito bem, sendo até eleito o novato do mês em outubro,
mas o time à sua frente não contribuiu, e, como era de
se esperar, suas atuações decaíram. Para piorar
ainda mais a situação, ele teve de ser mandado de volta
para seu time júnior, assim os Penguins poderiam economizar US$
3 milhões em bônus facilmente atingíveis se Fleury
disputasse mais de 24 jogos.
O que sobrou? Alguns jogadores jovens promissores, outros nem tanto,
mais alguns veteranos em fim de carreira. Mesmo quando um jogador conseguia
fazer algum milagre, não era suficiente, pois os erros abundavam
em todas as partes do gelo. O técnico Ed Olczyk sofria do banco
e depois assumia a responsabilidade na entrevista coletiva, geralmente
sem esconder seu desgosto.
Apesar de tudo isso, a temporada dos Penguins tem alguns pontos positivos.
O maior deles, sem dúvida é o atacante Ryan Malone. O
novato, filho de um dos executivos e ex-jogador do time, disputa ponto
a ponto a artilharia do time com o defensor Dick Tarnström e está
em segundo lugar entre os novatos, com 19 gols, atrás apenas
dos 22 de Trent Hunter, dos Islanders. Em pontos, está em quarto
lugar, com 34.
Tudo isso, mais o fato de ele jogar em um time fraco, levam alguns a
indicá-lo para o Troféu Calder, como o gerente geral dos
Coyotes, Mike Barnett: "Eu sei que o goleiro do Boston [Andrew
Raycroft] provavelmente vai levar, porque tem bons números, mas
eu daria o Calder a Malone. O pessoal está vendo os gols que
ele tem marcado e como ele os tem marcado."
Outro novato que dá à torcida esperanças de um
futuro melhor é o defensor Brooks Orpik. Ele tem cometido erros,
como é comum em um jovem zagueiro, mas sua presença física
geralmente é notada por sismógrafos. O atacante Konstantin
Koltsov também tem evoluído bastante e, apesar de ter
apenas seis gols, suas 17 assistências lhe garantem o quarto lugar
entre os novatos no quesito e o 11.º em pontos.
No gol as coisas parecem ser ainda melhores. Além de Fleury,
que já mostrou que pode vir a ser um dos grandes da liga, Sebastien
Caron mostrou bons lampejos, embora tenha sucumbido frente à
fragilidade de seu time, e Andy Chiodo veio de Wilkes-Barre credenciado
por boas atuações no time de baixo e conseguiu repeti-las
em seus primeiros jogos em Pittsburgh.
Com a desastrosa temporada atual, são grandes as chances de os
Penguins conseguirem a primeira escolha do próximo recrutamento.
Com ela, recrutariam Alexander Ovechkin, o jogador que mais tem empolgado
os observadores em mais de uma década. Para o site Hockey's
Future, os Penguins têm o nono melhor elenco nas categorias
de base, mesmo com tantos jovens jogadores no time de cima, e Ovechkin
certamente faria melhorar esta posição.
2003-04 tem sido uma longa temporada para os Penguins, mas esperança
para o futuro há. Pelo menos isso. 18 vezes isso, aliás.
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JOVEM PROMESSA Elogios não
têm sido economizados na hora de se falar sobre Ryan Malone
(Peter Diana/Pittsburgh Post-Gazette - 10/02/04) |
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